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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

NUM DISTRITO ONDE O COMBOIO TARDA EM VOLTAR A APITAR A REDE DE TRANSPORTES LIMITA A VIDA DOS UTILIZADORES

 Os poucos horários entre Bragança e as aldeias, bem como entre a capital de distrito e os restantes concelhos, provocam algum desagrado


Neste momento, o distrito de Bragança é o único do país onde o comboio não apita em absolutamente lado nenhum. E, apesar de agora estar em cima da mesa uma ligação ferroviária Porto-Bragança, passando por Vila Real, que ligará a região também a Espanha, muito vai tardar até voltarmos a ver o comboio aqui passar já que o Plano Ferroviário Nacional é para concretizar até 2050. Segundo se esclareceu na apresentação desta intenção, a viagem Bragança-Porto deve demorar menos de duas horas. Mas vai demorar, no limite, 28 anos até que se concretize. E é se se concretizar já que promessas os transmontanos têm visto muitas. E enquanto esperamos pelo comboio resta-nos, em termos de mobilidade, utilizar o que dispomos. No que diz respeito à linha férrea, estamos um pouco esquecidos e, como tantas vezes o povo diz, votados ao abandono, mas no que resta aos transmontanos, há motivos de orgulho?

Poucos horários entre Bragança e as aldeias do concelho motivam algumas queixas

O Serviço de Transportes Urbanos de Bragança (STUB) nasceu em 1985 com quatro autocarros e outros tantos percursos. Volvidos 25 anos da criação do STUB, em 2010, contavam- -se já quatro linhas urbanas e 12 rurais. Agora, em 2022, há menos uma linha urbana, segundo o mapa deste transporte público, disponibilizado no site da Câmara Municipal de Bragança, mas há mais duas linhas de transporte de pessoas para as aldeias do concelho. Em termos de linhas, o serviço cresceu e serve o concelho todo, bem como a cidade. Ainda assim, há sempre pessoas que se queixam dos atrasos e, sobretudo, de haver poucos horários, no que toca à deslocação entre a cidade e as aldeias. Mariana Silva é do Porto, mas vive em Bragança, onde estuda no politécnico. Começou a utilizar o STUB para se deslocar entre casa e o estágio que acaba de começar. Apesar de o transporte ser gratuito, começou a sê-lo por causa da pandemia e ainda assim se mantém, diz que é complicado compreender algumas coisas. “Não percebi bem como funciona a rede. A informação que está no site da câmara está bastante confusa. Há um mapa disponibilizado na internet, mas acho que é complicado de entender”, esclareceu a nova utilizadora de uma das linhas urbanas do STUB, que disse que estava “há bastante tempo” à espera que o autocarro ali passasse. Em termos de horários, diz que “são suficientes”, pelo menos para a utilização que pretende fazer. Ainda assim, habituada a outro cenário, a do Porto, considerou que, para uma capital de distrito, “talvez os horários não sejam suficientes”. Disse até mesmo que a cidade não perdia nada se tivesse metro. “Sou do Porto, não propriamente do centro, mas é uma realidade completamente diferente, há mais horários e mais opções para as pessoas se deslocarem”, vincou ainda. Bruna Santos também é utilizadora dos transportes disponibilizados pela câmara de Bragança. Não utiliza o STUB porque este não chega à aldeia onde vive, mas tem uma alternativa diferente. Quem se desloque para Pinela, como é o caso desta jovem de 13 anos, pode fazê-lo através de um autocarro da Rodonorte. A aluna da Escola Secundária Abade de Baçal, que, à tarde, apanha o autocarro na estação rodoviária, assinalou que “não há atrasos” e os que existem “são completamente normais”. O que é menos bom, segundo referiu, é o facto de só haver um “determinado horário”. Ou seja, de manhã, ou se vem para a cidade mesmo àquela hora ou não se vem. Caso seja preciso ir a Bragança à tarde também só há um horário. “Eu apanho o autocarro por volta das 7h30 para vir para a cidade e depois apanho-o por volta das 17h30 para ir para casa. São estes os horários que tenho. Caso só tenha aulas de manhã, também posso ir para casa às 14h00”, esclareceu. Quanto a horários, para a aluna “estão bem” porque “combinam” com os afazeres que tem, mas diz que ouve algumas queixas. “As pessoas da minha aldeia queixam-se um bocadinho. Quando vêm à cidade fazer determinadas coisas dizem que depois estão muito tempo à espera pelo autocarro porque só podem voltar para casa ou às 14h00 ou às 17h30”, afirmou. Diana Vaz também é utilizadora de um destes autocarros. Vive em Gimonde e frequenta a Ensibriga. “Acho que, de manhã, como têm que ir a muitas aldeias, temos que estar muito tempo à espera na paragem. Tanto demoram muito tempo como um pouco menos”, esclareceu a jovem, que diz que tem aulas às 8h30 mas que o autocarro “tanto chega 20 minutos antes como apenas cinco”.

