Associações ambientalistas ibéricas promovem neste fim de semana uma viagem de comboio contra a instalação de uma mina de urânio em Retortillo, junto à fronteira portuguesa, indicou hoje à Lusa fonte ligada à iniciativa.
Este protesto é organizado conjuntamente pela Plataforma Stop Urânio, sediada em Salamanca (Espanha), e pelas associações portuguesas QUERCUS e AZU (Associação Ambiente em Zonas Uraníferas).
"A marcha ibérica vai acontecer ao longo da linha de comboio que percorre o Vale do Douro, desde o Pocinho até ao Porto, e com paragem na Régua", avançou a fonte.
Segundo os promotores da marcha ibérica, a iniciativa acontece numa altura em que se assinalam 20 anos do desastre de Aznalcóllar (Espanha), provocado por " uma bolsa mineira que contaminou as águas de uma rio e solos.
"É importante recordar que o desenvolvimento de projetos de mineração de urânio a céu aberto do outro lado da fronteira pode representar um tremendo risco para a vida do rio Douro e dos seus habitantes", frisam os ambientalistas envolvidos nesta ação.
No caso de este projeto avançar, segundo os especialistas, Portugal também deverá ser afetado com a poeira radioativa e o gás radão que serão emitidos pelas minas de urânio que a Berkeley Minera planeia abrir em Retortillo, Salamanca.
Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, o projeto de exploração mineira de urânio em Retortillo é "suscetível de ter efeitos ambientais significativos em Portugal", pela proximidade com a fronteira e tendo em "atenção a direção dos ventos" de Este e Nordeste.
"Em 16 de março, teve lugar um debate na Assembleia da República sobre a mina de Retortillo, em que todos os grupos parlamentares foram unânimes ao exigir firmeza por parte do Governo português, na defesa do território e das suas populações, face à ameaça que pende sobre Portugal, e em especial sobre toda a zona do Douro", recorda a plataforma ambientalista ibérica.
A organização conjunta desta Marcha Ibérica pretende dar a conhecer à opinião pública portuguesa a problemática e os perigos que implica para Portugal a instalação de uma mina de urânio e uma fábrica de concentrado no Campo Charro de Salamanca, de modo a sensibilizar toda a sociedade para esta questão.
As três associações ambientalistas ibéricas envolvidas na organização da marcha defendem que é necessário que o processo da mina de urânio de Retortillo seja suspenso de imediato e se realize uma avaliação de impacte ambiental transfronteiriça, conforme a legislação em vigor.
A organização ambiental espanhola "Plataforma Stop Urânio" já se havia congratulado por o Parlamento português ter instado o executivo de Lisboa a pressionar Madrid a cessar a exploração de urânio em Espanha até a população portuguesa ser consultada.
FYP // MSP
Lusa/fim
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