(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Recentemente, devido à onda de calor, que se faz sentir em: “ Espírito Santo” (Brasil,) os advogados foram autorizados a comparecerem, em audiências, sem gravata e casaco (paletó).
É mais confortável, para o jurista, embora – penso eu, – haja refrigeração nas salas; mas, receio que perca um pouco do prestígio que tem.
Aliás, idêntica medida, já fora adotada no Rio, e poucos advogados se apresentaram em trajo desportivo.
É que o hábito não faz o monge, mas auxilia; e de que maneira…
Havia, décadas atrás, no conventinho dos Irmãos franciscanos, na Rua dos Bragas, no Porto, humilde religioso, de pouca instrução, mas, por muito ter vivido e visto, tinha pareceres muito acertados.
Era Frei Martinho, encarregado de atender os visitantes, e de outras tarefas simples, mas necessárias.
Certa tarde, estando a conversar numa acolhedora salinhas do parlatório, com ele, enquanto não vinha o sacerdote, que ia visitar, este, referindo-se a determinadas condutas, menos dignas, de padres, saiu-se com esta:
- “ Dizem que o hábito não faz o monge… mas faz! …”
E logo acrescentou: - “ Quando saímos de hábito, de cabeção, ou à paisana, mas com cruz bem visível, na lapela, do fato escuro, todos sabem que vai ali um sacerdote. Então, este, tem que se comportar como tal.”
E continuou:
- “ Se vamos à rua “ disfarçado” sentimos a tentação de entrar em lugares, que um religioso não devia…”
Concordei e concordo, com o que disse. Frei Bartolomeu dos Mártires, que nunca saia do convento, sozinho, levava sempre companhia. Não que tivesse receio de andar só, mas, para se livrar de atitudes impróprias de homem de Deus.
A toga, não faz o magistrado. A beca, não dá mais sabedoria, mas impõe respeito.
O general, desprovido da sua farda, é um homem comum. Metade da autoridade, do respeito, encontra-se no facto de aparecer, em público, fardado, de: dragonas, alamares e medalhas…
Quem pensa que o vestuário não influi no modo como se é recebido, pela sociedade, experimente aparecer, na repartição pública, de: havaianas, calças de ganga e camisa de casimira aberta, e verá como é recebido.
Mas se for bem trajado… até lhe chamam de “doutor “… ou de Vossa Excelência…
O trajo faz o monge…
Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".
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