Avós e netos com origem no concelho de Miranda Douro e emigrados nos quatro cantos do mundo ficaram neste sábado mais próximos, com início de um projecto assente nas novas tecnologias, que pretende quebrar o isolamento familiar.
O ponto de partida para a nova "ponte" tecnológica foi dado pela Associação Leque, na aldeia de Águas Vivas, onde Maria Rosa Fernandes, de 70 anos, a viver sozinha, falou com a sua filha e neta que residem em Toronto, no Canadá, num momento descrito "como único", apesar da diferença horária entre os dois países.
"Tenho três filhos e todos eles estão emigrados em países como a França e o Canadá. Hoje falei com a minha filha, que está em Toronto. Há ano e meio que não a vejo e foi uma alegria enorme falar com elas [filha e neta] e, ao mesmo tempo, estar a vê-las", disse a septuagenária à agência Lusa.
O projecto será agora desenvolvido em dez aldeias do concelho de Miranda do Douro, podendo estender-se aos municípios de Mogadouro e Alfândega da Fé, todos no distrito de Bragança.
Numa primeira fase, haverá um contacto com a comunidade de emigrantes, seguindo-se a identificação das necessidades de cada um dos seus familiares mais idosos, bem como a instalação de equipamentos.
Hoje, além da ligação para o Canadá, foram feitos também contactos para o Japão, a Espanha e França. O próximo país a ser objecto de ligação no âmbito deste projecto é a Austrália.
A mentora do projecto, Celmira Macedo, lamentou, no entanto, o facto de as operadoras de redes móveis não darem a "devida atenção" ao interior profundo, para que este tipo de projectos, que assentam na Internet móvel, "tenham uma maior qualidade e rapidez".
"Trata-se de uma iniciativa com uma forte componente social e para nós é muito complicado desenvolvermos o projeto com mais qualidade", indicou.
Os pontos de ligação de áudio e imagem com recurso ao ‘Skype' começaram a ser instalados nas sedes das juntas de freguesia para os idosos com mobilidade. Para os que tenham mobilidade reduzida ou estejam acamados, os equipamentos serão colocados nas residências de cada um.
Por outro lado, a também psicóloga disse que a ideia passa por identificar os idosos em situações de isolamento e colocá-los em contacto directo com filhos, netos e outros familiares, espalhados pelos cinco continentes.
"Este projecto agora iniciado vai-se desenrolar, pelo menos, ao longo de um ano, e a ideia passa pela angariação de fundos junto da comunidades para dar continuidade ao trabalho", frisou Celmira Macedo.
O projecto tem, igualmente, uma componente de tratamento da parte física, psíquica e social das pessoas seniores intervenientes no projecto.
A ajudar a lidar com as novas tecnologias vão estar no terreno técnicos preparados e para a implantação do projecto, a associação Leque beneficia da circunstância de ter vencido um dos prémios "BPI - Seniores", no âmbito de uma parceria com o município de Miranda do Douro.
Agência Lusa
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