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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 13 de setembro de 2015

AS MINHAS CUECAS “CHANNO”

Mesmo ao meu lado, o rapaz resmungava e fazia má-cara perante a insistência da mãe. Apercebi-me que ela fazia um enorme esforço para tentar convencê-lo a experimentar aquele número e modelo de calçado desportivo, marca Crivit, que em boa verdade só tinha visto no Lidl. Mas nada demovia o rapaz, mesmo que a mãe dissesse: “já levei para a tua irmã, ela gostou e duraram até lhe deixar de servir”; “só custam € 19,99”; “os que tu queres, da Nike… custam cinco vezes mais e duram o mesmo tempo.” Ao fim de alguns momentos de impasse a mãe acabou por lhe dizer: “Pronto… se quiseres compro-te os ténis da Nike na feira”. Foi como se a mãe acendesse um novo rastilho curto, pois o rapaz voltou a explodir de imediato, argumentando que era calçado falsificado e não tinha a mesma qualidade dos originais.

Vivemos num mundo que venera e incentiva o culto das “marcas de prestígio”. A própria indústria publicitária também faz uso de estratégias para atrair as marcas e fazê-las gastar mais, agora e cada vez mais através da via digital. Pelos vistos, este jovem teria apreendido a mensagem – repetida à exaustão, com envolvimento de quantias exorbitantes –, emitida por quem tem a missão de fazer apetecível um produto ou uma marca, mesmo que o rácio custo/qualidade não justifique a sua aquisição.

Quanto mais valorizado estiver o produto ou a marca, mais prolifera a contrafação, na expetativa de que estará assegurada clientela e o lucro fácil. Não é por acaso a frequência com que as autoridades, como a GNR – Guarda Nacional Republicana e a ASAE – Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (Órgão de Polícia Criminal) fiscalizam e fazem a retenção de mercadorias contrafeitas, por se estar perante imitação e uso ilegal de marca, acontecendo maioritariamente junto de vendedores ambulantes. Através do site da ASAE, na área do “Grupo Anti-Contrafação”, ficou-se a saber que em menos de 30 dias aconteceu a apreensão de mercadoria contrafeita nas seguintes localidades: festas de São Paio, Torreira (avaliada em € 36.000); na via pública em Faro (€ 3.000); na feira quinzenal de Moimenta da Beira (€ 28.000); através de fiscalização rodoviária, em Albergaria-a-Velha (€ 6.000); na feira semanal de Tondela (€ 70.000); na via pública em Santa Maria da Feira (€ 5.500)…

Entretanto, são muitos os consumidores – por uma questão de status –, a acreditar que lhes trará prestígio e distinção superior, perante os demais, o uso daquela mala “Louis Vuitton”, daqueles óculos “Dior”, daquela peça de vestuário “Dolce & Gabanna”, ou daqueles sapatos “Prada” ou ténis “Nike”, mesmo sabendo que esses ditos produtos de “luxo” têm uma forte probabilidade de serem contrafeitos ou “desviados” por amigos do alheio e (re)colocados à venda, na ilusão que importa mais parecer do que ser.

Jorge Nuno
Na qualidade de aposentado e sem ter a necessidade imperiosa de uma vida social ativa ou de ter que ir aperaltado para o emprego, sinto-me livre de ter que usar: uma gravata “Calvin Klein” (ou sequer usar gravata); uma camisa “Luchiano Visconti”; um fato “Armani”; uns boxers “Guess”; umas meias “Ralf Lauren” e uns sapatos “Galliano”. Como é bom sentir-me livre com o meu pijama de verão “Peng Li” (ou sem ele) e como é bom sentir-me livre com as minhas cuecas “Channo” (ou sem elas)!

© Jorge Nuno (2015)
in:jorgenuno-letras.blogspot.pt

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