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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Bragança dos pequeninos

Presépios, figuras criadas ao pormenor, edifícios da cidade de Bragança reproduzidos à escala menor pelas mãos de José Santana.
Além do Rio é um recanto da cidade de Bragança muito especial. Um lugar pequeno, onde só o barulho do rio Fervença quebra o silêncio e onde há um mundo encantado que atrai miúdos e graúdos: o jardim do senhor José Santana. Não é um jardim qualquer. É habitado por pequenas figuras de esferovite e massa de azulejo que representam vários monumentos da cidade, em ponto pequeno. 
Imagine o imponente Castelo, a Catedral, a Junta de Freguesia de Santa Maria ou a Igreja de Santa Clara em miniatura. Consegue visualizar? São verdadeiras obras de arte feitas pelas mãos sábias de José Santana, um brigantino de 73 anos.
Foi há nove anos que o senhor Santana descobriu a habilidade para fazer bonecos ou monumentos, edifícios em ponto pequeno, depois não parou mais.
“Comecei por fazer o presépio quando cheguei de França e coloquei-o, na altura, na Torre Alta. Comecei a fazer e nunca mais parei”, conta o artesão.
Foi em França, onde esteve emigrado 37 anos, que fez os primeiros presépios, em miniatura para as filhas. 
Não é de estranhar a habilidade para estes trabalhos. É que José Santana construía pontes em território francês. “Ajudei a construir pontes famosas. Fiz uma ponte de 5 quilómetros para comboios. É um trabalho difícil. Foram muitos anos na construção, cheguei a ser chefe de equipa”, realça. 
E foi a vivência em França que inspirou José Santana a construir a Torre Eiffel, monumento emblemático daquele país, não no tamanho real, mas com cerca de três metros, que atrai a atenção de quem por ali passa.

Memória fotográfica
José Santana não precisa de fita métrica ou de esboços muito elaborados dos edifícios da cidade. A memória fotográfica é o seu melhor instrumento de trabalho. José Santana observa, tira notas e coloca mãos à obra. Às vezes confessa que tem que voltar a passar junto do edifício para se recordar de alguns pormenores.
A Praça da Sé, o Santo Condestável, a Catedral, entre outros locais e monumentos emblemáticos estão representados ao pormenor e quem olha tem a sensação que está a ver o edifício real. 
Os trabalhos são minuciosos. “Tenho que os fazer com calma. Às vezes faço, desfaço e volto a fazer. Em nove anos fiz isto tudo. Não sei dizer quanto tempo demorei a fazer cada um mas foi bastante”, afirma.
Outro trabalho que desperta a atenção de quem passa é a Torre de Pisa, o conhecido monumento italiano. José Santana não teve uma inspiração especial, viu numa revista de viagens e decidiu fazer, tal como o Taj Mahal da Índia. 
“Ninguém fica indiferente. Toda a gente gosta e pára para ver. As crianças adoram o presépio, mas este ano choveu muito e não conseguiram tirar muitas fotos”, enfatiza o artesão.
Figuras marcantes e tradicionais
São José, Maria, o Menino Jesus e o burrinho são as figuras que despertam mais interesse nos mais pequenos. São verdadeiras obras de arte, construídas por José Santana. “Faço isto tudo sozinho. Ninguém me ajuda nem a fazer nem a desfazer o presépio”, confessa.
Todos os trabalhos são especiais e não têm preço. “Faço por gosto e para mim. Já houve pessoas que quiseram comprar, mas não quis vender”, diz o artesão.
São muitas as pessoas que já sugeriram a José Santana mostrar os seus trabalhos em feiras de artesanato, mas este recusa-se. “É uma paixão e não uma forma de ganhar dinheiro”, justifica. 
De entre as várias figuras no jardim dos pequeninos de José Santana, os “bêbados” despertam a atenção. São três amigos sentados à volta de uma mesa como se de um ambiente de café se tratasse. A barba e o cabelo são reais. “Sempre que cortava o cabelo guardava e assim fiz a barba e o cabelo deles”, conta.
José Santana recria ainda profissões perdidas no tempo e que fazem parte do presépio do artista. A senhora que vai à água com o cântaro na mão, a fiadeira, o ferrador ou os pastores parecem ganhar vida no jardim dos pequeninos de José Santana.
E que dizer dos conhecidos Homens da Luta? De guitarra na mão e megafone, uma réplica fiel das figuras revolucionárias.
Os brigantinos não se cansam de observar as obras de arte de José Santana, tal como os turistas, especialmente os franceses. Tiram fotografias e os que todos os anos visitam Bragança ficam curiosos para saber se há figuras novas. 
José Santana olha atentamente para todas as obras de arte que criou nestes nove anos e pensa já no próximo trabalho que vai fazer. O Santuário de Fátima. Um autêntico desafio para o artesão, que em breve vai meter mãos à obra para recriar em ponto pequeno o lugar sagrado. 
José confessa que é “um trabalho complicado”, mas que quando começar não vai descansar enquanto não o terminar.
Destaques
Próximo desafio de José Santana é criar em miniatura o Santuário de Fátima
Turistas que visitam Bragança todos os anos ficam curiosos para saber se há figuras novas

Recordações do futebol
Mas, o talento de José Santana não é de agora e estende-se a outras áreas. José Santana jogou futebol, oito anos no Grupo Desportivo de Bragança, a médio e sempre titular. “Não era jogador de banco, nunca estive no banco”, conta com orgulho e nostalgia.
O artesão gosta de lembrar os jogos com o rival Mirandela, onde os adeptos viviam intensamente os dérbis. As rivalidades eram muito grandes, mas José Santana era dos poucos brigantinos bem-vindos em território inimigo. “Eu nunca tive problemas. Em Mirandela costumavam dizer que era o único que podia ir lá sem problemas”.
Perdido nas memórias da vida e neste caso do futebol, José Santana recordou com saudade os tempos da bola e da forma como outrora era vivido o futebol. “O futebol não era como agora. Hoje têm boas botas, bem preparadas, antigamente pesavam mais as botas do que nós. Jogávamos no campo do Toural e para chegarmos à baliza no Inverno era difícil com a lama que havia no campo. Antigamente suavam bem a camisola. O prémio era de 100 escudos, na altura dava para uns cafés com os amigos”, recorda.

in:jornalnordeste.com

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