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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Igreja Paroquial de Lagoaça / Igreja de Santo Antão

Portugal, Bragança, Freixo de Espada-à-Cinta, Lagoaça
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Igreja paroquial de planta longitudinal composta por nave única com quatro tramos, definidos exteriormente por contrafortes e interiormente por arcos diafragma, abatidos e assentes em pilastras, capela-mor mais estreita e sacristia adossada à fachada lateral esquerda; coberturas interiores de madeira, em masseira na nave e em falsa abóbada de berço com caixotões, na capela-mor, iluminado por janelas em capialço na nave e uma em arco abatido na capela-mor. 
Fachada principal em empena truncada por dupla sineira de volta perfeita, com os vãos rasgados em eixo composto por portal em arco de volta perfeita e janela rectangular, formando composição barroca. Fachadas com cunhais de cantaria e remates em cornija, as laterais rasgadas por portas travessas de verga recta. Interior com coro-alto sobre colunas, pia baptismal e púlpito no lado do Evangelho; retábulos de talha dourada do estilo barroco nacional, sendo o mor de estilo rococó. Em termos estruturais, segue o esquema das igrejas da zona fronteiriça, com grande expressividade na região da Guarda.
Número IPA Antigo: PT010404030037
Categoria
Monumento
Descrição
Planta longitudinal composta por nave única, dividida em quatro tramos, capela-mor mais estreita e dois corpos adossados à fachada lateral esquerda, um na nave, como espaço de arrumação e outro na capela-mor, constituindo a sacristia. Volumes articulados e coberturas diferenciadas e escalonadas, em telhados de duas águas na nave e capela-mor mais baixa, e de uma água na sacristia e anexo. 
Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa cinzenta, excepto a principal, em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, com cunhais de cantaria e remates em cornija na nave e beiral nos demais corpos. As laterais são marcadas, no corpo da nave, por três contrafortes de esbarro. 
Fachada principal voltada a O., em empena, escalonada na zona central, ostentando quatro pináculos, truncada por campanário de duas ventanas em arcos de volta perfeita, encimado por friso, cornija e pequena sineira, também de volta perfeita com cruz latina no remate, ladeada por pináculos; é rasgada por portal em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e de fustes almofadados, sustentadas por plintos paralelepipédicos com almofada na face principal, que sustentam dupla cornija saliente e friso, formando alfiz, rematado por pináculos embebidos no muro, que enquadram janela rectilínea, flanqueada por pilastras almofadadas, duplo friso e cornija, repetindo o esquema do pórtico, onde assenta nicho vazio flanqueado por aletas. 
Fachada lateral esquerda, virada a N., de quatro panos definidos pelos contrafortes, com porta de verga recta e moldurada, de acesso ao corpo adossado que se inscreveu entre dois contrafortes, embebendo-os, o qual apresenta, na face E., janela rectilínea; no terceiro tramo, janela rectilínea em capialço, com moldura de cantaria. Fachada lateral direita, virada a S., rasgada, no segundo tramo, por porta de verga recta e, no terceiro, janelão semelhante ao oposto; no corpo da capela-mor, janela em arco abatido, com moldura de cantaria e remate em pequena cornija. 
Fachada posterior em empena com cruz no vértice, surgindo, no lado direito, o corpo mais baixo e ligeiramente recuado da sacristia, rasgado por porta de verga recta, encimada por janela jacente. INTERIOR de quatro tramos definidos por três arcos diafragma, de perfil abatido, sustentados por pilastras toscanas, com paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por azulejos monocromos, azul sobre fundo branco, historiado com cenas da vida de Santo Antão; cobertura de madeira pintada de azul celeste, em masseira e pavimento de lajes graníticas, com estrado de madeira de ambos os lados, sob os bancos. Guarda-vento em madeira e vidro protege o portal e, sobre ele, desenvolve-se o coro-alto, que repousa em duas colunas dóricas romanas, assentes em plintos paralelepipédicos com faces almofadadas e decoradas por losangos, contendo pias de água benta, com acesso por escadas no lado da Epístola; partindo do coro, evoluem escadas pintadas de azul celeste, de acesso à sineira. 
