quinta-feira, 21 de junho de 2018

FALANDO DE FESTAS JUNINAS - I

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas)
Prefácio atualizado em 26/06/2012: São João Batista foi precursor de Cristo e profeta que atuou na passagem entre o antigo e o Novo Testamento. Ele anunciou o Messias e o identificou em Jesus de Nazaré. Foi ele quem batizou o Autor do batismo (Cristo), e testemunhou a revelação trinitária de que Jesus é o Filho de Deus.
Curioso é saber que ao tempo em que Jesus nasceu, o Rei Herodes decretou o sacrifício de todas as crianças com menos de quatro anos de idade. À época, Jesus foi levado por seus pais (Maria e José) ao Egito; fugindo da perseguição de Herodes. Já seu primo João Batista não teve tempo nem disponibilidade para isso. Ele foi ocultado dos soldados de Herodes por sua mãe Isabel e seu pai Zacarias, numa gruta de pedra, longe dos olhares dos soldados de Herodes. Assim ele foi preservado. Já adulto e demasiadamente conhecido, João pregava no deserto e fazia a conversão de pessoas do povo, através do batismo. Herodes temia a João Batista, que o denunciava e à sua vida luxuriosa (concubinato) e etc. Herodes convenceu sua filha Salomé a pedir a cabeça de João Batista na bandeja; e assim foi feito. Lembramos ainda que Cristo não precisava ser batizado por João, pois ele próprio era o Autor do batismo; porém Jesus assim o fez, para servir de exemplo e mostrar que João Batista, dentre todos os filhos nascidos de ventre de mulher, foi o personagem mais importante da história bíblica, dentre todos os outros e daquela época até os tempos atuais.
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Historiadores consideram que as festas juninas têm origens pagãs. Conforme Gilberto Freire, “... existem sinais de elementos orgiásticos africanos nessas festas que teria mesmo sido trazido pelos portugueses, com seu cristianismo lírico e um catolicismo ascético e ortodoxo, donde surgem festas dos estilos grego e romano”. 
Freire ainda relata em livro publicado em 1995, que a escassez de portugueses na Colônia sublimou o valor do casamento, o quê tornou populares os santos padroeiros do amor, da fertilidade e das uniões, para que resultasse no aumento imediato da população do Brasil. Como se denota, todos eles elementos gregos e romanos. Estes interesses abafaram não apenas os preconceitos morais, como os escrúpulos católicos ortodoxos dos portugueses. 
Acredita-se que as festas dos Santos Antônio, João e Pedro têm origens no século XII, na região da França. 
O solstício de verão, (dia mais longo do ano), era celebrado no dia 23 de junho; que coincidia com o início das colheitas. No hemisfério sul, onde se encontra o Brasil, acontece no mesmo dia o “solstício de inverno”( noite mais longa do ano). Assim como aconteceu com outras festas pagãs, estas também foram adquirindo um sentido religioso; sentido este acompanhado e incentivado bem de perto pela Igreja Católica nos países latinos da Europa e principalmente no “Novo Mundo” (América).


Viva São João Batista

Falemos agora de São João e sua influência sobre o povo brasileiro, sobretudo o povo nordestino: desde o Brasil colonial já se festejava São João. Em alguns lugares dos sertões do Brasil, costuma-se chamar São João por “São João do Carneirinho”. E desde o início da colonização brasileira, festeja-se São João com danças e fogueiras. Lembro aos leitores que, em 22 de junho de1993, houve um tumulto no Congresso, em Brasília: o governo queria que os deputados votassem a aprovação do IPMF. 
Quase todos os deputados nordestinos estavam ansiosos para irem para suas cidades - não haveria “quórum” para votação; o governo prometeu garantias de passagens de avião na véspera do São João e assim a IPMF foi aprovada como queria o governo (e para nosso azar), nesse dia 22 de junho de 1993. E as fogueiras de São João; quem sabe as origens?

Viva São Pedro

De todos os santos festejados em junho, São Pedro tem a festa mais monótona. No entanto, ele é especialista em arrumar casamento para mulheres velhas, para moças encalhadas e para viúvas; nisso ele compete com São Gonçalo do Amarante, cujas qualidades aqui não cabe contar. São Pedro era o mais velho de todos os doze apóstolos de Cristo; por isso é feita a menção das mulheres velhas encalhadas e viúvas. Mas, São Pedro era também a pessoa mais rude dentre todos os apóstolos, mesmo assim Cristo confiou-lhe a condução da Igreja, sendo ele considerado o primeiro papa da Igreja Católica. As figuras de São Pedro erguida nos mastros das festas juninas mostram-no portando uma chave numa das mãos, cujo significado mais simplista é a que “Ele lhe confiou a chave que abre quaisquer portas”. 
Os povos humildes dos interiores do Brasil o chamam de “Porteiro do Céu”; por causa da tal chave. Muita gente quando perde algo invoca a “sogra de São Pedro”, que, acredita-se, foi mulher virtuosa que não aceitava esmolas. Desse modo, tão logo invocada, a sogra de São Pedro faz aparecer o objeto perdido. São Pedro foi escolhido por Jesus Cristo para ser o responsável pela edificação de sua Igreja “Tu és Pedro e sobre ti edificarei a minha Igreja” (Mt 18:16). Pedro era pescador e possuía com alguns outros uma frota de barcos. Assim tem-se o encontro de Jesus com Pedro, quando o Mestre foi fazer uma pregação e pediu um barco para Pedro para que todos os que lá estavam pudessem ver o Senhor. Começou assim o que viria ser o sucessor de Jesus Cristo e o edificador da Igreja católica. Após a trajetória de Pedro com Jesus até a morte e a ressurreição do Salvador, Pedro após Pentecostes, saiu pregando indo até a Antioquia e de lá até Roma. 
Segundo consta ficou mais de trinta anos em Roma, até sua morte, no seu martírio na cruz de cabeça para baixo. São Pedro é também venerado como o “santo das chuvas”. Sua imagem mostra Pedro com uma chave em sua mão. Os devotos atribuem a Pedro o poder de controlar o tempo, onde pedem chuva, principalmente em regiões de lavoura e pecuária, cuja importância da água é fundamental para a sobrevivência das colheitas e do gado. Simbolicamente, por ter as chaves do céu, de onde vêm as chuvas, 
Pedro é invocado para resolver os problemas da seca, das chuvas excessivas, do tempo em geral.  Nas regiões campestres a devoção a São Pedro é muito grande. Os devotos cultivam esta reverência, como se São Pedro pudesse fazer com o tempo o que bem entendesse, mas isso faz parte da devoção do povo pelo santo.


Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de quatro outros publicados em antologias junto a outros escritores.

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