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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Notícias da aldeia

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)


 Na minha aldeia, somos tão poucos que até os pássaros me reconhecem.
Sentado à sombra da cerejeira, escuto o sino da igreja cumprir, pontual, seu ofício antigo de anunciar as horas. O sol declina, ardente. Um cão, livre como eu, sacia a sede no tanque de água tépida.
O vizinho atravessa a estrada: chapéu de palha a proteger-lhe o rosto, enxada ao ombro, vai plantar uma oliveira — ainda jovem, ainda esperança.
Dois melros pousam nos galhos da cerejeira. Chilreiam com a alegria de quem sabe rir com o corpo inteiro.
- Vamos às cerejas!
É isso que me dizem, tenho certeza, no seu canto de melro.
- Pois venham! Há cerejas para todos!
-  Está a guardar a cerejeira?! — pergunta o vizinho. 
- O diabo dos pássaros não deixam uma sequer!
Diz isso só por dizer, por não haver mais conversa.
Bendita seja a natureza, sempre tão plena.
Obrigado, melros, pela vossa leve companhia.
... E a natureza, mais que perfeita,
sabe sempre encontrar o seu compasso.
Felizmente, na aldeia quase deserta, ainda há dois melros que vêm às cerejas.
... Entardece.


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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