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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 9 de março de 2025

… quase poema… ou das longas partidas

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Os sinos tocaram a finados. Assustamo-nos sempre que se ouve o som lúgubre no campanário da pequena igreja. A aldeia fica de luto. Não é só mais um vizinho que foi descansar depois duma longa e honrada caminhada… é toda a aldeia que paulatinamente está a morrer…
… cada recanto do povoado guarda memórias… a chegada da horta… o carro carregado de feno… o balir do rebanho…  os filhos brincando nas eiras… 
…da minha varanda já não vejo os meus vizinhos…  um sol poente, lá para os lados da Senhora da Serra, anuncia a vida noutros mundos, noutras paragens...
… estou de luto… de luto pesado … pelos meus vizinhos que durante tantos anos lavraram a terra… colheram os frutos… criaram os filhos… e a aldeia animava-se…
… morrem-me os vizinhos…  guardo este silêncio que grita….
… ficam os freixos altaneiros… fica o ribeiro… ficam as hortas… ficam as memórias que carregamos ao colo… e fica esta tristeza imensa  em  forma de pranto que se ouve no descampado transmontano…
… acendo a candeia de azeite… minha Senhora da boa morte recebe amorosamente os teus filhos…
… esta é a minha prece!


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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