Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

GRAÇA MORAIS INAUGUROU A SUA EXPOSIÇÃO "LINHAS DA MEMÓRIA" NA MESMA ESTAÇÃO ONDE, EM TEMPOS,, "GOSTAVA MUITO DE VIR COM A MINHA MÃE"

 A Estação das Artes (antiga estação da CP agora requalificada), em Mirandela, tem patente ao público a exposição “Linhas da Memória” da autoria de Graça Morais com a curadoria de António Meireles, Diretor do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança. 


A inauguração aconteceu, no passado domingo (25 de maio), dia em que o Município assinalou os 775 anos da atribuição da Carta de Foral.

A pintora transmontana marcou presença, sublinhando que esta mostra de arte contemporânea “pretende promover a reflexão sobre temas socialmente inquietantes e aproximar a sociedade à arte através da criação artística”.

Nascida em Vieiro, Vila Flor, Graça Morais - que tem uma das mais ilustres obras da pintura contemporânea portuguesa – sublinha a sua preocupação “em fazer uma escolha de obras que nasceram numa aldeia muito perto de Mirandela, o Vieiro, onde nasci”, diz. 

Mas, a pintora também destaca o simbolismo de apresentar estes quadros na antiga estação, agora transformada em Estação das Artes. “Muitas destas pessoas que estão aqui, fotografadas por mim e pintadas, muitas vezes vieram a Mirandela, no comboio, como eu usava e a minha mãe”, acrescenta.

“Gostava muito de vir à Mirandela, porque havia tudo. O mercado era ótimo, sobretudo recordo-me do mercado da Feira de Ano, antes do Natal, em que a minha mãe vinha comigo, comprar polvo, congro e bacalhau. E para mim aquilo era uma maravilha e lá íamos as duas carregadas para esta estação, onde entrávamos, e depois na estação da Abreiro tínhamos à espera, na altura dizia-se, o criado do dia”, recorda.

São os rituais femininos da zona campestre onde nasceu que marcam de forma muito particular o seu trabalho. Mulheres e bichos, muitas vezes ambos apresentados numa só figura, revelam as suas raízes e a vida difícil de quem trabalha o campo. “Tive a sorte de ter dois mundos: um mais ligado à terra, ao olhar, à intuição, e depois o Vieiro, realmente aquela relação com as pessoas que sempre tive, mas hoje vou lá e fico muito triste porque a minha mãe já morreu, aquelas mulheres que estão ali retratadas estão quase todas no cemitério, mas acho que a minha obra continua a falar delas e elas estão vivas, e isso é que é importante, o legado é este”, conta a pintora.

No entanto, Graça Morais, agora com 77 anos, revela que nos últimos tempos, o seu trabalho está muito ligado à situação atual no mundo. “Tenho andado muito angustiada, só as pessoas muito egoístas ou meias estúpidas é que não se preocupam com a situação que o mundo está a atingir, e a própria Europa, porque nós estamos entalados entre uma guerra na Ucrânia e entre um louco que está a governar a América, que são pessoas sem coração e que estão a fazer muito mal ao mundo”, diz.

Recém-chegada de uma visita a Paris, Graça Morais confessa que gostou imenso de voltar às suas raízes. “Estou cá há quatro dias para orientar esta exposição, e fiquei tão cheia de felicidade, porque as estradas estão cheias de malmequeres, as gestas estão amarelas e acho que a natureza dá-nos força. Temos é que olhar para ela. E eu agora vou pintar esta força antes que venha o sol e queime tudo”, garante.

O Vereador ligado ao pelouro da Cultura, Vítor Correia, sublinha a importância do novo espaço de cultura na cidade. “Fazer um investimento na Estação das Artes foi decisivo, foi determinante, no ponto de vista da reabilitação do unificado. Porém, um dos maiores desafios é a sua manutenção, dar-lhe vida e dar-lhe também continuidade àquilo que foi, outrora, a Estação. Hoje não é uma Estação de Caminhos de Ferros, é uma Estação de Artes, uma Estação onde as viagens são de outra natureza”, diz Vítor Correia.

A opção do executivo, acrescenta, tem passado por ter naquele espaço, exposições de artistas de renome nacional e internacional. Tal como fizemos com o mestre José Rodrigues, alguém ligado ao território, a Graça Moraes, uma artista de renome nacional e internacional, uma mulher do nosso território, uma mulher que retrata precisamente o que é que é são as vivências do dia-a-dia e isso tem toda a relação com a nossa linha de comunicação que é o nosso território”, refere.

Se antes, "os turistas visitavam os edificados e as paisagens, hoje as pessoas vêm ao território e querem saber do que é constituído, como é que são as pessoas. E parece-nos que esta exposição da Graça Morais trata disso mesmo, das dificuldades da mulher no campo, no terreno, as dificuldades de outrora, desta linha de memória que ela quer fazer transmitir”, conclui.

A exposição vai estar patente ao público na estação das Artes, até dia 2 de janeiro de 2026

Artigo escrito por Fernando Pires (jornalista)

Sem comentários:

Enviar um comentário