Depois de dez anos na autarquia de Vimioso, Jorge Fidalgo assume agora o comando do município. Desencravar o município ao nível das acessibilidades continua a ser uma luta do autarca.
O apoio social é uma das prioridades. O pagamento de propinas aos alunos de Vimioso e os incentivos à natalidade são uma marca para manter.
Jornal Nordeste (JN) - Qual é a actual situação financeira do município de Vimioso?
Jorge Fidalgo (JF) - É uma situação estável. Temos dívidas a médio e a longo prazo que têm vindo a diminuir significativamente todos os anos. Não temos vindo a contrair empréstimos e estamos a pagar a empreiteiros e fornecedores em 8 a 15 dias.
O município de Vimioso está com saúde financeira, sem qualquer tipo de dívidas. Existem as tais dívidas que foram contraídas para projectos, como o pavilhão multiusos, o campo de futebol, tudo projectos com financiamentos comunitários, para os quais não tínhamos a totalidade da comparticipação financeira. Portanto neste momento a dívida a médio e ao longo prazo da Câmara, é a chamada dívida “à banca”, relativa aos empréstimos. É já inferior aos 3 milhões de euros, o que nos deixa numa situação confortável.
JN- Vimioso continua “encravado” no distrito, porque não tem ligações às vias estruturantes. Sente que estão a ser esquecidos pelo governo?
JN- De facto é para nós muito frustrante esta situação, nós temos feito ouvir a nossa voz de descontentamento junto do Governo. É uma luta com quase duas décadas. Os concelhos de Vinhais e Vimioso estão a ser “torturados”, porque os restantes são beneficiados pelos chamados eixos estruturantes, ou seja o IC5, o IP2 e nós com este acesso à Auto-Estrada. Depois a situação do rato “cabrera”, que obviamente não entendemos o porquê dessa situação e desses problemas ambientais. Tenho o levantamento dos bombeiros de Freixo de Espada à Cinta, de Mogadouro, de Vimioso e de Miranda do Douro, em que todos os dias passam cerca de 15 ambulâncias a transportar doentes para aqui. Todos passam nesta estrada, que é uma muito sinuosa, cada vez com mais perigos, cada vez mais complicada e obviamente que este problema tem que ser resolvido. Apresentámos várias ideias à secretaria de Estado dos Transportes e Comunicações. Queremos acreditar que no próximo quadro comunitário não seremos esquecidos.
JN- Nasceram 40 bebés o ano passado em Vimioso. A política dos incentivos à natalidade é para manter?
JF- Essa foi uma ideia que iniciámos no anterior mandato. Eu fazia parte da equipa de José Rodrigues e na altura começámos por atribuir 500 euros a cada bébé, depois passámos para mil euros. Mas quero sublinhar que para além de ser um incentivo à natalidade, nós estamos perfeitamente conscientes que não era na altura por 500 euros e hoje por mil, que as pessoas iam ter mais bébés. O objectivo foi alertar, já em 2002, para o problema da baixa natalidade e do envelhecimento da população e do despovoamento desta região. Além disso, pagamos na totalidade as vacinas que não são comparticipadas pelo Serviço Nacional de Saúde.
O ano passado nasceram 40 bébés aqui em Vimioso, foi dos anos que nasceram mais, mas obviamente que é muito pouco quando morre o triplo. Não conseguimos repor a população e é um contra-senso ter um concelho que ainda no ano passado ficou entre os 11 primeiros em termos de qualidade de vida. Quer dizer com o é que temos qualidade de vida e não temos cá pessoas? Não faz sentido. Mas obviamente que esse tipo de políticas nos cabe a nós, mas o governo central também tem algo a fazer para que as pessoas se fixem aqui.
JN- A aposta social é uma das marcas do seu mandato …
JF- A aposta social tem sido uma das prioridades, não de agora mas de há já muito tempo. Devido à situação difícil que atravessamos estamos a pagar propinas a quase todos os alunos que frequentam o Ensino Superior e a alguns que estão ainda no Secundário. Temos um gabinete de Acção Social que nos reporta dificuldades dessas famílias e é isso que temos estado a fazer, porque realmente essas famílias estão a passar um momento complicado e queremos aliviá-las um pouco naquilo que nos é possível. A melhor herança que podemos deixar aos nossos filhos e aos nossos munícipes é a Educação.
Não deixamos esquecidos os mais idosos. Estamos a ajudar as Instituições Particulares de Solidariedade Social e tentamos colaborar com elas, seja em actividades que fazemos em paralelo. Para além disso, dos sete lares existentes aqui no concelho, estão isentos do pagamento da água, dos resíduos e do saneamento, o que representa menos 3 mil euros mensais para o município.
Além disso, em colaboração com o Centro Sociocultural de Vimioso e todas as Juntas de Freguesia temos cursos que funcionam ao final da tarde em todas as aldeias, de Informática de Ginástica.
Destaque
“(…) Todos os dias passam cerca de 15 ambulâncias a transportar doentes para aqui. Todos passam nesta estrada, que é uma muito sinuosa, cada vez com mais perigos, cada vez mais complicada e obviamente que este problema tem que ser resolvido”.
Joana Gonçalves
in:jornalnordeste.com
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