segunda-feira, 11 de junho de 2018

POR TERRAS TRANSMONTANAS – PARTE 1

No rasto de Graça Morais
Tudo começou com uma prenda de anos, um voucher de duas noites para duas pessoas na Pousada de S. Bartolomeu, em Bragança. Uma amiga do peito, sempre atenta aos nossos gostos e interesses, não queria que nem eu nem o meu marido perdêssemos uma exposição de Graça Morais, patente no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança. Pusemo-nos, pois, a caminho. A viagem, sempre em auto-estradas, foi fácil e rápida, com uma única paragem em Carrazeda de Ansiães. Estacionámos o carro em frente de uma casa brasonada, aproximámo-nos e vimos então que aí funcionava a Biblioteca Municipal.


Decidimos entrar. No interior, esperava-nos uma surpresa: um conjunto de painéis de azulejos “Os Anjos da Montanha” de Graça Morais e, nos escaparates de entrada, vários livros sobre a artista. Deu-me nas vistas uma capa com uma pintura conhecida. Abri-o, li aqui e ali passagens do texto introdutório da autoria de António Carlos Carvalho, entrecortado por belíssimas fotos de Roberto Santandreu e revi pinturas e desenhos de Graça Morais. Achei-o interessante no seu todo e, por isso, resolvi comprá-lo para oferecer mais tarde à nossa amiga como recordação. Já no carro, voltei a abri-lo e, numa das primeiras páginas, reparei num mapa do norte de Portugal, assinalada a amarelo-torrado, a região Terra Quente Transmontana, no nordeste transmontano que abarca cinco municípios: Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alfândega da Fé, Mirandela e Macedo de Cavaleiros.


Mapa: Terra Quente Transmontana

Ficou delineado, a partir daí, o percurso que iríamos seguir. Chegados à pousada, em Bragança, enquanto o meu marido procedia ao check-in, atraída pelo bom gosto reinante, fui até à sala de estar e aí uma nova surpresa: no centro da parede fronteira à ampla lareira acesa, vi uma tapeçaria. De quem? Graça Morais.



Vista panorâmica a partir da Pousada de S. Bartolomeu /Bragança

Na manhã fria do dia seguinte, depois de uma noite confortavelmente dormida, quando o sol começava a aquecer, saímos para descobrirmos o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais. Foi fácil. Fica no centro histórico, muito perto da Sé. Ocupa um solar do Século XVIII, sendo o projecto de recuperação e adaptação da autoria do Arquitecto Souto Moura. Além da extensa área reservada a obras da artista (sete salas), o Centro tem também um núcleo destinado a exposições temporárias, num edifício moderno adjacente.



Centro de Arte Contemporânea Graça Morais

Foi neste espaço que tivemos a oportunidade de apreciar a exposição de pintura e desenho: Graça Morais – Uma Antologia, com dezenas de trabalhos produzidos entre 1970 e 2013, muitos deles expostos pela primeira vez. A terminar a visita, vimos um documentário produzido por Joana Morais, filha da pintora, que nos ajudou a conhecer melhor a vida e a obra de sua mãe. Saímos a pensar: quão reconfortante há-de ser para Graça Morais ver a família mais chegada envolvida no seu trabalho artístico e quão gratificante o reconhecimento do seu valor por parte do município e das gentes bragançanas que estimam e sabem honrar os filhos ilustres da terra.





Texto e fotos: Jacinta Ribeiro

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