Bô...!!! Com a possível tradução...

A interjeição bô! é caraterística da região de Bragança e é usada correntemente com o significado de espanto, admiração e surpresa. 
Algumas frases, reliquias da nossa linguagem própria e sua "tradução".Bô! As castanhas são folecras e estão bichotas! Não dão para fazer bilhós!...  As castanhas são pequenas e estão com bicho! Não dão para as guardar sem casca!...Bô! Onde andavas tu, que deixaste as cabras ceibarem-se no pão?  Onde andavas tu, que deixaste as cabras esgueirarem-se para o campo de trigo [ou centeio]?Bô! Estás a deixar esfurgalhar o folar pró chão!  Estás a deixar cair as migalhas do folar para o chão!Bô! Olha… Esbaragou na fraga, espanzou-se e vem agora em coximpé!  Olha... Escorregou no pedregulho, caiu desamparado e vem agora a andar apenas num pé!Bô! Este reco esfuinchou-se aqui mesmo ao pé da gente!  Este porco largou uns gases mal cheirosos aqui mesmo ao pé da gente!Bô! Ele quando for estudar para Bragança bem espabila! Fica guicho!  Ele quando for estudar para Bragança bem espevita! Fica esperto!Bô! Dei-lhe cá umas galdrochadas que o deixei a cuincar!  Dei-lhe umas batidelas com um pau que o deixei a ganir!Bô! O que tu queres é andar de landó!  O que tu queres é andar de cu tremido!Bô! Deste com um lafrau, aldrúbias e já foste langrado!  Deste com um espertalhão, intrujão e já foste enganado!Bô! Ele não passa fome, está bem cebado!  Ele não passa fome, está bem gordo!Bô! Ele quando começa a licantina… o pessoal desanda!  Ele quando começa a lenga-lenga [a retórica]... o pessoal vai-se embora!Bô! Não foste tu que o estiveste a aperriar, or não?  Não foste tu que o estiveste a insultar [publicamente], pois não?Bô! Non dá a mocha para a cornuda!  
O trabalho não dá lucro [são maiores as despesas do que a receita]. (Expressão usual na linguagem dos pastores)Bô! Não me quis dar nem um cibinho de chicha, mas atirei-me aos chorelos fritos!  Não me quis dar nem um bocadinho de carne, mas atirei-me aos carapaus fritos!Bô! Estava porrancho no rio e uma abéspera picou-o?  Estava despido no rio e uma abelha [vespa] picou-o?Bô! E ele aciroulou com ela atrás da fraga?  E ele teve relações sexuais com ela atrás do rochedo? [forma maliciosa de abordar a questão]Bô! Os caretos estavam a ahuhiar?… ai que assim se m’assustava!  Os mascarados estavam aos gritos [prolongados e estridentes]?... assim, eu bem apanhava um susto!Bô! 
O povo é muito abechoto, nem se mexe quando pisa um belouro!  O povo é muito passivo [calado, pouco lúcido], nem se mexe quando pisa um excremento humano!Bô! Este poeta pode estar com mesunhices, a contrapiar ou a atesoar ou então é um estoubado de um parachismeiro, que anda sempre na jarolda, porque isto não é um poema!...  Este poeta pode estar com jeitos amaneirados [cortesias desnecessárias], falar por enigmas [em código] ou a provocar ou então é um indivíduo sem juízo, que anda sempre na brincadeira, porque isto não é um poema!...