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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

CASTELO DE FREIXO DE ESPADA À CINTA

Vista do Castelo de Freixo de Espada à Cinta, Portugal. Gravura, Duarte de Armas, "Livro das Fortalezas", c. 1509, prancha 77. Na outra margem do rio, o castelo castelhano de "Vilibestre".

O "Castelo de Freixo de Espada à Cinta" localiza-se na freguesia e concelho de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, em Portugal.

É uma das mais antigas fortificações transmontanas, estando documentado desde praticamente o século XII e antecedendo, desse modo, o fenómeno de vilas novas estabelecidas por D. Afonso III e D. Dinis.


História


Antecedentes


A origem da povoação bem como o seu topónimo são muito antigos, mergulhando no terreno da lenda. De acordo com o erudito quinhentista João de Barros (homónimo do cronista), na sua "Geografia de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes", a fundação é atribuída a um fidalgo espanhol, de apelido Feijão, que teria vivido no século X, e em cujas armas constaria um freixo e uma espada. Uma tradição local atribui o topónimo a um guerreiro Visigodo de apelido Espadacinta, que ali se deitou à sombra de um freixo para descansar.


Uma versão ligeiramente diferente é contada por Ivo Xavier Fernandes:


"Um cavaleiro cristão (...), perseguido por um grupo de aventureiros, viu-se em perigo de morte. Então, conseguiu esconder-se entre os ramos de um freixo, aos ramos do qual pendurou a própria espada. Assim se salvou, porque os inimigos vendo um freixo com uma espada, encheram-se de pavor e fugiram. E aí mesmo se lançaram os fundamentos da povoação, a que o seu fundador deu o nome de Espada de Freixo à Cinta." (“Topónimos e Gentílicos”, vol. 2., Porto: Editora Educação Nacional, 1943.)


O castelo medieval


A povoação existia nos primeiros tempos da nacionalidade, marcando a fronteira a oeste do rio Douro. Por essa razão, visando fomentar o seu povoamento e defesa, Afonso I de Portugal (1143-1185), referindo-a como “Fresno”, outorgou-lhe foral desde 1152 (ou 1155-1157), transformando-a em couto de homiziados. Acredita-se que a construção da fortificação tenha ocorrido a partir de então, embora só exista referência documental à mesma um século mais tarde, em 1258. Esse primitivo reduto eventualmente seria complementado por uma cerca envolvendo a povoação.


No reinado de Afonso II de Portugal (1211-1223) foi conquistada pelas forças de Afonso IX de Leão que a mantiveram nos anos de 1212 e 1213.


Em momento anterior a 1236 Sancho II de Portugal (1223-1248) doou Alva ao Concelho de Freixo como sua aldeia, mandando expulsar daquele lugar os habitantes que aí moravam após a ocupação leonesa. Ainda sob o mesmo reinado, na regência de Afonso, conde de Bolonha (futuro Afonso III de Portugal), o foral da povoação foi confirmado como couto de homiziados (1246).


Sob Afonso III de Portugal (1248-1279), as Inquirições de 1258 referem que D. Sancho II havia doado a povoação de Alva por termo à vila de Freixo e que a Igreja de São Miguel dava duas partes da renda para o Concelho para as obras do castelo; o mesmo soberano concedia-lhe também o lugar fortificado de Urrós, que estava ermo, por temer que pudesse ser ocupado pelo reino vizinho. D. Afonso III confirmou o foral de Freixo em 1273.


No século XIV, o cronista Rui de Pina informa que Dinis I de Portugal (1279-1325) "povoou de novo e fez" o castelo de Freixo. (“Crónica de D. Dinis”)


Os habitantes de Freixo solicitam a Afonso IV de Portugal (1325-1357) a aplicação da "terça" da Igreja Matriz às obras de conclusão do castelo (1342).


Mais tarde, Fernando I de Portugal (1367-1383), em carta, referiu a construção de "hum apartamento da alcaçere" que o rei mandara fazer em Freixo (1376). Em uma outra carta determinou que as aldeias de Urrós e de Maçores deixassem de prestar a adua para reparação das fortificações da vila do Freixo e passassem a servir nas obras da vila de Torre de Moncorvo. Ainda em seu reinado, em 1381 teve lugar a doação da vila a Fernão Afonso, senhor de Valença.


No contexto da Crise de Sucessão de 1383-1385 foram empreendidas obras de beneficiação no castelo (1383). Pelo apoio então dado pela vila a João I de Portugal (1385-1433) este, quando em 1406 limitou o privilégio de couto e homízio (exceto para os crimes de aleive e traição) a apenas três vilas no reino, uma delas foi esta, de Freixo.


