É cada vez mais frequente vermos os Media preenchidos com imagens de desastres naturais ou conflitos a ocorrerem em diferentes partes do globo. As alterações climáticas estão cada dia mais percetíveis e os conflitos são potenciados pela luta por recursos naturais.
O aumento dos conflitos e desastres conduz a uma crescente vulnerabilidade mundial e afetam, em particular, os países em desenvolvimento. É aí que as consequências destas catástrofes se sentem com mais intensidade: estima-se que 97% das mortes por desastres naturais ocorra em países em desenvolvimento. Um exemplo é o terramoto de 2010 no Haiti que provocou a morte de 200.000 pessoas, em contraponto com um terramoto de maior intensidade que pouco tempo depois, no Chile, vitimou um número muito inferior de pessoas (cerca de 526).
A maior parte dos países em desenvolvimento não está preparado para lidar com situações extremas. O aumento destas catástrofes deixa também as organizações humanitárias sobrecarregadas e, consequentemente, incapacitadas para agir por carecem de recursos adicionais que lhes possibilitem responder eficazmente a todas necessidades das populações vitimizadas. “É necessário que haja um esforço de todos e não só das organizações ou do Estado. É importante que a sociedade civil seja ativa na ajuda ao outro” afirma Cláudia Semedo, embaixadora do Ano Europeu para o Desenvolvimento.
É importante que, mais do que uma resposta pós-crise, haja um foco na prevenção de crises humanitárias. Este é um trabalho que requer um compromisso de toda a sociedade (governos centrais, autoridades locais, sociedade civil, doadores, setor privado, escolas, universidades) por serem necessárias estratégias abrangentes (institucionais, políticas, tecnológicas, ambientais, educacionais, culturais, de saúde, sociais, legais, estruturais, económicas) com grande coordenação e articulação em termos de planeamento, mobilização de recursos e execução.
A prevenção de crises permitirá reduzir rapidamente o impacto que estas catástrofes têm em números de vida, sofrimento, perdas de subsistência e modos de vida. É essencial que haja uma sinergia entre todos estes agentes para a criação de estratégias eficazes na preparação para catástrofes naturais e conflitos.
A União Europeia (UE) é o maior prestador de ajuda internacional pública do Mundo. No Consenso Europeu em matéria da Ajuda Humanitária, aprovado em 2007, a UE e respetivos Estados-Membros definiram um quadro estratégico para orientar as ações da UE para uma assistência humanitária eficaz a nível local, regional e nacional, incluindo a prevenção de riscos e a preparação das populações para as catástrofes naturais. São também promovidas iniciativas de voluntariado (Voluntários para a Ajuda da UE) para todos os que desejam ajudar.
“É importante ter um Ano Europeu dedicado à política externa europeia e, em particular, à Ajuda Humanitária, considerando o peso da UE na ajuda humanitária internacional pública do mundo. A nível nacional, a Ajuda Humanitária faz parte de uma das três áreas de atuação da Cooperação Portuguesa, tendo como prioridade os PALOP e Timor-Leste” assegura Ana Paula Laborinho, presidente do Camões – Instituto para a Cooperação e para a Língua.
Para preparar o futuro, irá decorrer em Istambul, nos dias 26 e 27 de maio de 2017, a primeira Cimeira Humanitária Mundial destinada a juntar a comunidade global para pensar novas formas de trabalhar em conjunto para salvar vidas e diminuir o sofrimento global, pensando nos desafios e vulnerabilidade globais crescentes.
“A ajuda humanitária constitui uma expressão fundamental do valor universal da solidariedade entre os povos, bem como um imperativo moral”. - Consenso Europeu em Matéria de Ajuda Humanitária, 2007.
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