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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

O CAMINHO-DE-FERRO E SUA INFLUÊNCIA NO URBANISMO DE BRAGANÇA


A construção do edifício da Estação do Caminho-de-ferro, em terreno ermo do vasto campo de Santo António ou da Eirinha, e a chegada a Bragança do comboio marcariam uma nova fase nas comunicações e também teria consequências nos planos da expansão e da regularização urbana, todas concordantes com algumas das asserções esgrimidas pelos que pugnavam por um esperançoso mundo novo.
Longamente almejado, o serviço de transportes ferroviários, nomeadamente no troço entre Mirandela e Bragança, enredou-se frequentemente nas disputas entre regeneradores e progressistas e nas acusações contra aqueles que, como o progressista conselheiro Eduardo Coelho, se suspeitava de travarem a continuidade da linha férrea. No campo contrário, figuras como Emídio Garcia, Cristóvão Aires de Magalhães Sepúlveda, historiador de grande mérito e antigo Governador Civil do Distrito de Bragança, e Abílio Beça, também Governador Civil de Bragança, destacaram-se entre os pugnavam por tal melhoramento. Emídio Garcia, enquanto ministro progressista foi quem, em 1887, mandou estudar o traçado da via entre Mirandela e Bragança, e Elvino de Brito, ministro das Obras Públicas, aprovou o projeto em 1899.
Nesta altura, as propostas apontavam o sítio do Senhor da Piedade, nas faldas do monte de S. Bartolomeu, como o local onde se devia erguer a estação terminal881. Só um pouco mais tarde, como resultado das análises de uma outra comissão, que tinha no engenheiro Macedo de Lacerda uma das suas figuras proeminentes, é que se desviou a diretriz do primeiro projeto, a partir de S. Lourenço até à atual estação, no sítio que muitos conheciam como Eirinha. No final de 1903, o espírito de Abílio Beça pôde sossegar com a notícia da irreversibilidade da obra da linha.
Com os trabalhos em desenvolvimento, o dia 26 de outubro de 1906 foi para muitos bragançanos uma data memorável, justamente porque foi a primeira vez que uma locomotiva, em operação experimental, chegou a Bragança. Outros grandes festejos se programaram para o dia 1.º de dezembro do mesmo ano por significar o início da circulação regular em meio ferroviário. Aparentemente, o mundo sorria aos bragançanos.
Contudo, no aro da Cidade, a linha do comboio, ao definir um segmento quase paralelo ao fio da antiga muralha do Tombeirinho (Rua do Conselheiro Eduardo Coelho e, depois, Rua 5 de Outubro), iria estabelecer um novo limite à área urbana. Seria dentro desse limite que ia ganhar força a necessidade de se retomar uma antiga resolução do conselheiro Emídio Navarro que tinha sido posta de lado pelos custos que comportava. Tratava-se da abertura de uma avenida que, como se escrevia na Gazeta de Bragança, em 1905, desse boa resposta ao movimento “que se há de estabelecer entre a Estação e Bragança”. Apesar da distância da Estação à Praça da Sé ser de pouco significado, o articulista falava de dois mundos, o da Estação, que era um ermo, e o do espaço urbano, propriamente dito. Assim se explicam as expectativas que se abriam em termos de crescimento da Cidade, pois devia ir ao encontro desse novo polo. Em última análise, desenvolvia-se um processo que antecipava o futuro rasgamento da Avenida João da Cruz, o segmento urbano que acabaria por dar coerência a essa ligação.
Quando o comboio chegou pela primeira vez, o que existia era a insignificante e estreita Rua do Conde de Ferreira. Por isso, era imperioso “o alargamento dessa rua até próximo da fachada da Escola do Conde de Ferreira, fazendo-se uma pequena avenida ou largo, convenientemente arborizado e dividido em dois arruamentos que comportem a circulação do trânsito”. Na mesma linha de orientação, enunciavam-se, com algum critério, medidas que acautelavam a nova formulação urbana: “sendo de esperar que nas proximidades das Estação se construam novos prédios, é urgente que a avenida esboçada se delimite já, para evitar que construções de casas venham em breve ocupar os terrenos a expropriar e para fixar quanto antes o alinhamento das edificações do lado sul, em frente das que já existem do lado norte da Rua do Conde de Ferreira”.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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