Há 25 anos a trabalhar no Arquivo Distrital de Bragança, Élia Mofreita conhece como ninguém os documentos que fazem parte desta instituição. A desempenhar funções de directora desde Julho do ano passado, a técnica de arquivo admite que eram necessários mais funcionários qualificados na área.
Em entrevista ao Jornal NORDESTE, Élia Mofreita fala ainda dos constrangimentos causados pela falta de aquecimento no edifício, da importância da disponibilização de documentos em suporte digital e ainda da preparação do centenário do Arquivo Distrital de Bragança, que se comemora n próximo ano.
Jornal Nordeste (JN)- Há 25 anos nesta instituição, há menos de um ano na qualidade de directora, que balanço faz da evolução da instituição ao longo destes anos?
Élia Mofreita (EM) - Sem dúvida que a evolução tem sido grande e muito positiva. Vim trabalhar para esta instituição nos tempos livres, quando acabei o meu 12º ano. Não tínhamos instalações dignas. Era simplesmente uma garagem sem as mínimas condições, com muita documentação no chão, por higienizar, por tratar... Claro que houve uma grande evolução. Estamos no convento de S. Francisco desde 1999, temos quatro quilómetros de documentação, toda ela inventariada. Penso que temos feito um bom trabalho. Desde 2012 que disponibilizamos documentos online, principalmente registos paroquiais que é, de facto, a documentação mais consultada quer por genealogistas, quer por pessoas que imigraram e querem provar que têm origem europeia para vir para a Europa, principalmente do Brasil. Nota-se perfeitamente que as pessoas já têm a ideia do que é um arquivo. Sabem que a documentação está aqui tratada, organizada, descrita e de acesso rápido.
JN-O arquivo distrital tem o número de funcionários suficientes para garantir as condições necessárias ao bom funcionamento da instituição?
EM- Somos sete colaboradores. Se fossem pessoas com formação em arquivo, seria o suficiente mas, neste momento, eu sou a única profissional de arquivo. Temos um assistente técnico, que tem responsabilidades administrativas. Os restante cinco assistentes operacionais são pessoas a quem dei formação em Julho, na área de digitalização e de informática, deslocando-as para trabalho técnico. Com dedicação e devido aos anos que estão aqui, vão fazendo alguns trabalhos mas, de facto, a escolaridade deles também não lhes permite mais. Precisávamos de um técnico superior e um técnico profissional na área de arquivo, e aí sim iríamos preencher determinadas lacunas que temos.
JN-Que projectos e actividades está a preparar o arquivo?
EM-Temos muitos projectos. O principal é continuar a divulgar, promover e valorizar o património arquivístico do distrito, em consonância com a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), sendo prioritário continuar a disponibilizar os documentos online. Esse é um grande projecto e temos que lhe dar continuação. Temos também outros projectos. Por exemplo, vamos fazer uma exposição documental e fotográfica no âmbito das comemorações da I Guerra Mundial, com documentação nossa e imagens cedidas pela Câmara Municipal de Torre de Moncorvo. Em colaboração com o Museu Abade Baçal, vamos comemorar o centenário do museu, este ano, o centenário do Arquivo no próximo ano e ainda os 150 anos do Abade de Baçal. Vamos também estabelecer um protocolo com a diocese Bragança-Miranda, de forma a colaborar na disponibilização das imagens dos registos paroquiais que se encontram no Paço Episcopal.
in:jornalnordeste.com
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