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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Vila Nova

No termo de Vila Nova, concelho de Bragança, um quilómetro a sul daquela povoação, e quatro da cidade, nos locais chamados Devesa e Lombeiro Branco distantes entre si quilómetro e meio, há ruínas de povoados romanos, a julgar pelos objectos neles encontrados, tais como: muros, telhas, tijolos, cerâmica, lousas furadas, mós manuárias, pregos de pedra e de tijolo, moedas de cobre, uma das quais do imperador Tibério. Fica neste sítio a Cova do Tesouro, assim chamada por nela se terem encontrado muitas moedas de ouro, conforme diz o povo.
Segundo a tradição corrente em Vila Nova, essas ruínas eram chamadas antigamente «A quinta da Nogueirinha», e lá vive uma moura encantada, que alguém já viu transformada em cabra dourada. Supõem alguns escritores que a antiga Brigância está situada nestas ruínas e como o S. Jorge, que se venera na capela de S. Sebastião em Bragança, ia todos os anos no dia 23 de Abril, montado em cavalo branco, vestido de general, lança em riste, apajeado por um piquete de cavalaria com a respectiva música de clarins, acompanhado de muito povo e rapazio, em procissão custeada pela Câmara Municipal de Bragança, assistir a uma missa cantada na sua capela de Vila Nova, situada em frente das ruínas atrás descritas, não entrando na capela, porque, se lá entrasse, não podia sair, e sendo guardada no adro pelos moradores de Vila Nova, a fim da evitar que fugisse para as ruínas, pois da mesma forma lá ficaria, entende-se que tal usança representa a cristianização do culto pagão pela capela e por S. Jorge, levado para Bragança após o despovoamento do vicus ou pagus correspondente às actuais ruínas com obrigação, moral pelo menos, de o conduzirem á anualmente a visitá-las, a passar-lhes revista.
O facto de o guardarem para que não fugisse para as ruínas equivale à lenda concernente a vários outros santos e santas, já memorados nestas páginas, os quais, transportados para as igrejas dos povoados, fugiam de noite para as suas capelazinhas dos castros ou de locais assinalados por vestígios de civilizações arcaicas. É natural que nesta cristianização a igreja procurasse no seu calendário um santo de virtudes ou predicados correspondentes ao deus pagão que ia substituir, herdando-lhas mesmo muitas vezes na liturgia e conceito popular. Possivelmente, aqui em Vila Nova o fanum, sacellum ou loca sacra seria dedicado a algum deus mavórtico, e o povo, sem preocupações teológicas de maior, ficou sempre adscrito a um culto guerreiro, sem ligar grande importância ao protagonista, quer ele se chamasse Marte, Apolo, vencedor da serpente Pythoni, Perseu, do monstro que atacava Andrómeda, Hércules, das suas famosas empresas guerreiras, quer S. Jorge ou o arcanjo S. Miguel, exterminador da serpente infernal. O culto é que valia: o nome era coisa secundária.
Uma moeda de cobre romana, encontrada nas ruínas da Devesa da Vila Nova, próximo a Bragança. No mesmo local apareceu cerâmica romana e mais outra moeda romana do imperador Tibério.

(Abade de Baçal, tomo IX)

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