A população da aldeia de Chacim, no concelho de Macedo de Cavaleiros, está revoltada quanto à intenção da Câmara Municipal em municipalizar a água daquela freguesia.
Uma medida que faz com que a água, que provém de nascentes, passe dos domínios da Junta de Freguesia para a alçada da Câmara Municipal.
Segundo José Génio, presidente de Chacim, em reunião foi-lhe dito que a não aceitação desta medida poderia levar à perda do mandato:
“No dia 16 de julho fomos convocados para uma reunião que contou com a presença do presidente da ERSAR, este que nos disse que éramos obrigados a dar a água, pois o responsável era o presidente da câmara e não as juntas de freguesia. Respondi que isso não é bem assim e que o responsável pela água da junta de freguesia sou eu. A água é nossa, custou-nos muito.
Com a municipalização eles passariam a receber o dinheiro do pagamento da água da aldeia, que teríamos de ser nós a fazer a contagem, e depois dariam à junta 20%. Nós não aceitamos.
Nesse mesmo dia, disseram que se não déssemos a água à câmara eu perderia o mandato, ao que eu respondi que antes quero que isso aconteça do que perder aquilo que é nosso.”
Convocada uma reunião para auferir opiniões, os habitantes chacinenses discordam desta medida e vão mais longe, tendo já a circular um abaixo-assinado que será entregue em instalações próprias, como contam Hermínia Silva e Luís Eugénio:
“Estou a favor que a água fique em Chacim. Sempre foi nossa e espero que continue a ser porque temos água suficiente e não precisamos levar este dinheiro, que pode ficar na junta de freguesia, para Macedo, até porque Macedo pouco ou nada tem feito para Chacim. Se lhes formos dar o pouco que temos na terra, o que seremos nós, nada.
Pagamos a água muito barata, zero quase, e se passar para a alçada da câmara vamos pagar muito mais. Toda a vida Chacim viveu com a água da serra.”
“A água é o ouro da nossa aldeia. A manutenção está garantida pela junta de freguesia, assim como as canalizações. Nós temos os nossos nascentes.”
Rui Vilarinho, vereador do município, diz que este não é um assunto com opção de escolha, mas sim uma obrigação por lei:
“De facto, esta não é uma ideia do município, é uma obrigatoriedade, saiu o despacho em abril e já tinha saído outro em 2014 que obrigava todos os municípios a ficar com a gestão das águas em baixa, o que não aconteceu.
Neste momento, havia a hipótese de algumas freguesias, desde que responsabilizassem pela qualidade da água perante a ERSAR, ficarem com a gestão das águas em baixa, o que não acontecia em algumas aldeias do concelho, em que a responsabilização era por do município e a gestão era por parte da junta, o que já era uma ilegalidade.
Agora agravou-se a situação porque nos foi enviada um despacho pela ERSAR que diz que todos os municípios são responsáveis e têm obrigatoriamente que gerir as águas em baixa de todas as freguesias do seu concelho, sob a pena de incorrer em processos criminais.”
Também por municipalizar estão ainda as águas das freguesias de Espadanedo, Edroso, Murçós e Soutelo Mourisco, Olmos, Grijó, Vale Benfeito e Bornes.
Escrito por ONDA LIVRE
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