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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 20 de janeiro de 2019

MÉRITO OU ANTIGUIDADE?

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Durante muitos anos, a antiguidade, era – como se costumava dizer, – um posto.
As promoções, dependiam: dos anos de serviço, da assiduidade à empresa ou firma.
Nas últimas décadas, implantou-se – e bem, – o mérito.
Digo e bem, quando o mérito não depende da: cor política, credo, amizade ou outra coisa mais, que por respeito, ao leitor, peço licença para não revelar.
Conheci – já lá vão muitos anos, – pobre homem, que mourejou toda a vida, na mesma empresa.
Doente, com sacrifício, apresentava-se no local de trabalho, tentando, com esforço e dedicação, ser leal aos superiores hierárquicos.
Os anos correram… e muitos foram os que visaram, ao verem-no na tarefa de aumentar a receita da empresa:
- “ Vais receber a medalha de cortiça! Ninguém reconhece! …”
Mas o homem, na sua inocência, pensava lá consigo: “ Um dia alguém há-de fazer-me justiça.”
Os colegas de trabalho, riam-se à socapa, do zelo e do propósito, em tudo, contribuir para o enriquecimento da firma.
Por fim, já tinha trinta anos de casa, alguém, lembrou-se de o louvar. Foi motivo de orgulho. Não pelo louvor, mas pelo reconhecimento.
Andava alegre como um cuco; como sino em dia de Aleluia, quando o chamaram ao gabinete do diretor.
Entrou radiante. Sabia que se preparava importante reestruturação. Reestruturação, que equivalia aumento de salário. Semanas antes, garantiram-lhe que as  alterações, em nada o iriam prejudicar.
Diante do diretor, este, após agradecer a dedicação e lealdade, disse-lhe:
- “ Como sabe vai haver reestruturação de serviço, e o senhor vai ser dispensado…Por mim, ficava; mas, eles não querem! …”
O pobre homem teve um desfalecimento.
-” Mas Senhor Doutor… – balbuciou a medo, gaguejando. - Quem são eles?! …”
- “ Foram eles! …Foram eles! … – Pronunciou, o diretor, em voz intimadora; e saiu, deixando o ingénuo trabalhador atónito.
Colocaram-no – como se costuma dizer, – na prateleira, esperando a chegada da reforma.
Pelo menos tiveram a caridade de o tratarem com respeito e dignidade.
Disseram-lhe, então, que fosse para o tribunal. Que fosse ao sindicato…Mas, no íntimo, sabia que nada adiantava.
Um dia, encontrei-o, já no final da vida, amargurado. Voltou-se para mim, deu-me um abraço servil, e declarou:
- “ Podia ter reforma mais confortável, mas acreditei: que, zelando os interesses da empresa, era bastante… Disseram-me para me queixar…Olhe: aguardo que tudo seja resolvido no Tribunal de Cristo… Mas ainda penso de mim para mim: que força tão poderosa era,  que conseguiu abafar a consciência de homem, que parecia tão corajoso ?”
A dedicação, infelizmente, não chega…é preciso alguma coisa mais… para se ser promovido e singrar na vida…
Mas isso, não é para gente simples, que acredita na justiça humana e na palavra dos homens.

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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