Decidimos entrar. No interior, esperava-nos uma surpresa: um conjunto de painéis de azulejos “Os Anjos da Montanha” de Graça Morais e, nos escaparates de entrada, vários livros sobre a artista. Deu-me nas vistas uma capa com uma pintura conhecida. Abri-o, li aqui e ali passagens do texto introdutório da autoria de António Carlos Carvalho, entrecortado por belíssimas fotos de Roberto Santandreu e revi pinturas e desenhos de Graça Morais. Achei-o interessante no seu todo e, por isso, resolvi comprá-lo para oferecer mais tarde à nossa amiga como recordação. Já no carro, voltei a abri-lo e, numa das primeiras páginas, reparei num mapa do norte de Portugal, assinalada a amarelo-torrado, a região Terra Quente Transmontana, no nordeste transmontano que abarca cinco municípios: Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alfândega da Fé, Mirandela e Macedo de Cavaleiros.
Mapa: Terra Quente Transmontana |
Ficou delineado, a partir daí, o percurso que iríamos seguir. Chegados à pousada, em Bragança, enquanto o meu marido procedia ao check-in, atraída pelo bom gosto reinante, fui até à sala de estar e aí uma nova surpresa: no centro da parede fronteira à ampla lareira acesa, vi uma tapeçaria. De quem? Graça Morais.
Vista panorâmica a partir da Pousada de S. Bartolomeu /Bragança |
Na manhã fria do dia seguinte, depois de uma noite confortavelmente dormida, quando o sol começava a aquecer, saímos para descobrirmos o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais. Foi fácil. Fica no centro histórico, muito perto da Sé. Ocupa um solar do Século XVIII, sendo o projecto de recuperação e adaptação da autoria do Arquitecto Souto Moura. Além da extensa área reservada a obras da artista (sete salas), o Centro tem também um núcleo destinado a exposições temporárias, num edifício moderno adjacente.
Centro de Arte Contemporânea Graça Morais |
Foi neste espaço que tivemos a oportunidade de apreciar a exposição de pintura e desenho: Graça Morais – Uma Antologia, com dezenas de trabalhos produzidos entre 1970 e 2013, muitos deles expostos pela primeira vez. A terminar a visita, vimos um documentário produzido por Joana Morais, filha da pintora, que nos ajudou a conhecer melhor a vida e a obra de sua mãe. Saímos a pensar: quão reconfortante há-de ser para Graça Morais ver a família mais chegada envolvida no seu trabalho artístico e quão gratificante o reconhecimento do seu valor por parte do município e das gentes bragançanas que estimam e sabem honrar os filhos ilustres da terra.
Texto e fotos: Jacinta Ribeiro
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