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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 4 de setembro de 2022

ADRIANO MOREIRA, ATÉ JÁ, PARA FALARMOS DO PRÓXIMO SÉCULO

 Adriano Moreira completa 100 anos no próximo dia 6 de setembro e é a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa a anfitriã da única cerimónia pública que irá assinalar o dia do seu aniversário. Muitas foram as homenagens prestadas e muitas mais ainda irão acontecer até ao final do ano, mas no dia do seu aniversário serão os transmontanos de sangue ou de coração que estarão à sua volta para lhe cantar os parabéns e envolver a sua história num abraço de aquém e além Marão.

E tudo isto, estar ao lado do Professor no dia do seu centésimo aniversário, nasceu de um sonho. Do sonho de Hirondino Isaías, Presidente da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro. Recordo-me bem do dia em que me telefonou e apresentou a ideia. Estávamos em dezembro de 2021, na semana do Natal. Pouco tempo depois, reuniu uma Comissão e determinado como é nunca mais parou. Enfrentou dificuldades, contornou contrariedades e orgulhosamente perseverante foitornando este sonho numa imensurável realidade.

Adriano Moreira não é um trasmontano. Adriano Moreira é O transmontano. O homem cujo perfil define uma região e é definido por ela, mas que simultaneamente se projeta para além desse lugar na profundidade do espaço e do tempo.

Vi pela primeira vez o Professor em Bragança, em meados da década de oitenta e, de imediato, a sua aparência física me lembrou Miguel Torga. Depois disso muitas outras vezes o encontrei e conversamos. Quase sempre os nossos diálogos começavam ou acabavam nas crónicas do Novíssimo Príncipe. Foi o primeiro livro que li de Adriano Moreira e também, de todos eles, o que mais me fascinou, pela sua impressiva abordagem crítica e reflexiva.

Adriano Moreira, de recorte austero, é acima de tudo um pensador. Um criador e recriador de ideias, flexível na sua delineação e desenvolvimento. Obstinado e, simultaneamente, adaptável e plurivalente. Foi e será, possivelmente, sempre um personagem controverso da história. Enquanto jovem foi simpatizante da Oposição Democrática e chegou a ser preso, contudo, as teses do luso-tropicalismo que, entretanto, abraçara levaram-no a aproximar-se do regime, o o regime dele. E ao recordar esse tempo, lembro-me que foram estas mesmas teorias sobre a relação de Portugal com os trópicos e o importante e papel que os portugueses tiveram na criação dessa primeira civilização moderna, que me levaram também ao seu encontro no início dos anos noventa. Eu era jovem, ávida de conhecimento e queria que ele me falasse dessa extraordinária e especial capacidade de adaptação dos portugueses aos trópicos, não por interesse político ou econômico, mas por empatia inata e criadora, como ele dizia. Uma maleabilidade natural e intrínseca, que resulta da nossa própria origem étnica híbrida, da nossa bi-continentalidade e do longo contacto com mouros e judeus na Península Ibérica. E tantas vezes, ao longo da vida, voltei a esta lição, que resume o nosso humanismo e o nosso universalismo, numa cronologia de séculos de miscigenação e de interpenetração cultural.

Do secular Adriano Moreira, o transmontano sem tempo, defensor da liberdade, da igualdade e do direito à felicidade ficará para a história a afirmação inabalável da universalidade partilhada da língua portuguesa: a língua portuguesa não é nossa, também é nossa. E com igual inspiração e a mesma certeza concluo, dizendo, que Adriano Moreira, o único português que foi realmente respeitado em dois regimes antagónicos, não é nosso, também é nosso!

Artigo de opinião escrito por Lídia Praça
 – Presidente da MEL – 
Mulheres Empreendedoras da Lusofonia

1 comentário:

  1. Uma singela e humilde homenagem em "poesia/prosa" ao nosso contemporâneo e conterrâneo maior, aqui fica:

    Adriano Moreira
    Este é o Transmontano Maior (...)
    em nosso tempo de alucinados,
    de líderes com pouco humano valor
    o seu estatuto de real sabedoria
    é imenso, deveras colossal (...)
    como das almas/espíritos maiores
    que ao Planeta Terra desceram
    para serem grandes professores
    neste caso para bem de Portugal.
    05 de Setembro de 2022

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