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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 22 de março de 2022

Falharam-nos. Falhámos.

 Os líderes do mundo ocidental, aquele onde por sorte vivemos, falharam-nos e só agora é que começamos a sentir. A saber, já foi antes, mas não ligamos. Dos escombros da Segunda Guerra Mundial, aquela em que gente igual a nós, foi capaz de causar o mais horrível e alargado sofrimento, conseguiram com a nossa ajuda, proporcionar-nos um mundo melhor.

Melhor, ao ponto de nunca antes ter havido nada igual. No pós-guerra, seguindo os preceitos da Social Democracia e da Democracia Cristã, as políticas levadas a efeito permitiram o alcance de formas de vida em que o bem-estar passou a ser dado adquirido para o comum dos cidadãos, com a exceção infeliz para alguns devido a circunstâncias próprias e contextos particulares.

A coisa foi ao ponto de as pessoas da geração a rondar a meia-idade quase se ter esquecido do antes, ou a não saber dele e pessoas da geração imediatamente posterior, a páginas tantas a se convencerem que o natural e o garantido era esse tipo de quotidianos. Sobressalto daqui sobressalto dali, afirmara-nos que desde que houvesse empenho, o futuro seria minimamente risonho e que o caminho do seu rumo seria sem impedimentos inultrapassáveis.

Formataram-nos assim e nós moldámo-nos. Prometeram e nós acreditámos, porque nos convinha e porque merecíamos e merecemos. Mas os nossos líderes por falta de carisma, de visão e de competência falharam-nos. Não cumpriram o prometido como é devido. Hoje em dia neste inverno do nosso descontentamento começamos a concluir que o futuro já não é o que era e não será o que disseram que seria.

A História movida pelas circunstâncias que os homens lhe acrescentam, vai modificando conteúdos e formas, vai fazendo perecer umas coisas e vai fazendo surgir outras numa dinâmica imparável, umas vezes previsível e com tino, noutras imprevisível e sem nexo. Depende do que sucede e do censo que brota em cada momento e em que cada interveniente.

Por exemplo, e para irmos ao ponto, depois de em boa hora se ter derrubado o muro de Berlim com o fim evidente do embate entre duas ideologias antagónicas em cujo nome se orientavam os assuntos, o mundo ficou sem norte. Passou a grassar a postura do salve-se quem puder, num ganhe quem mais for capaz, sem nada orienta para um todo, e tudo para o cada qual por si.

Os que faziam e fazem papel de estadista, salvo uma ou outra exceção, prostituíram-se e prostituíram-nos. A força do dinheiro semeou o encanto pelo vil metal na proporção inversa com que se esqueceu a moral. Os políticos venderam as políticas, fazendo vista grossa às origens das fortunas infames que esvoaçavam e se escondiam deixando colaterais e chorudos proveitos. O imediato substituiu o médio e o longo prazo. Os contextos deram os pretextos. As vaidades vãs tomaram o lugar do conhecimento. Tudo se tornou volátil e nada ficou firme ao ponto de estarmos agora com o chão a fugir-nos debaixo dos pés.

Os nossos líderes do final do século XX e da primeira década do século XXI falharam-nos. Foram tontos, todos concluímos agora. Mas nós, meros cidadãos, senhores do poder de escolher, também falhámos. Todos deixámos que o mundo virasse um lodo, um charco infestado de seres repelentes, mas luzidios.  

Não estivemos bem, porque os elegemos e somos responsáveis. Falhámos porque acreditamos sem refletir. Falhámos porque nos encantámos com o fátuo trocando o essencial pelo acessório. Falhámos quando comprámos olhando ao preço e não às condições tantas vezes escravas de produção. Falhámos porque não ensinamos os nossos filhos que nem sempre o que reluz é ouro. Perdemos o hábito de olhar para o lado.  

Somos humanos. Por isso falhámos. Mas porque assim somos, também construímos, também sabemos ultrapassar e também sabemos vencer. É só emendar e seguir. Com os erros também se aprende. No fundo, isso é a inteligência. Só não falha quem não faz.

Manuel Igreja

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