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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 6 de junho de 2015

Mogadouro - O Velho Chocalheiro visita à noite

Os chocalhos rompem o silêncio da noite. O Velho chocalheiro percorre as ruas de Vale de Porco. Na noite de 24 de Dezembro pedem cepo para armar a fogueira de Natal. No dia seguinte pede esmolas para o menino Jesus. Um ritual pagão com fins religiosos que se mantém vivo na aldeia do concelho do Mogadouro e que no dia 22 de Maio desfilou pelas ruas de Lisboa no Festival da Máscara Ibérica.
A 24 de Dezembro, o Velho chocalheiro percorre as ruas de Vale de Porco, concelho de Mogadouro. De porta em porta, pede cepo para armar a fogueira na praça central da aldeia. À meia-noite, a população concentra-se junto ao fogo de Natal.

A acompanhar este ritual está sempre o som ensurdecedor dos chocalhos pendurados no cinto de couro. «O velho chocalheiro volta a percorrer as ruas no dia 25 de Dezembro, no primeiro de Janeiro e, antigamente, também no Dia de Reis, a 6 de Janeiro», conta o presidente da Junta de Freguesia de Vale de Porco, Dulcínio Augusto Rodrigues, no decorrer do V Desfile da Máscara Ibérica que decorreu em Lisboa no dia 22 de Maio.
O fato de serapilheira, com carapuça, remata com uma máscara de madeira pintada com cores garridas. O ritual pagão acarreta sempre algum efeito demoníaco e assustador. É nestes trajos que a 25 de Dezembro e 1 de Janeiro, o velho chocalheiro pede esmolas que depois «entregará a Nossa Senhora da Conceição e ao menino Jesus», diz o mesmo responsável.
Apesar de a esmola ser entregue a elementos da Igreja Católica, Dulcínio Augusto Rodrigues sublinha que este é um ritual «totalmente pagão» cuja origem se perde no tempo. O ritual é reservado aos homens. As mulheres que quisessem juntar-se aos velhos chocalheiros podiam até ser mal interpretadas, «podiam mesmo ser pintadas com pó de carvão», conta o autarca, acrescentando entre sorrisos: «não se sabe é se este acto é mais para as banir do grupo se um mostra de carinho, ainda que um pouco brusca».
De resto, os chocalhos podiam ter a função de alertar a população da chegada do velho chocalheiro. Mas durante o ritual, os velhos chocalheiros também se aproximam das mulheres e fazem os chocalhos soar no corpo destas. Há aqui, também, um ritual de acasalamento associado.
Dulcínio Augusto Rodrigues conclui que esta tradição acontecia espontaneamente. Hoje sobrevive com o incentivo da junta de freguesia que mobiliza a juventude.
O Desfile da Máscara Ibérica acontece anualmente em Lisboa inserido no Festival Internacional de Máscara Ibérica, um evento organizado pela Associação de desenvolvimento e gestão do turismo cultural.

Sara Pelicano
in:cafeportugal.net

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