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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

O que procurar no Inverno: a aveleira

 Todas as árvores que possuem importância estética são consideradas árvores ornamentais, além de terem um valor funcional. Isso significa que com a presença delas, um ambiente pode ficar mais bonito.

Foto: AnRo0002/Wiki Commons

Estas árvores são usadas não só em jardins, mas principalmente em áreas públicas como parques, ruas, clubes e outras.

A aveleira (Corylus avellana), cultivada em Portugal pela semente comestível – a avelã – não é normalmente vista em jardins e espaços verdes; no entanto, os seus ramos retorcidos com pelos avermelhados, a folhagem e os amentilhos coloridos tornam-na numa espécie ornamental singular.

A aveleira

A aveleira é uma árvore de pequeno porte, de 4 a 5 metros, que pode atingir até 8 metros. Tem uma copa irregular e geralmente bastante ramificada desde a base.

Foto: Isidre blanc/Wiki Commons

A sua casca é avermelhada, brilhante e lisa quando jovem, tornando-se ao longo do tempo acinzentada, gretada e com lentículas castanho-claras – zonas onde a casca é mais porosa e através das quais penetra o ar, permitindo as trocas gasosas com o exterior nos exemplares mais velhos.

Esta árvore, de folha caduca, pertence à família das Betulaceae. As folhas são simples, suborbiculares e cuspidadas, ou seja, apresentam uma forma quase esférica e a extremidade é bastante resistente e aguçada. São verde-amareladas e pubescentes nas duas faces, quando jovens, perdendo o indumento na página superior com o passar do tempo.

Foto: Joanna Boisse

A aveleira floresce entre janeiro e março. É uma espécie monóica – as flores masculinas e femininas surgem na mesma planta, agrupadas em inflorescências. As flores masculinas formam amentilhos compridos, suspensos, verde-amarelados, e as flores femininas são agrupadas em glomérulos – inflorescências em que as flores, de pedúnculos curtos, formam um aglomerado globoso com crescimento limitado, e nas quais em cada ramo florífero se forma uma flor. As flores femininas são facilmente reconhecidas no momento da floração, porque formam tufos de estigmas de cor vermelho-vivo.

Foto: Joanna Boisse/Wiki Commons
Foto: MurielBendel/Wiki Commons

O fruto da aveleira é uma glande, envolvida por um invólucro foliáceo duro, formado por brácteas soldadas e peludas, que quase oculta e protege a semente – a avelã. As avelãs têm forma esférica a ovada e cor verde quando jovens e castanho-amarelado quando maduras. Amadurecem no outono e surgem dispostas de 1 a 5 na extremidade dos raminhos.

A aveleira frutifica a partir dos 8 a 10 anos, sendo apenas a partir dos 15 anos que o faz com regularidade. Tem uma reduzida longevidade, pois raramente ultrapassa os 50 anos. 

Elevada amplitude ecológica

Esta espécie ocorre espontaneamente em quase toda a Europa e Ásia Ocidental. Em Portugal é comum nas zonas montanhosas do Norte e Centro, podendo encontrar-se raramente a sul do rio Tejo.

Com uma elevada amplitude ecológica, a aveleira desenvolve-se bem tanto em zonas de vale como em bosques húmidos e sombrios, margens de cursos de água, planícies e montanhas. É uma espécie de meia-luz, embora também se desenvolva em zonas de luz plena. Adapta-se bem a diversos tipos de solos, desde que sejam frescos, profundos e ricos em nutrientes. Não é muito exigente em relação ao pH do solo e necessita de humidade atmosférica constante. É geralmente cultivada isoladamente no sub-bosque de carvalhais das zonas húmidas. Tem uma grande resistência ao frio, no entanto é muito sensível à seca.

Esta espécie é muito valorizada pela semente comestível crua ou tostada, usada na culinária, sobretudo no fabrico de doces. As avelãs são muito energéticas, possuem um alto teor de gorduras, proteínas e vitaminas B1 e C, sendo usadas no fabrico de leite, manteigas, pastas, chocolates, entre outros.

