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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Manuel Ferreira Deusdado

Diplomado pelo Curso Superior de Letras, de Lisboa; professor liceal de história, geografia e filosofia; antigo membro do Conselho Superior de Instrução Pública; doutor honoris causa em filosofia e letras pela Universidade de Lovaina; membro da Academia Real das Ciências de Lisboa; da Real Academia de História de Madrid; decorado com medalha de prata de Mérito, Filantropia e Generosidade; delegado de Portugal ao Congresso Penitenciário Internacional de S. Petersburgo, ao Congresso Antropológico de Bruxelas, ao Congresso da Associação Francesa para o Adiantamento das Ciências, de Limoges; comendador e grande-oficial da ordem imperial de S. Estanislau da Rússia; gentil-homem da corte imperial russa; comendador da real ordem de Isabel, a Católica, e reitor do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo.
Nasceu em Rio Frio de Outeiro, concelho de Bragança, a 7 de Abril de 1858 (233) e faleceu em Lisboa a 21 de Dezembro de 1918. Era filho de José António e de D. Florência Ferreira; neto paterno de António José Ferreira e de D. Maria Fernandes, naturais de Genízio, concelho de Miranda do Douro, e materno de António Ferreira e de D. Luísa Cavaleiro. Pelo lado materno, tinha o doutor Deusdado como trisavó D. Maria de Miranda, irmã do célebre intendente Manuel Gonçalves de Miranda, de onde provem o criptónimo Cavaleiro de Miranda, com que assinou algumas produções, em artigos de jornais, principalmente. Sobre o apelido Deusdado, que usou, ver os seus Escorços Trasmontanos, pág. 227, em nota. Adiante nos referiremos ao pseudónimo de Visconde de Alvaredos, de que também fez uso.
Estudou preparatórios em Bragança e concluiu em 1884 o curso superior de letras, sendo em 1886 nomeado membro do Conselho Superior de Instrução Pública. Por despacho ministerial de 28 de Abril de 1887 substituiu interinamente Pinheiro Chagas, ao tempo ministro da Marinha, na regência da sua cadeira no Curso Superior de Letras. Em 1890 fez concurso para uma cadeira liceal e, ficando aprovado, foi, por decreto de 6 de Fevereiro desse ano, nomeado para o liceu de Braga, de onde pouco depois foi transferido para o de Lisboa; e por decreto de 4 de Maio de 1901 para o de Angra do Heroísmo, onde se conservou até falecer. Para a sua vaga na cadeira do liceu de Lisboa foi outro bragançano ilustre, o padre-doutor Alípio Albano Camelo, condiscípulo do autor destas linhas.
Não vem a propósito examinar a inanidade da acusação feita a Ferreira Deusdado, que alguém poderá supor determinante da sua transferência do liceu de Lisboa para o de Angra do Heroísmo; basta, porém, saber-se que o conselho liceal, reunido para averiguar da veracidade dos factos incriminados, se pronunciou unanimemente pela inocência do acusado.
A sua competência profissional impunha-se; e bem o mostrou a manifestação solene que os alunos do liceu de Angra – à qual se associaram todos os professores daquele estabelecimento de ensino em doce convívio de festa lhe fizeram quando viram desmentida a notícia da sua transferência para o liceu de Ponta Delgada, e a colocação, igualmente solene, do seu retrato na sala nobre do mesmo liceu em 1904.
Foi Deusdado o fundador em Portugal do moderno ensino da filosofia, segundo o critério psicológico-histórico.
Em 1890 representou ele Portugal no Congresso da Associação Francesa para o Adiantamento das Ciências, reunido em Limoges, e no ano seguinte no Congresso Penitenciário de S. Petersburgo, de que teve a presidência de honra, bem como no Antropológico de Bruxelas em 1894, de que também teve a presidência de honra.
Em 1891, seguidamente ao Congresso Penitenciário Internacional de S. Petersburgo, Alexandre III, da Rússia, agraciou-o com a comenda e o grande oficialato da ordem imperial de S. Estanislau, além do foro de gentil-homem da corte imperial.
Em 1894 foi, por um decreto do governo, incumbido do projecto da reforma da Casa de Correcção de Lisboa e de estabelecer o ensino carcereiro no país, no que se houve por tal forma que foi louvado em portaria publicada no Diário do Governo.
Em 1895 foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa, por proposta de Pinheiro Chagas, sendo Tomás Ribeiro relator do parecer.
Em 3 de Março de 1897 a Universidade de Lovaina proclamou-o doutor honoris causa em filosofia e letras, distinção raríssima em Portugal.
Em 1899 a Real Academia de História, de Madrid, por proposta do célebre orador Emílio Castelar, elegeu-o sócio.
E em 1900 foi nomeado comendador da real ordem de Isabel, a Católica, de Espanha.


Deusdado era o tipo do verdadeiro trasmontano – corpulento, robusto, generoso, franco e bom.


Eis como a Estrela de Alva descreve um rasgo da sua acção, que exemplifica algumas destas qualidades:
«Tinha o Dr. Ferreira Deusdado feito convite à 4.ª e 5.ª classes do liceu (curso de 1913-1914) [de Angra do Heroísmo] para uma excursão de estudo ou aula-passeio pela costa fragosa da freguezia de Sam Mateus da Calheta, da Ilha Terceira, quando, chegados a um lugar denominado Aberta, foi visto um homem abraçado a um cachopo, lutando desesperadamente com o mar. O ilustre professor, sem dar tempo a mais, desfez-se do casaco e colete, lançando-se a nado em socorro do infeliz, de nome Francisco Videira, voltando passado pouco tempo, entre o pasmo dos assistentes, trazendo o homem agarrado.
Era o tempo dos marraxos (espécie de tubarão que infesta o mar dos Açores) ».


