No primeiro ano da sua publicação não ostenta qualquer nome relativo à propriedade, à direção, à edição ou à administração. Apenas se refere a Tipografia do Nordeste, na Rua de S. Francisco, como local de impressão.
No segundo ano, já aparece o nome de Aníbal Valente, que foi o seu fundador, como proprietário e editor, o que no fundo queria dizer que ele era o diretor. A partir de junho de 1892, surge o nome de Álvaro de Mendonça como diretor político. Em janeiro de 1902, assume-se como órgão do Partido Progressista do Distrito de Bragança. Uns meses depois, em março do mesmo ano, surge o nome de Manuel António Dias como editor, e o nome de António de Melo como administrador. Em novembro de 1902, o proprietário passou a ser o Centro Progressista de Bragança, continuando com os mesmos editor e administrador. Finalmente, em agosto de 1908, o doutor António Olímpio Cagigal aparece-nos como diretor e António A. Guerra como proprietário, mantendo-se o administrador.
Ao longo de todos estes anos, afirmou-se sempre como órgão do Partido Progressista.
Analisando o conteúdo do Nordeste na última década da sua publicação (1900-1910), constatamos que o jornal tinha só quatro páginas. A primeira e pelo menos metade da segunda eram de natureza política. Cerca de metade da segunda e da terceira páginas eram dedicadas a pequenas notícias locais, enquanto o resto do jornal (cerca de página e meia) era dedicado à publicidade.
Este jornal, enquanto órgão do Partido Progressista, dedica quase sempre as suas primeiras páginas à defesa das posições dos líderes nacionais e locais do partido, ou com textos de cerrados ataques às políticas e aos líderes do Partido Regenerador. Uma vez por outra, apareciam alguns textos que abordavam assuntos de caráter geral.
Dêmos alguns exemplos que comprovam o que acabámos de referir.
A linguagem deste texto jornalístico não difere da linguagem dos comunicados e panfletos de qualquer partido político da oposição, mesmo nos dias de hoje. No entanto, neste texto, ainda podemos dizer que se fala de política, porque em muitos outros casos não parece ser a política que está em causa, mas as pessoas que lideram os partidos contrários, como acontece no número de 18 de novembro de 1902, cuja primeira página é ocupada apenas por dois artigos. Um deles é uma resposta a um texto publicado no jornal, o Distrito de Bragança, regenerador, e o segundo é uma resposta a um artigo da Gazeta de Bragança, também regenerador. Deste segundo artigo transcrevemos algumas passagens.
Esta tendência para “fulanizar” nos artigos da primeira página, tendo como alvo principal Abílio Beça, não é “vício” dos últimos anos de vida do jornal, porque já em 1888, ano da sua fundação, logo no seu n.º 18, o Nordeste publicou, na primeira página, o texto que se segue.
Além da Gazeta de Bragança e do Distrito de Bragança, também O Baixo Clero foi alvo das ferroadas do Nordeste. Contudo, enquanto em 1902 se colocou do lado do bispo, D. José Alves Mariz, que na altura também se diz progressista, contra o jornal O Baixo Clero, dirigido pelo padre João Pessanha, igualmente progressista, em 1906, quando o bispo se passou para o lado dos regeneradores, o mesmo jornal passou a atacar abertamente D. José Mariz. Publicamos dois artigos, para mais facilmente se perceber a mudança de posição.
Para lá do que podemos considerar o conteúdo formativo, o jornal dedicava também algum espaço à pequena notícia, que obedecia a critérios porventura aceitáveis naqueles tempos, mas inteiramente ultrapassados nos dias de hoje. Efetivamente, a notícia reportava-se quase sempre a assuntos sem importância noticiosa e claramente decorrentes da ligação pessoal dos protagonistas da notícia com os responsáveis do jornal. Por diversas vezes são noticiados os aniversários de alguns amigos ou de pessoas de um estatuto social elevado.
Outras vezes, dá-se a notícia de ocorrências sem outro interesse informativo que não fosse o resultante do mesmo critério anterior. É o que se verifica, por exemplo, em notícias como as que referem que alguém se deslocou, por razões profissionais, para outra terra, ou saiu, por qualquer razão, de Bragança.
O conteúdo noticioso que vai para lá deste âmbito é quase sempre carregado de um certo peso político-partidário, como acontece no texto que se segue.
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