Na nave, abrem-se, confrontantes, portas, a do lado do Evangelho de acesso a espaço de arrumação, e a oposta de ligação ao exterior, ambas com sanefas de talha e ladeadas por pias de água benta de bordo saliente. Também confrontantes, dois confessionários de madeira. No sub-coro, pia baptismal em granito, ladeada por pequeno nicho quadrangular para alfaias e encimado por registo de azulejo. Segue-se púlpito quadrangular, com bacia granítica assente em mísula, guarda de madeira torneada e acesso por escadas adossadas à parede no lado direito. No quarto tramo, os retábulos de madeira, dedicados às Almas, no lado do Evangelho, e de Nossa Senhora de Fátima, no oposto. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras, ladeado por dois retábulos colaterais, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus (Evangelho) e Senhora das Graças (Epístola). 
Capela-mor elevada por um degrau, totalmente revestida a azulejo semelhante ao da nave, com pavimento em lajes graníticas e cobertura em falsa abóbada de berço de madeira com 15 caixotões pintados com cenas da vida de Cristo, assente em cornija do mesmo material. Retábulo-mor de talha dourada e policroma, de verde e rosa, de planta recta e três eixos definidos por quatro pilastras e quatro colunas com os fustes decorados por concheados, as últimas com o terço inferior marcado, todas assentes em dupla ordem de plintos paralelepipédicos, os superiores decorados por acantos salientes; no eixo central, tribuna de perfil contracurvado com moldura pontuada por acantos e fecho saliente, com o fundo pintado de marmoreados fingidos e cobertura em caixotões, contendo trono expositivo de três degraus; nos eixos laterais, mísulas decoradas com querubins, protegidas por baldaquinos; ático com arquivolta de concheados, fragmentos de cornija, volutas e apainelados, com fogaréus laterais; na base da tribuna, sacrário flanqueado por anjos, encimado por baldaquino, tendo, na porta, um "Agnus Dei". 
Sobre supedâneo de dois degraus, a mesa de altar assente em duas colunas de talha. No lado do Evangelho, porta de acesso à sacristia com paredes rebocadas e pintadas de branco, tecto e pavimento em madeira, tendo lavabo de cantaria, com espaldar rematado por cornija e bica em forma de carranca. No anexo, surgem instalações sanitárias.
Acessos
Largo do Adro
Protecção
Inexistente
Grau
2 - imóvel ou conjunto com valor tipológico, estilístico ou histórico ou que se singulariza na massa edificada, cujos elementos estruturais e características de qualidade arquitectónica ou significado histórico deverão ser preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Imóvel de Interesse Público.
Enquadramento
Urbano, isolado, no centro de um largo, servido em redor por passeio calçado e circundado pela via pública. Implantado em terreno de pendor levemente inclinado, tendo dois degraus de acesso à porta travessa na fachada lateral direita. Em redor, desenvolve-se casario concentrado, maioritariamente incaracterístico.
Descrição Complementar
Os retábulos laterais são semelhantes, de talha dourada, de planta recta e um eixo definido por duas pilastras decoradas por acantos, assentes em plintos cúbicos e por quatro colunas torsas, percorridas por pâmpanos, que se prolongam em três arquivoltas unidas no sentido do raio. O do lado do Evangelho possui painel em relevo com a representação das Almas do Purgatório, sobre as quais surgem, ajoelhados, São Domingos e São Francisco, surgindo, no topo, uma Santíssima Trindade horizontal, ladeada pela Virgem e anjo. 
A predela encontra-se pintada; altar em forma de urna com o fundo marmoreado e, em relevo, acantos e concheados dourados. O oposto tem, ao centro, apainelado com motivos lineares, entrelaçados e acantos, onde surge mísula; altar semelhante ao anterior, mas ostentando cartelas. 
