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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Tições e Fuligem

António Cangueiro
Ressonam como campanas alicerceadas na memória. Castanholas, registo de frisgos, emaranhados de teares. Aranheiras em treatro capeados com trabes e telhas. O bento sopra e entrisga-se em frinchas de memórias soltas no reluzir de tições e fuligem. Lares çpinduradas adonde o gancho segura caldeira que gorgulha água a cozer batatas para os porcos.
Eslúbia, tagarela sem parar. Anos a fio a matraquear teus tímpanos…que fazer? Somente escutar e sentires que estás bem de consciência. Não consegues alterar o caminho já caminhado. Olhar em frente, estribando-te em existência de tuas entranhas. Olhas-te, menino, feliz na pobreza: gargalhadas, contos e tanta paciência. Mais uma vez…a das Três Maçazinhas de Ouro, bá lá. Essa é muito grande…Era uma beç…estriba-se o nosso equilíbrio em trabes fundas dos princípios.
Que Cavalos São Aqueles que Fazem Sombra no Mar? (António Lobo Antunes), os monólogos começam longos e lamuriados, mais uma beç: tenho pena de não ter ido com ele…não há vagas…não morreu ninguém, mas é doloroso, dias e dias sem ber bibalma. A Filomena lá bai ter com os filhos, agora eu não tenho ninguém. A minha bida bem contada…mas que cruz a minha…se boa mulher era solteira…não merecia certas respostas. Mas sozinha aqui…ai jasus, ai jasus, ai, ai, é muito triste. Nada pior que o estar isolado. Bou-me até ao cemitério…(silêncio)
Ela foi operada à bista, agora o que quer? Ela deve ter muito dinheiro. Ai jasus, ai meu deus, ai se eu não fizesse por andar já estava tolhidica de todo. Ontem subi as escaleiras de gatas. Minha mãe morreu-se de artrite reumática. Já o doutor me diç…e a coluna…ai jasus, mas faço por andar…não bale a pena estar atida a ninguém. Até os mais nobos se queixam…andar de bolta dos potes…mas afinal o que quer?______A Filomena ganha uns cem contos…mas as reformas daqui são de trezentos ouros….agora até pónem brincos no nariç, parece que algumas até os poném na crica…hahahaha!!!, bou deitar-me cedo, tenho lá a telebisão, bou bendo, onte entreti-me a çfazer uma renda…parece-me que está a fazer bento…não te bai o bento para a careca?...achega-te práqui…
Coitando de quem é belho..aiai…aiai. Isto é uma bida….

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