Na recente passagem por Trás-os-Montes, os deputados do Bloco de Esquerda defenderam o investimento na ferrovia como sendo “estruturante para o país”, e aproveitaram para lembrar que, até ao final do ano, o Governo tem que apresentar um novo plano nacional ferroviário.
Filipe Esperança, coordenador do Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT), mostra-se confiante numa possível mudança. Mas lembra que a vontade de investir tem que partir não só do Governo, como também dos autarcas locais.
“Nós acreditamos que pode acontecer. Queremos acreditar, acima de tudo, que os autarcas e o Governo estão a olhar de uma forma diferente para o transporte ferroviário.
Se olharmos para a tendência europeia, atualmente em países como França, Alemanha ou Espanha, já aqui ao lado, estão completamente à nossa frente, investem imenso na ferrovia. Têm cidades com menos densidade população do que algumas das nossas, mas que são servidas pela ferrovia.
Queremos ver esse plano em funcionamento, queremos que ele seja implementado. Acreditamos nele. Mas, deixamos a mensagem que não pode só partir do Governo e das forças políticas, e também dos autarcas. Ou seja, quem está no terreno, quem está à frente das cidades, tem que ter a mentalidade aberta para aceitar o caminho-de-ferro e permitir o seu regresso”, refere o representante do Movimento.
Alguma incerteza quanto ao que vai ser a mobilidade no Vale do Tua continua a preocupar o Movimento Cívico pela Linha do Tua. A recente desclassificação do troço é, acrescenta Filipe Esperança, um “afastar de responsabilidades” por parte do Governo.
“Honestamente, estamos inseguros nestas questões que estão a rondar o Plano de Mobilidade do Vale do Tua. Primeiro, porque a Linha do Tua foi recentemente desclassificada. Assumimos essa decisão como errada, pouco premeditada e injusta para com a região.
Já vimos desclassificar corredores ferroviários por não terem passageiros, condições ou serviços. Mas nunca vimos desclassificar uma linha pública nacional, que até vai voltar a ter serviço ferroviário, público e turístico. É neste enquadramento que está atualmente a Linha do Tua. E não conseguimos entender esta desclassificação imposta pelo Governo. Trata-se de um afastar de responsabilidades. Neste momento, está tudo em aberto, mas estamos um pouco apreensivos”, reconhece.
Filipe Esperança, que frisa o carácter apartidário do MCLT, congratula-se com o facto de o BE ter mostrado interesse por esta matéria, numa fase em que o “esquecimento político para com as acessibilidades permanece”.
Fará, no final deste mês de Novembro, um ano que o Partido Ecologista os Verdes conseguiu aprovar, por maioria de esquerda, a proposta para a criação de um plano nacional ferroviário. Uma medida que tinha anteriormente sido chumbada no Governo de Pedro Passos Coelho.
Escrito por Rádio Onda Livre (CIR)
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