Os retábulos colaterais são também semelhantes, de talha dourada, planta recta e três eixos definidos por quatro pilastras finas com os fustes decorados por acantos e assentes em plintos paralelepipédicos, e quatro colunas torsas sobre consolas com pequenos anjos; os suportes prolongam-se em quatro arquivoltas com acantos e querubins, formando o ático, exteriormente rendilhadas e enquadradas por alfiz; as arquivoltas são interrompidas por cartelas, a do Evangelho com as iniciais "IHS" e, no oposto, "AM"; ao centro, painel com decoração semelhante ao de Nossa Senhora de Fátima, com mísula e, na base, sacrário; altares em forma de urna, semelhantes ao das Almas. Neste, surgem as inscrições: "Saldo da Mordomia de Emigrantes da Senhora das Graças no ano de 1982" e "Contribuição do povo em 1983".
Utilização Inicial
Religiosa: igreja paroquial
Utilização Actual
Religiosa: igreja paroquial (festa no 2.º Domingo de Setembro)
Propriedade
Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)
Afectação
Sem afectação
Época Construção
Séc. 16 / 17 / 18 / 20
Arquitecto / Construtor / Autor
CAIADOR: Teodósio José de Azevedo (1853). CANTEIRO: Manuel António Ferreira (1883). CARPINTEIRO: António Mouro Neto (1888). MESTRE DE OBRAS: Jerónimo da Silva Guimarães (1879). RETELHADOR: José António Mouro (1888).
Cronologia
Baixa Idade Média - época provável de edificação de um templo no local; séc. 16, final - provável construção da igreja; séc. 17 - reforma da fachada principal; séc. 18, início - execução dos retábulos da nave; meados - feitura do retábulo-mor; 1740 - execução do nicho e da terceira sineira; 1758 - nas Memórias Paroquiais, refere-se a existência de cinco altares, o mor, do Santíssimo Sacramento e Santo Antão, o de Nossa Senhora do Rosário, o das Almas, o do Santo Nome de Jesus e o do orago; existia uma Irmandade, do Santíssimo Sacramento; 1759 - era um curato apresentado pelo Marquês de Távora, transitando, nesta data, para a Coroa; 1832, 28 Março - alvará de licença para se encarnada e dourada a imagem de Nossa Senhora do Rosário, dado pelo provedor da Comarca de Mogadouro, a pedido do pároco, do juiz da igreja e do mordomo da confraria do Santíssimo; a despesa de "banha" a imagem foi de 5$000; 1834 - foram pagos 9$000 a Augusto César Lopes por conta do que abonou para encarnar a imagem da Senhora das Graças; 1836 - mandadas encarnar as imagens de Nossa Senhora do Rosário, por 3$500, e a de São Sebastião, por 1$500; 1838 - existiam, em Lagoaça, "mais de uma dezena de mordomias e confrarias", de Santo Antão, Santa Cruz, Senhora do Rosário, Senhora das Dores, Menino Deus, Santa Maria Madalena, Espírito Santo, Santo Cristo, São Brás, Senhora do Carmo, Santa Luzia, São Sebastião, Almas, Senhora das Graças, do Santíssimo; 1839 - ruína de um lanço da matriz; 11 Agosto - decide-se vender 100 alqueires de cal do Monte Giz, administrado pela Junta da Paróquia, para as obras necessárias; 1840 - a igreja encontrava-se a ser reparada; 1842 - os fregueses entregaram a quantia de 24$000 para reparar o imóvel; séc. 19, meados - compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento; 1852 - referência à prossecução das reparações; 1853 - documentação expressa que as paredes deveriam ser picadas, que as juntas da fachada principal deveriam ser preenchidas a argamassa e o telhado argamassado e branqueado; a obra foi entregue ao caiador Teodósio José de Azevedo, de Guimarães, por 57$600; 1867, 22 Julho - constituída como Paróquia Civil, sendo-lhe adstritas as paróquias eclesiásticas de Fornos, Carviçais, Estevais, Castelo Branco, Vilarinho dos Galegos e Bruçó; 1879 - obras na igreja, arrematadas por 107:500$000, por