Local: Linhares, CARRAZEDA DE ANSIÃES, BRAGANÇA
Ha em o destricto d’esta aldeia [de Linhares] meia legoa d’ella 20 passos do rio Douro, por cima do Cachão da Rapa em hum grande rochedo de fragas despenhadas ao mesmo rio hum alto penedo que no discurso de 30 palmos de alto abaixo e largueza no baixo e alto de 8 palmos e no meio de 12 estão gravados com vivas côres das que aqui se mostram muitos caracteres, dos que vam com as quatro estampas adiante, do que todos sendo necessário se remetera a estampa por bem se lhe poder tirar por suas vivas cores, que a tradição tem se reformam todas as manhans de São João Baptista em que sem duvida se acham renovados; em a dita distância, que esta muito lisa sem musgos, estando delles coberto todo o mais penedo.
Com advertencia de que pondosse huma pessoa a olhar para elle, fica com as costas entre norte e poente, e lhe ficam os que parecem dados a mão esquerda e os que parecem caracteres a direita tudo em muita cantidade na altura e largueza da dita pedra de que aquelle sitio tem o nome de Letras.
No fundo desta pedra em que estão estas estampas e caracteres para a parte que olha para o Rio Douro está hum portal ao que parece será da natureza, e entrando por elle dentro se acha em pedra firme huma grande salla com asentos á roda, e no meio huma grande meza tudo de pedra, como dizem pessoas que nelle tem entrado, que affirmam ver-se desta salla outra porta, que vae para outras, que estam mais para dentro, adonde os presentes não tem entrado com pavor, porque intentando fazello com sobrepelliz e estolla em huma manhã de Sam João (em que se reformam as letras acima) o padre Domingos de Mendes confirmado que foi de Santa Marinha do lugar de Ribalionga no ano de 1687, ou para desenganar o vulgo que diz estar ali hum grande thezouro encantado, ou por ambição de o haver a si achando o, depois de entrar aquella primeira salla intentando entrar a segunda lhe deu tal fedor e pavor, que ficou tremulo e insensato e a poucos dias lhe cahiram os dentes, e nunca mais fallou de sorte que bem se intendesse.
Fonte:PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais), Vol. 2 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2010 , p.180
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(Henrique Martins)
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