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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

MEU AMIGO MANEL

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Conheci-o na antiga Escola Académica, no Porto, onde fui parar, após ter sido o melhor aluno da turma, no “Alexandre”
O Manel, era um adolescente, franzino, elegante, de estatura meã. Tinha rosto moreno e na boca, permanente sorriso gaiato e camarada.
Certa manhã, manhã doirada, marchetada a tons rosáceos, estava a caminhar no gracioso jardim, fronteiro ao edifício da escola, quando vi o Manel, a conversar, animadamente, com colegas. Falavam do Porto e de figuras portuenses.
Pé ante pé, avizinhei-me, e intervi na acalorada conversa.
Olharam-me surpreendidos; mas ele, escutou-me com muito atento e interesse, mormente, quando comecei, a determinado passo, a citar o Conde d’Aurora.
Em breve seríamos inseparáveis. Raro era o dia, que não trocássemos confidências. Contava-me, com graça - era excelente conversador, - as aventuras do pai, que adorava; e as “ diabruras” da irmã - menina encantadora e meiga, segundo dizia.
Uma tarde, por sinal chuvosa, mostrou-me sebenta escolar, onde esboçara, a lápis, complicada mecânica, de carro movido a água.
Tinha sido a sua última invenção…
Debatemos o funcionamento da engenhoca, recorrendo aos parcos conhecimentos de física e química, que tínhamos.
Nos longos passeios, que dávamos, falava-me de mundo, que não conhecia: de Bento de Amorim, e seu famoso automóvel; do Conde de Campo Belo; de Sousa Guedes; de Alberto Pinheiro Torres; Condes de Alpendurada; Magalhães Bastos…; e de amigos e amigas do higt-life.
Havia duas meninas, que não saiam dos seus olhos: uma, vivia na Avenida Rodrigues de Freitas; outra, perto do antigo liceu “ Carolina”. Mas, os olhos brilhavam de júbilo, ao referir-se à última. Seria namorada? Não sei…Certamente era…
Semanalmente, realizávamos curiosas e instrutivas excursões pelas velhas e típicas ruas e ruelas, do velho Porto. Nessa recuada época, alguns bairros, estavam infectadas de fartum enjoativo, bafiento, que nos obrigava a estugar o passo.
Juntos, calcorreávamos locais pitorescos da cidade. Não havia monumento, museu ou jardim, que não fossem visitado e apreciado, por todos os ângulos…
A vida militar separou-nos. Ainda recebi correspondência da Guiné; mas, por motivos que desconheço, cessaram os aerogramas…
Os anos passaram…Passou, também, a juventude…
Encontrei-o, mais tarde, já casado. Era o mesmo Manel, alegre e folgazão; mas, os olhos, brilhavam, agora, de tristeza e desanimo.
Ainda demos um passeio pela baixa gaiense. Visitamos a igreja de Santa Marinha, e armazéns de vinhos; e recordamos, com terna e profunda saudade, os felizes tempos, do passado, já longínquo…
Na despedida ficou de me telefonar…
Soube, pouco depois, que falecera. Desaparecera, assim, o meu melhor amigo da juventude…Nunca mais tive amizade, como a dele…

Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

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