Jerónimo da Silva Guimarães; 1883 - feitura da pia baptismal pelo canteiro Manuel António Ferreira; 1888, 21 Outubro - obras na sacristia, que deveria ser "forrada a escama de peixe com madeira castanho novo" (PINTADO, p. 134), arrematadas por António Mouro Neto, por 26$000; pela mesma data, arranjo das coberturas por José António Mouro, gastando-se 4$410 em telha; 1911 - auto de arrolamento dos bens da paróquia refere os cinco altares em talha, alguns com pintura deteriorada, sendo o primeiro o de Santo Cristo, com a respectiva imagem, flanqueado por São João Evangelista
e Santa Maria Madalena, o segundo de Nossa Senhora das Graças, com a respectiva imagem, referida como nova, o mor com as imagens de Santo Antão e São Pedro, o das Almas, com as imagens de Santo Agostinho a, ao lado, um nicho envidraçado com Nossa Senhora das Dores; o altar da Senhora do Rosário com a respectiva imagem e a de São Sebastião; 1934, 26 Julho - são entregues às paróquias os bens que lhe haviam sido confiscados em 1911; 1958 - data no relógio colocado na torre; 1990, finais da década - conforme informação oral, construção do anexo adossado a N.; colocação de lambril de azulejos pela Comissão de Festas, segundo inscrição pintada no painel.
Características Particulares
Igreja com fachada principal em empena escalonada, ostentando um elevado número de pináculos, onde se destaca o portal, com arco assente em pilastras e flanqueado por outras pilastras mais elevadas, rematado por friso e cornijas, sobre as quais evolui janela e nicho rodeado por aletas, numa clara reprodução dos pórticos maneiristas do tratado de Vignola; todas as pilastras têm fuste almofadado. 
Tinha dupla porta travessa, como se depreende da existência de pias de água benta junto a elas, a do lado N. transformada em acesso ao corpo anexo, novecentista. As janelas da nave são em capialço, diferindo da existente na capela-mor, em arco abatido e rematada em cornija, revelando uma feitura mais tardia, já barroca. 
No interior, destaca-se o facto dos arcos diafragma repousarem em pilastras e não em panos de muro, as colunas do coro-alto, da ordem dórica-romana, incorporando pias de água benta e o retábulo das Almas, com painel em relevo, com interessante composição das Almas do Purgatório.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Estrutura em granito, rebocada; fachada principal, sineiras, contrafortes, modinaturas, cruz, cunhais, cornijas, frisos, pináculos, colunas, pias de água benta, pia baptismal, pavimento, púlpito e escadas em cantaria de granito; coberturas interiores, portas, retábulos, guardas do coro-alto e do púlpito, confessionários, estrados do pavimento e guarda-vento de madeira; janelas em vidro simples e guarda-vento com vidro martelado; coberturas exteriores em telha cerâmica; silhares de azulejo; grades das janelas em ferro.
Bibliografia
CARVALHO, Isabel Ruth Barrosa de Paula e PEREIRA, Maria da Assunção Queirós, Inventário do Património Artístico-Religioso do Concelho de Freixo de Espada à Cinta, in II Edição do Programa Nacional de Bolsas de Investigação para Jovens Historiadores e Antropólogos, Trás-os-Montes e Alto Douro, vol. 2, Porto, 1996; PINTADO, Francisco António, De Freixo a Freixo de Espada-à-Cinta, As Freguesias: Fornos, Lagoaça, Ligares, Mazouco, Poiares, vol. 2, Freixo de Espada-à-Cinta, 1997.
Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Administrativa
Intervenção Realizada
PROPRIETÁRIO: 1982 / 1983 - restauro do altar das Almas, segundo inscrição; 2002 - reparações gerais.
Observações
Autor e Data
Miguel Rodrigues e Alexandra Cerveira 2003

in:monumentos.pt

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