Durante o século XV, são registadas obras no castelo entre 1412 e 1423, e entre 1435 e 1459, eventualmente visando adaptar o castelo à função de Paço para a habitação dos seus alcaides.


No reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521) a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (“Livro das Fortalezas”, c. 1509), destacando-se o castelo cercado pela barbacã, e a cerca da vila reforçada por diversas torres, de planta hexagonal e pentagonal, dispostas a intervalos regulares, a maioria ostentando balcões de matacães. Este soberano concedeu o Foral Novo à vila em 1512. No ano seguinte (1513) realizavam-se obras no castelo, nelas estando a trabalhar o mestre de pedraria biscaínho Pêro Lopes.


Sob João III de Portugal (1521-1557), de acordo com o “Numeramento” (1527- 1532), a vila possuia um "bõo castello, forte, cerqado, omde nam uyve mais que o alcayde" e tinha 447 fogos.


Em 1569 o mestre António Fernandes executou obras no castelo por ordem de Sebastião I de Portugal (1557-1578).


A construção do campanário sobre a Torre do Galo terá ocorrido entre os séculos XVII e XVIII. Em meados do século XVIII, em 1758 a guarnição da praça-forte compunha-se de um tenente e doze homens. Ao final do século, em 1800, o castelo encontrava-se em bom estado.


Do século XIX aos nossos dias


Embora sejam escassas as notícias sobre o castelo, ele esteve em atividade até à terceira década do século XIX quando, perdida a sua função militar, o seu recinto foi utilizado como cemitério municipal com a demolição de alguns troços da muralha. O primeiro enterramento foi realizado em 8 de julho de 1836.


Encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto de 16 de junho de 1910, publicado no Diário do Governo nº 136, de 23 de junho de 1910.


Encontra-se classificado como ZEP por Portaria publicada no Diário do Governo, II Série, nº 19, em 23 de janeiro de 1953.


Trabalhos de intervenção e restauro, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) tiveram lugar entre 1940 e 1942.


Uma nova campanha tem lugar na década de 1970, em duas etapas:


- 1970-1973 - demolição de 13 edifícios para desafogo da torre, arranjo do acesso e arruamentos, ajardinamento e valorização da envolvente; neste período foi formulada uma proposta para a remoção do cemitério do interior do recinto muralhado (1972).


- 1973 e 1978 - demolição de 4 edifícios para regularização do terreno e arranjo da zona de acesso.


Uma nova campanha de conservação teve lugar de 1980 a 1987. A torre encontrava-se em avançado estado de degradação e foi alvo de um estudo por parte do "Grupo da Pedra" e análises laboratoriais realizadas pelo INIC (1983).


Em 2000 foi formulado um plano de intervenção na envolvente, com recursos do FEDER.


Características


Castelo urbano, em estilo gótico, com semelhanças com a dos de Alva, Mós e Urrós. Implanta-se na cota de 466 metros acima do nível do mar, constituído por castelejo de planta ovalada e barbacã, de que só restam alguns trechos e uma torre heptagonal coroada por matacães e rematada por merlões biselados, outrora integrada no circuito muralhado do castelejo. O seu primitivo espaço intra-muros é ocupado pelo cemitério, reaproveitando as fundações da muralha dionisina, arruinada.


Destaca-se a torre, em plano elevado, integrada no centro histórico, erguendo-se a norte da Igreja Matriz, e um pouco mais distanciada, a oeste, a Igreja da Misericórdia. Alguns autores sustentam (indevidamente) ter sido esta a torre de menagem atribuindo-a uns ao reinado de D. Dinis, outros ao de D. Fernando. Os moradores denominam-na simplesmente como Torre do Galo ou Torre do Relógio. De planta heptagonal, em "opus vittatum", ergue-se a cerca de 25 metros de altura, com faces de diferentes larguras, variando entre os 5 e os 8 metros. É acedida por uma porta em arco quebrado na face nordeste, em plano elevado, descentrada, a que se acede por escada de dois lanços opostos. O seu interior é dividido em três pavimentos, com abóbadas em arcaria, acedidos por escada, formando caracol no cunhal nordeste, iluminados por pequenas frestas nos muros.


No alto, destaca-se um balcão corrido sustentado por cachorrada e chão perfurado (“machicoulis”). O conjunto culmina com uma torre sineira quadrangular, com cobertura em forma de agulha, tendo nos cunhais pequenas pirâmides boleadas.


in:fortalezas.org

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