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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Proprietários das casas danificadas por um deslizamento em Mirandela há 8 anos revoltados com morosidade da justiça

 Os proprietários das casas danificadas por um deslizamento de terras, em Mirandela, em Janeiro de 2014, e desde então impedidos de habitar as suas casas por razões de segurança, estão revoltados com a morosidade da justiça e com a presidente da câmara, alegando que Júlia Rodrigues prometeu primeiro resolver os problemas das pessoas, mas continua a utilizar todos os expedientes dilatórios em tribunal adiando a resolução deste caso.
Os lesados estão preocupados com as conclusões de vários relatórios periciais indicando que a estabilidade dos edifícios não está assegurada e que o colapso das habitações pode acontecer a qualquer momento colocando em perigo quem mora nas imediações. Pelo que decidiram vir a público lançar um alerta a tempo de se evitar uma tragédia.

Um deslizamento de terras, ocorrido, a 4 de janeiro de 2014, no loteamento Retiro da Princesa, provocou uma derrocada de muros de suporte e danificou estruturas de três edifícios, obrigando cinco famílias a abandonar as habitações, até hoje.

O Município já foi condenado pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela a executar um plano de obras para evitar o colapso dos três edifícios, como consequência da sua omissão do dever de fiscalização e violação das normas urbanísticas.

Oito anos depois ainda se está a esgrimir argumentos em tribunal sobre que obras o Município deve fazer. O caso está emperrado, devido a recursos interpostos pela autarquia.

Enquanto nada se resolve, a estabilidade das casas agrava-se de tal forma que vários relatórios periciais do Laboratório Nacional de Engenharia Civil e das Faculdades de Engenharia Civil do Porto e Coimbra avisam que pode acontecer um rutura parcial ou até total dos edifícios.

Anabela Fergusson e Rui Neves, dois dos proprietários lesados não escondem a preocupação e vão avisando que pode acontecer uma tragédia se nada for feito.

“São oito anos de massacre em lume brando”, afirma Rui Neves, que deixa críticas à justiça pela morosidade deste processo, mas também à autarca mirandelense por nunca ter tentado encontrar uma solução para resolver o problema das pessoas.

“Vemos a câmara em tribunal sempre a dizer que os edifícios estão seguros e que não é necessário fazer mais obras. Só se estão à espera que aconteça uma tragédia como a que aconteceu recentemente no Brasil, em que um bloco de rocha que toda a gente sabia que tinha fissuras e toda a gente assobiou para o lado como o Município de Mirandela tem feito ao longo do tempo e depois quando acontece a tragédia ai meu Deus”, diz Rui Neves.

Anabela Fergusson adianta mesmo que o Município já terá gasto 400 mil euros em obras provisórias quando podia ter feito as obras definitivas.

Os custos das famílias em relatórios, peritagens, custas judiciais e advogados já ascendem a mais de 20 mil euros e continuam sem as casas, mas continuam a ter de pagar os empréstimos aos bancos, a pagar o IMI e os seguros.

Anabela Fergusson não esconde a revolta com a situação. “Andamos aqui a empurrar com a barriga uns para os outros e não chegamos a lado nenhum e que nos preocupa é que há pessoas a habitar junto a estas casas e são pessoas que sem apreciarem o risco do que está ali a acontecer. Se amanhã acontecer uma tragédia quem é que vai ser responsável. Porque nós andamos a gritar, a dizer ao tribunal, a dizer à câmara que isto está a piorar, as peritagens dizem isso, mas ninguém se interessa e depois se acontecer uma tragédia, o que vão dizer?”, questiona Anabela Fergusson.

As famílias pretendem que a autarquia seja obrigada a recolocar a segurança definitiva dos imóveis e habitações próximas, com a reconstrução dos muros de suporte.

Sobre este caso, a presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, considera que o Município não pode assumir a resolução definitiva do problema sem primeiro o tribunal avaliar de quem é a responsabilidade do deslizamento de terras e do consequente desmoronamento dos muros de suporte.

“Não estava na câmara, na altura, mas aquilo que me é reportado, é que os serviços técnicos cumpriram com tudo o que eram os procedimentos definidos naquelas condições”, afirma Júlia Rodrigues. A autarca diz ter consciência de que “é um processo longo e que desgasta todos, é obviamente um problema social para as família, mas o Município nada pode assumir sem se avaliar de quem é a responsabilidade, desde que foi elaborado o processo de loteamento, a tipologia, o tipo construtivo das habitações, as declarações de responsabilidade de todos os técnicos envolvidos e na câmara, eventualmente, mas para já temos dado suporte jurídico a tudo aquilo que foi o comportamento da câmara à data”, conclui.

Um processo que continua emperrado na justiça há oito anos e sem fim à vista. 

Escrito por Terra Quente (CIR)

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