Ligações de autocarro entre concelhos com horários limitados

Em 2020 a Rodonorte e a Rede Expressos estabeleceram uma parceria, no que toca ao transporte de passageiros e mercadorias e ao que parece, em Novembro, voltaram assinar um protocolo para melhorar os serviços e alargar horários. Contactado o responsável a Rodonorte, até agora não prestou qualquer esclarecimento sobre esta nova parceria. Para quem quiser fazer viagens de Bragança a Lisboa ou até ao Porto a oferta é vasta. O horário e o bilhete são facultados no site da Rede Expressos, mas o transporte é feito pela Rodonorte. Através destas empresas é possível viajar até Lisboa e Porto e voltar no mesmo dia, mas o custo da viagem é superior ao da Flixbus, outra oferta de transporte, que vamos dar a conhecer ao longo desta reportagem. No entanto, no caso desta empresa, a oferta de horários é bem mais reduzida. Quer isto dizer que ter uma oferta mais alargada pesa mais na carteira. Além das viagens entre o Norte e Centro do país, a Rodonorte é responsável ainda pela ligação entre os vários concelhos do distrito, nomeadamente à capital de distrito, Bragança. Ao que conseguimos apurar, só em Carrazeda de Ansiães é que não há oferta de transporte até Bragança e vice-versa. Miranda do Douro e Vinhais têm até oferta de dois horários de ida e volta, um de manhã e outro à tarde. Mas no caso de Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro, as pessoas são obrigadas a vir para a capital de distrito por volta das sete da manhã e só têm alternativa para regressar às 15h30. Sabe-se ainda que há uma carreira especifica que faz a ligação Mirandela-Bragança e vice-versa e que é “muito utilizada” por trabalhadores, visto que chega à capital de distrito às 8h30 e sai às 17h45. Estas ligações são usadas maioritariamente por estudantes que vêm para Bragança diariamente completar o ensino obrigatório. É também usado por pessoas mais idosas.

Flixbus “mudou o paradigma” em Bragança

A Flixbus inaugurou, em Abril deste ano, o primeiro autocarro expresso 100% eléctrico em Portugal. A viagem deste primeiro veículo aconteceu entre Bragança e o Porto. A empresa integra Bragança já desde 2017, quando abriu a rede internacional. Depois, em 2020, começou a fazer a ligação entre Bragança e algumas outras cidades. Veio para ficar e impôs alguma concorrência. Com a Flixbus abriu-se um outro mundo de horários e de preços. Segundo contou o team leader de Portugal da empresa, Tiago Cavaco Alves, neste momento, a Flixbus oferece quatro viagens diárias ao Porto, tanto para a cidade como para o aeroporto. Os autocarros que ligam Bragança à cidade Invicta também passam por pontos como Vila Real e Amarante. “Nesta quadra de Natal, dada a adesão, estamos a pensar aumentar o número de viagens para estes destinos, passando elas a ser cinco por dia”, esclareceu o team leader português. A Flixbus oferece outras duas viagens, também elas diárias, para Lisboa, com paragem em Coimbra e em Viseu. Questionado sobre se é suficiente a frequência com que as viagens acontecem, seja para que ponto for, sendo que Bragança acolhe diversos alunos que frequentam o politécnico, a maioria originários de outras cidades do Norte de Portugal, Tiago Cavaco Alves, que disse que sim, que o são. Mas esclareceu que a empresa quer “crescer” de forma “sustentável”. Admitindo que os estudantes “são um dos públicos que mais prefere a Flixbus”, pelos “preços atractivos”, pela “comodidade” ao nível da reserva, já que “é tudo muito digital”, pela “qualidade dos autocarros” e pela “preocupação ambiental” que a empresa diz ter com a frota, Tiago Cavaco Alves referiu ainda que o crescimento também se justifica com os “resultados bons” que aqui se têm tido, sendo que a linha não tem sequer um ano. “Os passageiros, tanto os que saem de Bragança para outras cidades como os que vão de outras cidades para Bragança parecem estar contentes”, esclareceu o team leader da Flixbus, que disse ainda que o que se está agora a tentar compreender o que está em “falta”, sendo que “cinco horários já é uma base boa para as principais cidades”. “Estamos a tentar perceber que cidades e ligações devíamos integrar na rede”, afirmou. Segundo conseguimos apurar, junto de uma funcionária da estação rodoviária de Bragança, “há muita gente a aderir à Flixbus por causa dos preços baixos mas, muitas vezes, não tendo o número suficiente de passageiros, a empresa cancela as viagens e avisa os utilizadores por mensagem”. Esclareceu ainda que a empresa para a qual trabalha só vende viagens internacionais, através da Flixbus, mas mesmo assim “há muitos problemas”. Questionado sobre esta matéria, Tiago Cavaco Alves disse que “a Flixbus não opera viagens que só ocorrem com determinado número de passageiros”. Esclareceu ainda que a empresa opera “linhas regulares, devidamente licenciadas pelo IMT e pelos locais de paragem”. Já os cancelamentos ocorrem apenas quando há problemas com os autocarros, nomeadamente avarias. “Não existe qualquer política de cancelamento tendo em conta o autocarro ir mais cheio ou mais vazio”, esclareceu, dizendo até mesmo que o índice de pontualidade à chegada é superior a 93% e à saída é superior a 90%. “Os autocarros saem a horas e saem sempre”, sublinhou ainda, afirmando que a estratégia de preços, que não são sempre os mesmos, sendo mais baratos quanto mais cedo se compram, “têm trazido até mais gente à empresa”. Tiago Cavaco Alves diz que no Norte o número de passageiros “cresceu” porque “a oferta aumentou”. “Antes tínhamos apenas uma operador monopolista. Desde que ocorreu entre a fusão o operador nacional e o operador regional, com a falta de concorrência, a oferta sofreu. A Flixbus tem vindo a mudar o paradigma, oferecendo viagens a preços atractivos”, terminou.

Jornalista: 
Carina Alves / Ângela Pais

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