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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 6 de dezembro de 2015

CULTURAS NOS CAMPOS. PERSPECTIVAS CONCELHIAS ...continuação

...continuação
O concelho de Alfândega da Fé é um território de múltiplos cultivos, em conformidade com a área em que se insere por excelência, a Terra Quente. Por isso ao cultivo dos cereais, associa-se o azeite e o vinho e os frutos e produtos hortícolas. No seu conjunto porém o panorama é dominado em produção e valor económico pelo centeio, pelo trigo e pelo azeite. Nos cereais onde o centeio é dominante, seguindose- lhe o trigo. A cevada em algumas freguesias pode ser abundante (Memória de Parada). A oliveira – pela produção da azeitona para azeite, para comer e curtir – vai muitas vezes referida como cultura mais e muito abundante. Vai referida em maior abundância para Vale Pereiro, Cerejais, Sendim da Ribeira; acompanhando a maior abundância com outras culturas, como o centeio e o trigo, vai também referida para Vila Chã, Vilarelho, Alfândega da Fé (Vila), Pombal. Mas este deve ser o panorama mais comum.
Em Vilares de Vilariça, onde a cultura é abundante «há casas que recolhem cada um ano 200 a 300 almudes, quando se colhe». O vinho não sendo cultura abundante é dita, nalguns casos, de boa qualidade (Alfândega da Fé, vila; Parada).

De entre as frutas vai referida a gama própria à terra e ao clima: uvas, figos, nas hortícolas, os melões, o feijão, o grão de bico. Dos produtos hortícolas (melões, feijão, cabaças, cebolas, milhos, pimentos). Em Chacim diz o memorialista «há pessoas que em cada ano fazem de 40 a 50.000 réis de renda (Memória de Vilares de Vilariça). Tem também uma grande importância a castanha, de castanheiros bravos e de enxertia (Memória de Soeima). E, em particular, também a produção da seda.
Em Vilares de Vilariça é a melhor e mais fina, refere o memorialista: «há neste lugar uma grande necessidade de sirgo, que há casas que fazem a cada ano, 50 e 60.000 réis de seda (…) e sempre se vende por melhor reputação».

Nas freguesias haverá mais de 50 fiadeiras de seda e «acodem a esta freguesia muitas pessoas a mandar fiar o seu sirgo por ser melhor seda». E refere que aqui vem comprar os mercadores de Chacim, Bragança, Vinhais e Rebordelo. Mas de tudo o que se colhe é mais mediano que abundante (Agrobom). E o pão, muitos anos é necessário comprá-lo para os gastos das casas porque a produção não é suficiente (Memória de Vilares de Vilariça).
Vila Flor concelho de clima temperado, a terra é por isso favorável a um largo e vasto número de culturas que as Memórias Paroquiais enumeram, regra geral, para todas as paróquias. O tónus principal é dado pela cultura cerealífera associado ao vinho e ao azeite como culturas dominantes. O cereal é quase sempre a cultura senão dita a mais abundante, vai em regra entre as mais abundantes. Nelas domina o centeio sobre o trigo, mas num ou outro lugar este sobreleva aquele (v.g. Valfrechoso). Junto a estes refere-se também o milho grosso e com ele sempre associado o feijão (Candoso, Carvalho d’Egas, Mourão, Santa Comba), em alguns lugares dito também cultura abundante.

Há também a referência à cevada (Candoso). Sempre presentes também estão as culturas do vinho e do azeite, frequentes vezes referidas ao lado do pão como culturas de grande quantidade e maior abundância. A produção de azeite é, aliás, referida a maior cultura e produção em Vila Flor e Vilarinho de Azenhas. Vai referida em geral a boa e excelente qualidade do azeite e vinho, este dito excelente em Candoso: «porque não tem nada de verde, nem é muito maduro».
A castanha vai também de um modo geral referenciada para todas as terras, em algumas delas com colheitas abundantes dada a grande quantidade de castanheiros (Candoso, Carvalho d’Egas, Val do Forno). Particular expressão no concelho tem a cultura das amoreiras e do sirgo ou bicho da seda. É a sua cultura muito abundante em algumas freguesias e algumas delas entra no rol das culturas mais abundantes, tal como em Trindade, Mourão, Candoso, Carvalho d’Egas e Santa Comba.
Nestas duas últimas refere-se inclusive os quantitativos da produção anual de seda , respectivamente 80 e 120 arráteis. O elenco dos recursos completa-se nalguns casos com importante produção de nabo (Carvalho d’Egas), melões (Santa Comba) e arvores de fruta, cerejeiras, pessegueiros.
Não há referências quantitativas às produções; as referências qualitativas dão a ideia de um geral «remedeio» para o sustento da comunidade. A tomar como exemplo e generalizar os dados e referências qualitativas referidas para Carvalho d’Egas, cujo padrão de culturas deve dar o tónus mais geral do concelho, colhe-se centeio em maior quantidade, que deve bastar para a comunidade, trigo pouco, milho grosso e feijões «em meio», vinho para a metade do ano. Em contrapartida colhe muito nabo, muita castanha e produz muito sirgo. Os excedentes para exportação estão aqui presentes e vão referenciados o pão e o azeite, que se exportam pelo porto de Foztua (referenciadas, aliás, estas exportações, como sendo característica do concelho, em Candoso e Carvalho d’Egas).
Em Freixo de Espada à Cinta o políptico das culturas exprime uma realidade de um pequeno
concelho fortemente integrado na Terra Quente: os cereais – centeio, trigo e cevada; o vinho, o azeite e a amêndoa. Nos cereais, o centeio domina sobre o trigo, a cevada produz-se em pequena quantidade, residual, vem de qualquer modo referenciada para todas as paróquias.

O vinho o que se colhe é para consumo local; muito pouco em regra. A estatística da dizimaria de 1790 fornece, para cinco freguesias da área do Douro a seguinte proporção: 66,4% ao centeio; 26% ao trigo; 7,4% à cevada. O milho grosso aparece numa destas freguesias com um valor insignificante. O azeite, tal como a amêndoa pode atingir «bastante quantidade, conforme os anos» (Memória de Freixo). A amêndoa é de facto a rainha dos frutos da região, a que se associa em quantidade considerável também o figo e a cereja, a maçã e a pêra. Mel e cera são outras produções assinaláveis por, como refere o Memorialista de Ligares, «ser a terra de colmeias e amendoeiras em abundancia».

Memórias Paroquiais 1758

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