sexta-feira, 15 de maio de 2015

“A violência doméstica não escolhe idade nem sexo”

Fundada em 1980 por um grupo de artesãos de Bragança a Associação  Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Bragança (ASMAB) é actualmente uma instituição de referência na cidade. O refeitório e a cantina sociais têm vindo a registar um aumento da procura mas é a violência doméstica que preocupa mais o presidente da direcção da instituição, Alcídio Castanheira.
Jornal Nordeste- A ASMAB surgiu a partir de uma associação de artesãos de Bragança e é actualmente uma instituição de referência da cidade. Pode-nos contar um pouco da sua evolução? 

Alcidio Castanheira- De facto, a ASMAB nasceu pela mão dos artífices de Bragança nomeadamente aqueles que tinham as suas oficinas na Rua Combatentes da Grande Guerra, mais conhecida por Rua Direita, em Bragança. Foi evoluindo e hoje, realmente, somos uma instituição com alguma referência na cidade.
A associação surgiu quando não havia estado social, somos uma mutualidade. Os nossos antepassados recentes mexeram em quase tudo, desde o apoio social à cultura. Até meados dos anos 70 a ASMAB foi a única responsável pela difusão do cinema em Bragança, no cineteatro Camões, tendo parado devido a um incêndio. Com o aparecimento do estado Social e a evolução da instituição, a ASMAB , desenvolveu também a vertente do apoio social. Actualmente, temos diversos acordos com a segurança social no âmbito do apoio social ás pessoas carenciadas, desde o centro de dia, centro de convívio, refeitório social, cantina social, à creche familar, gabinete de apoio á vitima e mais recentemente, uma empresa na área da lavandaria e limpeza.

Qual a valência que mais se destaca na instituição?

Dado o contexto actual, quase todas elas são importantes e nós não poderíamos prescindir de nenhuma. Somos muito solicitados no refeitório social e no apoio social às pessoas idosas. Destaco também a valência na àrea da violência domestica. O núcleo de atendimento às vítimas da violência doméstica foi criado em 2008 e envolve nove parceiros, além da ASMAB. Temos trabalhado muito bem, tanto na prevenção como no apoio das situações que ocorrem. É um problema transversal, não escolhe idade nem sexo. Inicialmente, o grupo era constitído por doze parceiros. Actualmente, são nove porque houve algumas extinções de instituições. É uma área que envolve desde as forças segurança, escolas, centros de saúde, aos hospital, portanto é um trabalho que realmente nos dá alguma referencia digamos assim e que nos reputamos de muita importância porque ainda acontecem muitos casos de violência domestica no nosso quotidiano.

No distrito de Bragança há crise económica e financeira veio agravar este problema da violência domestica?

Nós não temos dados antes de 2008 mas eu penso que, com as acções de prevenção sistemáticas que temos realizado em conjunto com as escolas, com a área da sáude e com as forças de segurança, as vítimas têm mais à vontade para se expor, o que tem levado a um aumento sistemático bastante acentuado nos últimos anos.

A procura do refeitório social tem registado um aumento significativo?

Sim. Há cerca de três anos, os refeitórios sociais de Bragança estavam a abarrotar e não tinham capacidade para dar resposta às solicitações.Por isso, apareceu o programa das cantinas sócias. Esse programa faz com quetenhamos mais cem refeições. Neste momento, servimos uma média de 400 refeições por dia, no âmbito do acordo e também para os nossos associados que vêm ao refeitório social.
Se não tivéssemos esse acordo com a Segurança Social, isso não seria possível. Onde realmente a solicitação tem sido maior e tivemos que alargar portas, foi sem dúvida, na alimentação, ou seja, refeitório e cantina sociais.

Na sua opinião, o que acha que falta fazer na rede social de Bragança?

Para mim, a rede social de Bragança é uma das melhores do país. As instituições estão bem articuladas e nunca ninguém diz que não a nada. É importante continuarmos com esse trabalho, reforçarmos os laços no âmbito da rede social e as instituições unirem-se o mais possível, de forma a dar uma resposta cabal a quem nos solicita todos os dias.

in:mdb.pt

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