António Barreira dá o alarme. Foto: Olímpia Mairos/ RR |
O sino toca a rebate. É o sinal de alarme. Há fogo junto à aldeia da Gestosa, no Parque Natural de Montesinho. Urge colocar a população em segurança. É a António Barreira, o Oficial de Segurança, que cabe emitir avisos, alertar para a ameaça causada pelo incêndio, organizar a evacuação das habitações e garantir que todas as pessoas chegam aos abrigos e ao refúgio, onde existe comida e água.
“Atenção pessoal, está a deflagrar um incêndio muito perto da aldeia, peço que ninguém saia daqui. Ninguém mexe nas viaturas próprias. Se for necessário, vem um autocarro da Câmara de Vinhais para evacuar as pessoas”, comunica o oficial de Segurança. Os refúgios e o abrigo estão assinalados com placas sinaléticas.
Os populares obedecem à ordem e dividem-se pelos dois abrigos: um na casa do povo, o outro na associação cultural e recreativa da localidade. Entretanto, chegam forças da proteção civil e António Barreira entra numa ambulância dos bombeiros para trazer as pessoas acamadas.
De regresso ao refúgio, chega com um acamado em maca e uma pessoa em cadeira de rodas. “Fui buscar três pessoas a casa. Duas estavam acamadas. E duas já vinham a caminho, porque são as ordens que eu dei”, conta.
Com a ajuda da GNR e dos bombeiros, o Oficial de Segurança, assegura-se que não fica ninguém para trás. Feita a verificação da lista conclui-se que “a aldeia está completa. São 107 pessoas, não há ninguém em casa, não há ninguém em perigo”.
22 aldeias consideradas prioritárias
António conhece a terra a palmo, “não é ao metro ou ao quilómetro, é ao palmo”, sabe “identificar os caminhos, orientar os meios no terreno e assegurar a segurança das pessoas”.
O presidente da Câmara de Vinhais, Luís Fernandes, explica que a escolha dos oficiais de segurança obedece a critérios. “É aquela pessoa conhecedora da aldeia, que pode facilitar mais caminhos para a segurança das populações”, explica.
População dirige-se aos abrigos |
Segundo João Noel Afonso, comandante de Operações de Socorro de Bragança, o Oficial de Segurança “vai facilitar o trabalho [da proteção civil], na medida em que se passa a ter a certeza que as populações estão num lugar seguro, e deixa de ser uma prioridade o fazer o porta-a-porta para perceber quantas pessoas há nas habitações, e liberta toda esta ação no socorro”.
Criar hábitos de segurança
O simulacro realizado na aldeia da Gestosa visou criar hábitos e comportamentos de segurança na população. “Foi muito importante porque pode vir a acontecer um incêndio e, assim, a população já fica a saber como deve comportar-se”, refere António Barreira.
Bernardino Barreira, de 72 anos, considera que a iniciativa “foi importantíssima, sobretudo para os mais velhos que não podem ficar nas casas, porque podem correr perigo”.
“É muito importante estarmos informados, assim como é importantíssimo termos um lugar para nos refugiarmos”, diz à Renascença Maria Fernandes, de 75 anos.
Também o padre Francisco Ferreira, pároco da Gestosa, considera o simulacro “muito bom para sensibilizar as pessoas, em caso de incêndio”, mas considera “que falta uma coisa muito importante, que é mentalizar as pessoas para não pegarem fogo à floresta”.
Os programas Aldeia Segura e Pessoas Seguras baseiam-se na gestão de combustível, na criação de rotas e estratégias de evacuação, na preparação de abrigos, na ação dos oficiais de segurança e no impacto das campanhas de sensibilização e prevenção, tudo isto fruto do trabalho em rede entre bombeiros, proteção civil, câmaras municipais e juntas de freguesia.
Retirada de pessoas da aldeia |
Olímpia Mairos
Rádio Renascença
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