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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Notícias da aldeia

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Hoje levantei-me cedo para sentir o orvalho e a relva molhada. As folhas das couves tinham pérolas, gotas de água que brilhavam aos primeiros raios de sol que se levantava preguiçoso lá para os lados do Cabeço. Os pássaros já tinham acordado há muito tempo e regalavam-se depenicando as alfaces novas.
- Vá lá pássaros madrugadores já chega… o pequeno-almoço está a ser demorado! É de boa vizinhança deixarem também algumas alfaces para mim!
Eles compreenderam e em bando voaram para cima da oliveira, embora alguns, mal dispostos que pensam que só tem direitos e não tem deveres, tenham refilado por lhe ter interrompido o repasto tão fresco.
Estávamos nesta pequena contenda quando vejo o caracol, meio envergonhado, pois também ele, já fora da casa, estava a refastelar-se comendo os rebentos mais frescos das couves novas.
- Não fiques envergonhado, caracol, há tanto tempo que não te via fora da tua casa que é bom ver-te todo esticado … ao sol… fora de casa exibindo as tuas longas antenas que talvez sirvam para comunicar com os outros caracóis espalhados pelo mundo!
Mas o caracol ficou envergonhado e discretamente recolheu-se em casa… fazendo-se de morto! E eu pensei, os pássaros são tantos e comem muito e ainda reclamam em cima da oliveira. O caracol… sozinho… ficou envergonhado e recolheu-se na sua casa sem dizer nada.
Pois é assim… os ricos comem tudo e querem comer cada vez mais, enquanto os pobres envergonhados da sua miséria se escondem em casa… e não dizem nada!
...e assim vai o mundo!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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