Foto: Joachim Müllerchen/Wiki Commons

A avelã também apresenta algumas propriedades medicinais interessantes. Alguns registos indicam que a ingestão de duas a três avelãs por dia ajuda a baixar o nível de colesterol no sangue. Ajudam à manutenção de músculos saudáveis e a diminuir o peso.

As folhas da aveleira, utilizadas em infusões, têm propriedades antipiréticas e depurativas, sendo também utilizadas externamente em compressas, como cicatrizante. As folhas também terão sido utilizadas na medicina popular pelas suas propriedades de tónico circulatório. O óleo de avelã também é muito usado como cosmético no cuidado da pele e do cabelo.

As avelãs silvestres, mais pequenas e em menor quantidade que as cultivadas, são mais saborosas e são parte importante na dieta de muitos roedores, o esquilo, por exemplo. As folhas são uma boa fonte de alimento para as larvas de alguns insectos.

A madeira da aveleira é bastante dura, pesada e de diâmetro reduzido, sendo utilizada para o fabrico de cabos de ferramentas e bengalas. É também, juntamente com as suas raízes, um bom combustível, servindo como carvão vegetal. Devido à flexibilidade dos ramos mais finos, também é usada em cestaria e tanoaria.

Árvores ornamentais

A sua designação científica é curiosa. O género Corylus provém do antigo termo grego Kóris, que significa “capacete” em referência ao invólucro membranoso que protege a avelã. O restritivo específico avellana deriva do nome da cidade de Avella, perto de Nápoles (Itália). Esta região é conhecida desde o tempo dos romanos pela grande produção de avelãs.

Muitos são os mitos associados à aveleira. Os povos nórdicos e germânicos atribuem-lhe o dom da fertilidade, sendo usados raminhos de aveleira nos rituais de casamento. Os celtas consideram-na fonte de sabedoria. Segundo a lenda, quem bebesse água do “Poço de Segais” ou das suas correntes de água, que se encontravam rodeadas por aveleiras sagradas, adquiria o conhecimento pleno de todas as artes e ofícios.


Na Europa foi usada como símbolo de Justiça. Usava-se um ramo de aveleira, em forma de Y, para determinar se uma pessoa era culpada ou inocente de um roubo ou de um homicídio. Seguravam-se as duas pontas curtas do ramo com as mãos e apontava-se com o extremo mais longo para o acusado. O sentido da oscilação do ramo determinava a sentença. Este ramo era considerado mágico, sendo também utilizado para procurar ouro e água no solo. 

Os gregos consideravam-na a árvore da reconciliação. Também havia quem acreditasse que era símbolo de proteção e de orientação. Era comum os caminhantes usarem a sua madeira como bastão, nas suas viagens, uma vez que ficavam protegidos contra assaltantes e eram orientados nos cruzamentos.

Mitologia à parte, a aveleira pode ser empregue como elemento decorativo de um jardim. 

A sua copa irregular e a sua grande ramificação fazem dela uma árvore ornamental, ideal para dar sombra. Além disso é uma árvore que se transforma ao longo das estações. No outono, as suas folhas mudam de verde a avermelhadas-amarelas antes de caírem. Os seus ramos contorcidos ficam visualmente deslumbrantes no inverno e são uma autêntica obra de arte natural.

No final do inverno e ao longo da primavera, os ramos nus enchem-se de flores singulares pela forma e de cores verde-amareladas a avermelhadas, seguidas das folhas e dos frutos que os compõem na estação seguinte.

A aveleira pode não ser uma árvore comum nos nossos espaços públicos, mas esta espécie nativa tem uma beleza ímpar que a torna merecedora de um lugar em qualquer espaço verde de uma cidade ou de um jardim. Conhecem alguma perto de vocês?

Carine Azevedo

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