O secretário de Estado da Saúde admite que é necessário implementar novas medidas para fixar médicos no interior do país.
Num debate sobre a saúde no interior em Macedo de Cavaleiro promovido pela candidatura do socialista Benjamim Rodrigues ao município, Manuel Delgado foi confrontado com a falta de médicos na Unidade Local de Saúde do Nordeste, a idade avançada dos clínicos e a falta de eficácia do incentivo à contratação de médicos nas zonas de baixa densidade, que implicava entre outras medidas a majoração de 40% do salário de médicos, e que no distrito de Bragança resultou na contratação de apenas 6 médicos.
O governante admitiu que se as medidas tomadas nesta matéria não forem suficientes para suprir as necessidades nestas regiões, pode ser necessário tomar medidas mais “musculadas” para fixar médicos no interior.
“Nós temos que criar medidas que têm que ser proporcionais à necessidade que temos. Se eu formo médicos e eles não querem vir para cá eu tenho que arranjar mecanismos de atracção para que eles se consolidem aqui. O governo definiu uma regra que era para as regiões de baixa densidade, regiões desertificadas, promover a colocação destes médicos, com remunerações adicionais de 40%. Se isso não chegar temos que arranjar outra medidas, algumas delas mais “musculadas” criando mesmo princípios de obrigatoriedade para o desempenho de funções no Sistema Nacional de Saúde (SNS) nas zonas onde os meios necessários.”
Outra das questões levantadas no debate foi o financiamento da Unidade Local de Saúde do Nordeste. O secretário de estado admitiu a necessidade de reequilíbrio e equidade financeira no território nacional, mas admite que não será tarefa fácil.
“Nós estamos a pensar alterar o financiamento gradualmente. O problema do financiamento dos hospitais e dos serviços é sempre uma pescadinha de rabo na boca, na medida em que quando queremos dotar um hospital ou uma unidade local de mais dinheiro, nós temos de o tirar de outro sítio porque o dinheiro não se multiplica. O dinheiro é o mesmo, a questão é fazer uma distribuição melhor mas ao introduzirmos princípios de reequilíbrio e equidade financeira no território nacional, nós vamos por em cheque alguns hospitais que estão a gastar de mais”, explica.
O modelo de financiamento por capitação será revisto garante Manuel Delgado, no entanto isso não será feito de imediato. Benjamim Rodrigues o candidato do PS à câmara de Macedo que é médico ortopedista explicou que o debate serviu para reflectir sobre a discriminação de que o interior ainda é alvo na saúde.
“A intenção foi mesmo fazer chegar à população uma mensagem de que estamos no interior e não somos tratados de forma igual, há discriminação. Reforçámos ali muitos conceitos que são importantes, como o financiamento dos hospitais e a modernização. O Dr. Carlos Vaz falou que 80% do equipamento está na recta final. Urge haver financiamento, nos próximos 4 a 6 anos uma nova fornada de novos médicos vai sair, só que nos esquecemos de um pormenor, não são abertas vagas para fixar esses médicos no interior. Criaram-se algumas condições mas não são suficientes, eu penso que se deve começar por fazer uma formação de base, não abrir concursos quando eles já estão diferenciados. Portanto, nós temos que fazer a formação inicial de base aqui para criar raízes”, argumentou.
Benjamim Rodrigues voltou a insistir na proposta da criação em Macedo de Cavaleiros de um novo hospital central com a especialidade de trauma.
No debate público “A Saúde no Interior, Especificidades, Dificuldades e Oportunidades”, participaram ainda o presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste, Carlos Vaz e a autarca de Alfândega da Fé, também médica, Berta Nunes.
Escrito por Brigantia
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