O “Marcador do Tempo” de Miranda do Douro regressou à antiga Sé desta cidade, 13 anos depois de ter sido levado pela Direcção Regional de Cultura para restauro. O mecanismo de relojoaria foi agora devolvido mas continua sem funcionar, como explica o presidente do Município de Miranda do Douro, Artur Nunes.
“Há 13 anos o marcador do tempo saiu para ser arranjado em Lisboa, não estava a funcionar e regressou mas regressou na mesma. Não há especialistas capazes de o porem em funcionamento”, salienta.
O autarca considera que ainda assim “é uma peça única em termos nacionais, todas as pessoas podem ver e é mais um incentivo para visitar Miranda do Douro e a Sé Catedral”.
A peça data da primeira metade do século XVIII e, de acordo com a Direcção Regional de Cultura é o exemplar mais autêntico e conservado do país.
O director regional de Cultura do Norte, António Ponte, esclarece que não acompanhou todo o processo, uma vez que só está na Direcção Regional de Cultura do Norte há 3 anos, mas aquilo que lhe foi transmitido é que a demora no processo de restauro se deveu às características da peça.
“Tanto quanto me foi dado a conhecer havia a necessidade de interpretar o funcionamento da peça e perceber de que forma o processo de restauro poderia ser feito por forma a conseguir ter a peça o mais fiel possível semelhante à data da sua construção. Estas peças integram o património histórico das localidades e por vezes têm características técnicas muito difíceis de interpretar”, esclarece.
António Ponte explica que, além do trabalho técnico de restauro, houve uma necessidade perceber o funcionamento da peça e que isso pode continuar a acontecer agora que já está instalada na Torre do relógio da Sé de Miranda do Douro.
“Havia a necessidade de perceber o funcionamento da peça e de perceber de que forma ela podia ser restaurada e pô-la com uma capacidade de acção que nos interessa de alguma forma restaurar. Devido às suas características mecânicas, só depois de estarem nos respectivos locais instaladas podem ter as afinações finais e pressuponho que seja essa a situação”, salienta o director regional.
Acredita-se que esta peça possa ter origem espanhola e que tenha sido encomendada no período joanino. O restauro e remontagem das peças do marcador do tempo foram executados pela Casa Cousinha, uma das mais reputadas e conhecedoras executantes deste tipo de relojoaria a nível europeu
A valorização da visita pública ao monumento está enquadrada no projecto “Rota das Catedrais”, encetado pela Direcção Regional de Cultura do Norte ao abrigo de programas de co-financiamento comunitário.
O marcador do tempo pode ser visitado na Concatedral de Miranda do Douro desde o final do mês passado.
Contactado pela a Briagntia, o ex-presidente do Município de Miranda do Douro Manuel Rodrigo, explicou que, na altura em que o marcador do tempo foi levado para restauro, "houve também um relógio mecânico do princípio do século XX que foi para restauro". De acordo com o ex-autarca, o relógio "tinha sido arranjado por um funcionário da autarquia".Mesmo assim, a peça viria a ser levada para restauro, pelo antigo IPAR, tendo sido os trabalhos adjudicados também à Casa Cousinha, em 2003, "tendo os trabalhos de restauro das duas peças ficado orçados em 40 mil euros".
De acordo com a Direcção Regional de Cultura do Norte, o relógio também já foi devolvido à Sé de Miranda. Ao que conseguimos apurar, a Sé tem ainda um relógio automático, já que o antigo relógio restaurado necessita de manutenção regular e funciona a corda, sendo mais dificil de assegurar o seu funcionamento.
Escrito por Brigantia
Sara Geraldes
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