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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Eles piscam, piscam… O que são?

Cartoon Pirilampos creditos Daniel Ribeiro e Sara Martins
A Primavera vai gradualmente dando lugar ao Verão, os dias são mais longos e a temperatura convida a um passeio pelo campo. Um passeio longe de casas e de luzes, evitando terrenos cultivados com zelo, pesticidas e outros que tais. 

Um passeio por matas de erva húmida povoada de caracóis e... Sem aviso, de repente, parece que o céu cintilante cai aos nossos pés. Serão estrelas? Serão faróis? Serão indícios de uma festa psicadélica no meio do nada? Não! São pirilampos, de seu nome científico “Lampyris” que é quase como quem diz lanterna em latim. Mas os pirilampos também são conhecidos por muitos outros nomes: luzecus, lumieiros, vaga-lumes e outras palavras terminadas em lume como “defeca”-lume, mas dito de modo mais prosaico.

Vamos conhecê-los melhor? Como qualquer insecto, o pirilampo adulto possui o corpo segmentado em cabeça, tórax e abdómen, tem 3 pares de patas e um par de antenas. Adicionalmente, tal como as joaninhas, os escaravelhos, os besouros e os gorgulhos com quem partilham a ordem “Coleoptera” (são coleópteros portanto) ostentam dois pares de asas. Um par exterior, rígido, de protecção, e outro interior muito mais frágil que lhes permite efectivamente voar. Os pirilampos possuem ainda um par de olhos bem grandes. As fêmeas são geralmente maiores do que os machos, e quer uns quer outros chamam pouco a atenção com o seu corpo preto ou castanho escuro (os anéis posteriores do abdómen são ligeiramente esverdeados) até que “resolvem” começar a piscar.

Aí sim! É a bioluminescência no seu esplendor, ou seja, a emissão de luz visível os nossos olhos, por parte de um organismo vivo. Esta característica deve-se a um processo biológico complexo em que participam: uma substância chamada luciferina, uma proteína denominada luciferase e o oxigénio. Depois, por “artes mágicas” que a química explica, resulta energia sob a forma de luz (90%) e calor (10%). A luz dos pirilampos é pois uma luz fria, altamente eficiente, que atira para um canto qualquer lâmpada de incandescência (nesta só 10% da energia emitida é luz) ou mesmo de halogéneo (cerca de 50% mais eficientes do que as anteriores).

Mas por que é que os pirilampos se dão a este nível de ostentação e exibicionismo? Fazem-no por várias razões que vão desde a defesa em relação a predadores a, e sobretudo, comportamentos associados a rituais de acasalamento. Piscam as fêmeas com um padrão próprio da sua espécie para atrair os machos correctos. Piscam os machos como mensagem de aproximação “já estou a ir”. Como após o acasalamento as fêmeas deixam de piscar, aparentemente as que mais piscam são aquelas para quem a noite “não está a correr bem”.

Os pirilampos estão a desaparecer devido à poluição luminosa que baralha os indivíduos dificultando a sua comunicação/reprodução, e também à poluição química que mata as presas de que eles se alimentam. Esta última é, aliás, uma particularidade que os torna bioindicadores. Ou seja, a sua presença num dado habitat (ambiente) dá-nos informação sobre o estado desse mesmo habitat, nomeadamente no que respeita à sua qualidade quanto aos níveis de poluição química. Mas não são só os motivos anteriores que ameaçam os pirilampos. A aura mágica que os envolve torna-os ímanes de mãos curiosas e pouco cuidadosas (ou mesmo maldosas) que os fecham em frascos para gozo próprio e assim os mandam “desta para melhor”.

Podemos passear pelo campo. Podemos ver os pirilampos. Podemos tentar perceber os seus padrões de cintilação. Mas que o nosso nível de interferência termine aí! Em 2015, Ano Internacional da Luz decretado pela Organização das Nações Unidas, vamos dar luz a esta ideia e deixar os pirilampos brilhar. Ups! Piscar.

Alexandra Nobre (Bióloga – Comunicadora de Ciência) © 2015 – 
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva Nota: Este texto não foi escrito ao abrigo do acordo ortográfico de 1990.

in:noticiasdonordeste.pt

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