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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Despovoamento e Envelhecimento Populacional no Concelho e Distrito de Bragança


 O interior de Portugal, especialmente a região de Trás-os-Montes e o concelho e distrito de Bragança, enfrentam há muitas décadas uma tendência persistente de despovoamento e envelhecimento populacional. Esta realidade, embora complexa, reflete um desequilíbrio territorial crescente, com impacto profundo no tecido económico, social e cultural destas regiões.
Bragança é um dos distritos com menor densidade populacional em Portugal. Muitas aldeias encontram-se hoje reduzidas a pequenos núcleos de população envelhecida, com uma presença jovem quase inexistente. O fenómeno não é novo, desde os anos 60 que o interior foi fortemente afetado pela emigração e pela centralização económica no litoral. No entanto, a sua persistência levanta questões estruturais sobre o modelo de desenvolvimento do país.
A falta de oportunidades de emprego qualificado, a ausência de investimento público consistente e a concentração dos serviços essenciais nas cidades maiores criaram um ciclo de abandono. Os jovens partem para estudar e raramente regressam. O acesso limitado a cuidados de saúde, educação, cultura e mobilidade agrava a perceção de isolamento. A desertificação humana transformou-se num ciclo difícil de reverter.
O envelhecimento populacional não afeta apenas a pirâmide etária, compromete a sustentabilidade dos serviços sociais, já conduziu ao encerramento de escolas e unidades de saúde e acentua o abandono do património rural. Em muitas aldeias, é visível o desaparecimento gradual da vida comunitária, do comércio local, dos cafés e das tabernas, e das tradições culturais. A perda de massa crítica compromete também o potencial económico da região.
Apesar das dificuldades, Bragança tem conseguido alguns, se bem que poucos, sinais de vitalidade. O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) tem sido um motor de atração de estudantes nacionais e internacionais, promovendo conhecimento e inovação. Algumas aldeias começam a acolher imigrantes ou turistas que investem em casas abandonadas, e há projetos comunitários que procuram valorizar os recursos naturais e os produtos locais, como a castanha, o azeite, o fumeiro ou o vinho.
É urgente pensar o interior não como um espaço perdido, mas como uma oportunidade de futuro. Algumas propostas incluem:
  • Incentivos fiscais e habitação acessível para famílias jovens que se fixem no território;
  • Apoio ao empreendedorismo rural e valorização dos produtos endógenos;
  • Reforço da conetividade digital e física, com redes de transportes e internet de qualidade;
  • Integração de imigrantes e nómadas digitais, que podem contribuir para revitalizar comunidades;
  • Descentralização administrativa, garantindo maior autonomia às autarquias;
  • Promoção do turismo sustentável e da educação ambiental.
Na aldeia onde habitualmente passo a maior parte do tempo, é raro o dia em que não há quebras no abastecimento da energia eléctrica, mais do que uma. Incompreensível, estamos no séc. XXI e pagamos o kWh ao mesmo preço de quem vive na zona urbana. Estas realidades não atraem pessoas.
Reverter o despovoamento e o envelhecimento populacional em Bragança e noutras regiões do interior exige uma visão estratégica, articulada entre o Estado, as autarquias, as universidades, ou politécnicos e as comunidades locais. Importa preservar memórias, mas tem que se garantir o futuro, regenerar o território, reinventar modos de vida e devolver dignidade e centralidade a quem escolhe viver perto da terra.

HM

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