A Alheira de Mirandela só pode ser produzida a partir de agora no concelho de origem, uma ambição antiga dos produtores locais que se concretiza com a atribuição de Indicação Geográfica Protegida (IGP) ao enchido tradicional.
O novo estatuto foi autorizado pela Comissão Europeia e confirmado pelo Governo português no despacho do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Gomes da Silva, publicado a 3 de Julho em Diário da República.
A partir de agora o nome Alheira de Mirandela é de uso exclusivo dos produtores do concelho, como Pedro Caldeira, que vê nesta certificação “uma mais-valia para a economia local” e o resultado de “uma luta pela defesa da região, do produto e do bom nome dos produtores”.
Desde 1996 que este enchido tem protecção de Especialidade Tradicional Garantida (ETG), mas o nome da “Alheira de Mirandela podia ser usado e o produto fabricado em qualquer parte”, como recordou aquele produtor.
A IGP limita a produção ao concelho e “vai acabar com as falsificações, em que muitas vezes o produto era apresentado ao consumidor dizendo que era de Mirandela, na realidade não sendo”, afiançou.
Pedro Caldeira é gerente de uma das maiores empresas da Alheira de Mirandela, a Topitéu, criada em 1982 pelo agrupamento de três pequenos produtores.
Este produtor faz chegar a Alheira de Mirandela a 11 países, com as exportações a representarem 20% da facturação anual de “três milhões de euros”, em que se incluem também outros enchidos e 40 postos de trabalho.
Há mais de sete anos que a Associação Comercial e Industrial de Mirandela tinha requerido a IGP agora alcançada.
A Lusa tentou contactar, sem sucesso, o presidente daquele organismo, Jorge Morais.
Já para o presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, esta certificação “é fundamental para o futuro da alheira”, um dos produtos regionais com maior peso económico no concelho, que movimenta 28 milhões de euros anualmente e emprega 550 pessoas.
Segundo o autarca, actualmente existem, em Mirandela, sete produtores certificados para a confecção da alheira, mas o novo estatuto, acredita, “pode ser o impulso para a união e para outros aderirem”.
António Branco assegurou que a IGP “é uma forma de garantir que a Alheira de Mirandela é apenas produzida no concelho e uma forma de proteger a qualidade” do enchido.
Lusa
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