O alerta é deixado por Susana Araújo, coordenadora técnico-científica da área de Ambiente de Montanha e Gestão de Ecossistemas do Laboratório Colaborativo MORE – Montanhas de Investigação:
“O bagaço de azeitona acaba por ser um subproduto do azeite que tem uma elevada carga orgânica, mas é muito rico em substância como os polifenóis, que podem ter alguma toxicidade no ambiente.
Isto é um grande problema a nível do impacto ambiental, pelo que se torna necessário desenvolver novas soluções que nos permitam lidar com esta questão da valorização desse subproduto, que é a maior parte que se obtém da produção do azeite. Outra questão é também minimizar o problema ambiental associado a esta cadeia de produção.”
Soluções estas que têm vindo a ser estudadas pelo Laboratório Colaborativo MORE, no âmbito de vários projetos nacionais, no sentido de desenvolver produtos, processos e soluções que tragam valor aos subprodutos da fileira do azeite.
Dos muitos projetos em que o laboratório esteve envolvido, um foi a criação de um composto:
“Um dos mais interessantes que desenvolvemos foi estabelecer um processo de compostagem que permite que o bagaço de azeitona seja, de alguma forma, através de uma série de processos naturais, convertido num composto que pode atuar, quer como fertilizante, quer como condicionante das propriedades do solo.
O laboratório atuou ao nível da otimização e certificação deste processo.
Desenvolvemos um produto, resultante deste processo, o compólia, que é o composto derivado do bagaço de azeitona.
Uma das particularidades muito interessante deste composto é que, por exemplo, permite, na sua produção, a incorporação até 50% deste subproduto, que é nefasto.”
Outra das alternativas estudadas é a incorporação do bagaço de azeitona em rações para o alimentar a raça do porco bísaro:
“Neste caso o projeto visava trazer desenvolvimento de novas soluções para que o subproduto fosse valorizado através da sua inclusão nas formulações das rações para estes animais. Estamos a falar da raça bísaro, que é endógena da região, não é produzida em tanta quantidade como outras, e se alimentação trouxesse propriedades interessantes à carne destes suínos, se calhar poder-se-iam desenvolver alguns produtos diferenciadores.”
O Laboratório Colaborativo MORE está agora a identificar qual a melhor forma de implementar estas alternativas.
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