Esta será a primeira descrição de um herpesvirus em lebre-ibérica (Lepus granatensis), a única espécie de lebre existente em Portugal, e cujo território se limita à Península Ibérica.
“Até à data, nunca havia sido descrito nenhum herpesvirus em qualquer espécie de lebre no mundo”, escrevem, em comunicado, os investigadores do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV I.P.), da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa (FMV-UL), do Instituto de Medicina Molecular (IMM) e do Royal Brompton & HarefieldNHS Foundation Trust.
Lebre Adulta |
A doença foi detectada durante a necropsia feita a lebres-ibéricas em 2018 e 2019. “Além da mixomatose também foram observadas lesões externas inesperadas”, escrevem os cientistas no artigo.
Por enquanto, ainda não se conhece qual o impacto da infecção por este herpesvírus na reprodução e mortalidade da lebre-ibérica. No entanto, os investigadores acreditam que “poderá agravar o declínio das populações selvagens” causado por uma outra doença, a mixomatose.
Lebre Adulta |
Desde essa altura, dizem estes investigadores, “a mixomatose foi responsável por mortalidade muito expressiva nas populações silvestres, originando reduções estimadas entre 70 e 90% e levando a que, em 2019, a grande maioria das Associações de Caçadores decidisse interditar a caça a esta espécie para fomentar a sua recuperação”.
A mortalidade registada nesta espécie, com associação clara das duas doenças (mixomatose e herpesvirose, ambas causadas por vírus de DNA), foi demonstrada em vários animais.
A lebre-ibérica é uma das duas espécies de leporídeos existentes em Portugal. Juntamente com o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), a lebre-ibérica é uma presa chave dos ecossistemas mediterrânicos. A diminuição das suas populações já foi associada à diminuição do lince-ibérico e da águia-imperial-ibérica, salientam os investigadores.
Lebre Juvenil |
Agora, chega mais uma má notícia para esta espécie, o Herpesvirus LeHV-5.
Os investigadores acreditam que a associação destas duas doenças “poderá constituir uma grande ameaça à preservação desta espécie”.
Enquanto isso, continuam a tentar perceber, e aprofundar, o potencial patogénico dos dois vírus, que não apresentam quaisquer riscos para o homem.
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