Em reconhecimento deste heróico acto, por decreto de 14 de Abril de 1916, foi-lhe pelo governo concedida a medalha de prata de Mérito, Filantropia e Generosidade.
José Pinto Soares, diplomado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e professor efectivo do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, publicou em 1914, sob o título Um rasgo de benemerência, um folheto, no qual se acham reunidas as notícias e documentos em louvor do heroísmo do nosso biografado.
O doutor Ferreira Deusdado colaborou largamente na imprensa, e entre outros jornais lembram-nos os seguintes: Norte Trasmontano, Nordeste, Correio dos Açores, São Miguel e Correio Nacional. Fundou em 1885 a Revista de Educação e Ensino, da qual foi director e principal colaborador durante dezasseis anos, publicando quinze volumes de mais de quinhentas páginas cada um.
Encontram-se dados biográficos relativos ao doutor Ferreira Deusdado nas seguintes publicações:Mala da Europa, de 5 de Abril de 1897, onde vem o seu retrato; O Nordeste, de 24 de Janeiro de 1900 e 4 de Dezembro de 1901; Estrela de Alva, de 28 de Outubro de 1916; Portugal – Dicionário histórico, artigo «Ferreira Deusdado»; Comércio de Portugal, de 25 de Maio de 1888; Um filósofo português no século XIX, por J. Bettencourt Ferreira, Lisboa, 1902; Dicionário Bibliográfico, tomo XVI, págs. 210 e 404; no Esboço duma apreciação ou o Dr. Ferreira Deusdado – Educador, Filósofo e Escritor, pelo padre Ernesto Ferreira, Ponta Delgada, 1919, 8.° de 57 págs.; e em O Instituto, 1919, págs. 571 e segs. Também na Revista de Educação e Ensino, por todos os seus volumes, mormente no correspondente a Janeiro de 1898, se encontram, transcritas de vários jornais e revistas nacionais e estrangeiras, apreciações lisonjeiras de seus trabalhos.


O doutor Manuel António Ferreira Deusdado deixou publicadas as seguintes obras:
Ensaios de filosofia actual. Lisboa, 1888, Tip. de Eduardo Rosa. 8.° peq. de 286 págs. e duas de índice.
Estudos sobre criminalidade e educação («Filosofia e antropologia»). Lisboa, 1889, Imp. de Lucas Evangelista Torres. 8.° grande de 212 págs. e duas de índice e erratas.
O ensino carcereiro e o Congresso Penitenciário Internacional de São Petersburgo. Lisboa, 1891, Imp. Nacional. 8.° gr. de XV-325 págs., com gravuras.
Elementos de geografia geral. Lisboa, Imp. Nacional, 1891. 8.° de XII-558 págs., com gravuras intercaladas no texto.
Essais de Psychologie criminelle – Rapport présenté au Congrès Pénitenciaire International de Saint-Petersburg. Lisbonne, Imprimerie Nationale, 1890. 8.° gr. de 41 págs.
Ideias sobre educação correccional. Lisboa, 1890, Guillard, Aillaud & C.ª 8.° gr. de 31 págs.
Plano de uma Escola Colonial Portuguesa. Lisboa, 1890, Minerva, Avenida da Liberdade, 79. 8.° gr. de 12 págs.
O Recolhimento da Mofreita e o espírito das ordens religiosas. Lisboa, Imp. de Lucas Evangelista Torres, 1892. 8.° de 24 págs. Saiu primeiro na Revista de Educação e Ensino correspondente a Dezembro de 1891.
Psicologia aplicada à educação – «Lição de abertura exposta no Curso Superior de Letras de Lisboa em 1891-92». Lisboa, Imp. de Lucas Evangelista Torres, 1892. 8.° gr. de 24 págs.
Corografia de Portugal, ilustrada. Guillard, Aillaud & C.ª Lisboa, 1893. Fólio de V-55 págs., com 50 gravuras e 20 mapas a cores. É um livro bem feito, como até ao tempo não aparecera outro em Portugal sobre esta especialidade. Contém cartas geográficas e gravuras de tipos, costumes, monumentos das diversas faunas e floras de Portugal e suas colónias, de que dá abundantes notícias linguísticas, etnográficas, sociais, morais, comerciais, industriais e religiosas. A forma como este livro moderníssimo se nos apresenta mostra bem a funda concepção dos processos cientificamente educativos de seu autor, a quem esta obra bastaria para assinalar um grande renome.
A antropologia criminal e o Congresso de Bruxelas. Lisboa, Imp. Nacional, 1894. 8.° gr. de XXVII-302 págs., com um «Juízo crítico da imprensa estrangeira e nacional acerca dos escritos penitenciários e criminais do autor». Por aqui se vê quanto as obras do nosso distinto conterrâneo são apreciadas pelo mundo sábio.
Rapport sur les moyens preventifs et questions relatives à l’enfance et aux mineurs – Cinquième Congrès Pénintentiaire International.Melun – Imprimerie Administrative, 1895. 8.° gr. de 6+3+8 págs.
A reforma do ensino geográfico. Lisboa, