Só quem por lá passa é que sente o espírito daquele Carnaval, onde os protagonistas são os caretos: os seres misteriosos que fazem movimentos frenéticos de cor e som, através dos chocalhos e das máscaras intimidantes.
Raquel Rodrigues visitou pela primeira vez o Entrudo Chocalheiro e mostrou-se fascinada com a tradição.
“É um Carnaval completamente diferente do que estamos habituados a ver no resto do país, aqui é muito mais tradicional, tipicamente transmontano”, disse.
Muitos habitantes da localidade aproveitam os dias do Entrudo para abrirem as garagens e as adegas, para as transformarem em verdadeiros restaurantes, com a gastronomia típica transmontana.
Amélia Cesário, em conjunto com as irmãs, abriu no Entrudo de 2018 a garagem da casa do pai e transformou-a num dos principais locais de paragem da festa, para quem procura petiscar.
“O meu pai tinha aqui este espaço e nem sequer fomos nós, filhas, foi uma prima que nos desafiou. E foi assim que surgiu. Só abrimos nestes dias. Eu noto uma diferença, em relação a 2018 deve ter duplicado o número de tabernas que abriram e já pessoas até de fora”, contou.
Depois dos últimos anos marcados pela pandemia, este é o primeiro ano da festa sem restrições. Face aos milhares de pessoas que visitam Podence neste dia, há ainda questões de logística que devem ser melhoradas e António Carneiro, da organização, considera que, a criação de um Pavilhão, fosse uma das opções para resolver o problema.
“Esse aspecto tem que ser melhorado, porque estamos um bocado aquém e isso tem que ser por parte da autarquia de Macedo de Cavaleiros. O alojamento na região está completamente lotado, desde Vila Real a Bragança e por isso precisamos de melhorar em termos de estacionamentos e outros aspectos logísticos”, referiu.
Para o presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, Benjamim Rodrigues, “não se pode querer tudo”, dado o investimento que um pavilhão multiusos requer.
Os dias de folia vão continuar na aldeia de Podence até terça-feira. Todos os anos, durante o Entrudo a paz que habitualmente reina naquela aldeia de cerca de 200 habitantes no concelho de Macedo de Cavaleiros é interrompida pelas personagens endiabradas que saem à rua para chocalhar as raparigas.
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