O espetáculo surge no contexto de dois dias de trabalho, e na reta final da exibição da “Exposição Mente. Sente?” que esteve patente no Museu de Arte Sacra, desde 6 de dezembro, em Macedo de Cavaleiros.
“Um momento em que mostraram emoções, a sua história de vida e a sua “verdade”, como contou muito emocionada, Bela Oliveira, que é aluna há 9 anos e que contou que esta universidade foi o melhor que lhe aconteceu na vida:
“Espetacular. Emocionei-me e muito, porque são muitas emoções que transmitimos. Eu representei a minha mãe, que me deu vida e o ser que tenho hoje. E sou muito grata por ela, apesar de hoje ser o dia do pai, porque também foi muito importante para mim. Mas a minha mãe mais, porque me deu vida. E e todos os colegas dissemos um pouco da nossa verdade. Todos sentimos muito estas emoções. Nós já estávamos há dois dias a preparar isto. Foi muito pouquinho. Mas a professora Inês convidou-nos para este fim. E de facto foi extraordinário. E nunca tive tanta emoção na minha vida. Já tive algumas sim, com os meus filhos, mas hoje foi espetacular”.
Já o público era composto por utentes de centros de dia, como do Lar de Grijó e também da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros, que apreciaram a iniciativa:
“Sim, gostei”, contou Maria Artilheiro de 96 anos.
“Gostei, sim senhora. Porque é o dia do nosso pai, que já faleceu há muitos anos e hoje mesmo rezamos por ele”, disse Ana do Fundo, de 83 anos.
“Gostei muito, porque vamos para idade e gostamos”, confidenciou Maria Pinto de 90 anos.
O desafio foi feito pela professora Inês Falcão, a quem coube a direção artística da exposição, que considera que têm que ser realizadas mais ações com a Universidade Sénior:
“Penso que nós temos que fazer mais atividades deste género, a nível da arte e da componente artística, com a mente a aquilo que sentimos. Porque é uma emoção forte que nos toca um bocadinho a todos. Dentro daquilo que se está a passar a nível global e a nível do país, estes momentos fazem-nos pensar, duas três, vezes. E até levar aos mais jovens estes espetáculos e performances”.
O trabalho foi dirigido por Tânia Oliveira Pires com os alunos, que desenvolveu práticas artísticas para obter paz interior. Um momento livre de interpretação:
“É que nós diariamente somos obrigados a ser pouco emotivos, não é? Parece que temos que controlar tudo aquilo que sentimos e as emoções. Ou porque parece mal, ou porque temos que estar sempre congelados. E aqui o objetivo era o oposto, era a pessoa poder libertar-se. Poder ser aquilo que é. Porque é isso que nos torna humanos e transforma a humanidade. Ou seja, criamos aqui um coletivo de pessoas, que têm uma história, e que a pode partilhar e sentir. Ser livre. A nível expressivo. Ser ela própria, desenvolvendo a sua própria autenticidade. Este workshop vem neste contexto, também na saúde mental, que é tão importante nos dias de hoje. E a meu ver, para haver saúde mental, tem de haver a procura de autenticidade e da pessoa ser mais livre”.
A capacidade criativa destes alunos é muita:
“Têm tanto para dar e nós podemos aprender tanto com eles. E podemos ajuda-los a viver a sua terceira idade da melhor forma, porque ainda há muita vida para viver”.
Também a vereadora da Área Social, Coesão Social e Bem- Estar do município de Macedo de Cavaleiros, Susana Viana, esteve presente, e não ficou indiferente:
“A Arte na Saúde mental. E os alunos trouxeram de si, a sua vida, as suas vivências, e aquilo que projetam para o futuro. Todos nós transportamos uma vida, não é? E, algumas partes da nossa vida são dolorosas e são difíceis de transmitir em palavras e houve alguns alunos que se remeteram ao silêncio, mas pela sua expressão conseguimos perceber qual era a mensagem que queriam transmitir”.
Um trabalho dirigido pela artista plástica Tânia OP (nome artístico) que investiga práticas artísticas de paz interior, com a professora Inês Falcão, em parceira com o Município de Macedo de Cavaleiros.
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