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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 12 de julho de 2015

A Morte de Jesus Cristo

Local: Montouto, VINHAIS, BRAGANÇA
Informante: Maria Danta (F), 86 anos, Montouto (VINHAIS) BRAGANÇA


Deus, quando o crucificaram. Ele fugiu à morte, foi-se esconder a um horto e a judiaria andavam-no a buscar e uma velha que era da judicaria também (assim velha como eu), e disse-lhe: 
 — Andais a buscar o ladrão? Vimo-lo ali naquele horto, que anda a colher couves, anda a roubar, anda a colher couves! 
 Foi, donde o foram agarrar foi à horta, donde lhe puseram um grande madeiro em cima e arrastavam-no preso por uma corda e ele com o madeiro em cima e fazerem-no anarizar. Tudo p’los nossos martírios, p’los nossos pecados, Pai do Céu! Despois ia todo suado, quando os judeus o levavam e foi Verónica, mulher, e disse-lhe: 
 — Limpa-me, limpa-me, Madalena! 
 Logo lhe ficou o rosto dele estampado no pano, donde Madalena o limpou. Seguiu a sua crucificação até ao Calvário, donde despois foi levantado um grande madeiro, cravado de pés e mãos, com..., com pregos, com cravos, cravados nos pés e nas mãos. E Nossa Senhora a ver cravar o seu bendito Filho, devagando lágrimas. Depois disseram-lhe, então, que ela que não era Nossa Senhora que era uma mulher como as outras que fora, que fora criada por obra e graça, mas eles não acreditaram, diziam que fora mulher mundana, como as outras e chamaram-lhe puta (digo assim mesmo, porque foi o que lhe chamaram). E chamaram-lhe puta. E agora Deus que de tudo deixou no mundo: 
 Há putas, porque na hora em que lhe chamaram a Nossa Senhora mulheres mundanas ficaram. E há ladrões, porque foi a coisa que lhe chamaram a Nosso Senhor, ladrões deixaram. Desgraçadas as horas em que nascem certas criaturas, porque quando nasce uma criatura nessas horas, nasce com o destino que Nosso Senhor lhe põe. Por isso é que não podemos dizer nem aquele é mau nem aquele é bom, porque nasce com aquele destino. Subindo à cruz, pregado de pés e mãos, Sua Mãe bendita, voltando lágrimas. Despois S. José e Nicodemo, quando foi pró baixar da cruz pediu-lhe: 
 — Minha Senhora, baixamos o teu filho da cruz? 
 E ela disse-lhes que sim, que o baixassem. 
 — Pois, com tu permisso, Senhora, nós o baixaremos. 
 Entregaram-lh’a coroa de espinhos e pregos e tudo a Nossa Senhora e botaram-nos numa cestinha, donde o sepultaram, num sepulcro tal e qual como uma pessoa pecadora. E Nossa Senhora ajoelhou diante do seu bendito Filho, coberta de luto. Donde òsdespois foram enterrar. Foram-no enterrar e botaram-lhe umas grandes pedras em cima. Nosso Senhor era prometido ao terceiro dia ressuscitar, ressuscitar e vir ao Mundo, e ressuscitou. Levantou-se de sepulcro. Foram ver, viram umas pedras levantadas, umas pedras muito grandes. Não acreditavam que ele se levantava dali, mas como era imenso, e Deus tinha todo o poder, levantou-se. Depois, então, vieram dar notícia que Nosso Senhor tinha ressuscitado e eles despois não acreditavam e foram ver o sepulcro; donde então viram que ele se levantara e viera ao Mundo. Donde òsdespois, quando foi dia de Páscoa, apareceu aos seus discípulos, que são uns padres, e fazendo a ressurreição como a faz. Não sei se é em todos os sítios, se é só nalguns. Se calhar lá pra baixo não se faz isso, a ressurreição, que ressuscitou Nosso Senhor. Ao segundo dia ressuscitou e subiu-se ao Céu para nunca mais morrer. Fazei estas exéquias para que o povo saiba qu’havia um Deus que nos domina. Certas pessoas não querem acreditar. Tenho a minha fé e ninguém ma tira. Ninguém ma tira por uma coisa nem por outra. Tenho a minha fé e co ela chegarei até à morte. Não sou eu já tão nova. Estarei até nos fins da minha vida, mas a minha fé ninguém ma tira. E sem Deus, nada! Sobre Deus tudo! 
E àquele que diga que não há Deus e que Deus que não é imenso, não é boa pessoa, não é Cristão!

Fonte:SOROMENHO, Alda e Paulo Contos Populares Portugueses (Inéditos) I Volume Lisboa, Centro de Estudos Geográficos / INIC, 1984 , p.256-257

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