quinta-feira, 21 de março de 2024

Miranda do Douro acolhe encontro para revitalização das línguas minoritárias europeias

 Miranda do Douro acolhe a 11 de abril o 3.º encontro OWL+, promovido pela União Europeia, que visa aumentar a sensibilização para o papel dos professores e educadores na revitalização e manutenção das línguas minoritárias, foi hoje divulgado.


Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), Alfredo Cameirão, disse que este encontro vai permitir levar a Miranda do Douro, no distrito de Bragança, especialistas europeus ligados ao ensino, preservação e divulgação das línguas minoritárias.

Esta iniciativa da UE é um consórcio que incluiu vários parceiros, entre os quais professores de saami do sul na Noruega, latgaliano na Letónia, frísio ocidental na Holanda, mirandês em Portugal, ou o asturo-leonês em Espanha.

“Um dos grandes objetivos passa por partilhar experiências e aprender com estes especialistas europeus a forma de como tratar a línguas minoritárias que cada vez são mais importantes em contexto europeu”, vincou.

O OWL+ é um projeto Erasmus+ que cria caminhos para os educadores integrarem línguas ameaçadas com poucos recursos nas suas atividades de ensino.

Trata-se de um grupo de cinco organizações, em cinco países diferentes, que trabalham em conjunto em caminhos para o uso de línguas com poucos recursos em ambientes educacionais, como é o caso da língua mirandesa.

Gema Zamora, uma especialista espanhola em línguas minoritárias, avançou que é preciso perceber a experiência que os mirandeses têm na promoção e divulgação da sua língua, podendo ser um incentivo para outros países europeus com idiomas minoritários.

“A comunidade mirandesa tem muita energia e entusiasmo na preservação da sua língua e mantém uma rede importante e contactos na Península Ibérica para a sua divulgação, muito diálogo com regiões espanholas como a Estremadura, Galiza ou Astúrias”, frisou a investigadora.

De acordo com este consórcio, “em muitos contextos, o ensino das línguas minoritárias carece de recursos e/ou de visibilidade”.

“Os professores e educadores que escolhem esta carreira estão a apropriar-se desta questão específica nas suas comunidades e, por isso, são proativos no desenvolvimento e valorização do seu trabalho”, lê-se na página oficial desta organização europeia.

O objetivo final do projeto passa por criar ferramentas que visam sensibilizar os educadores para as línguas com poucos recursos, fornecer-lhes informações adequadas sobre essas línguas e incentivar a sua integração em diferentes contextos de aprendizagem.

A disciplina de língua mirandesa é lecionada no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro em todos os ciclos e anos escolares e no presente ano letivo frequentam a disciplina 78% da totalidade dos alunos matriculados.

Portugal assinou a Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias em 2021.

O mirandês passou a segunda língua oficial em Portugal há 25 anos, após a aprovação da lei na Assembleia da República, em 17 de setembro de 1998, que conferiu este estatuto ao idioma falado no Nordeste Transmontano.

FYP // TDI
Lusa/fim

Sem comentários:

Enviar um comentário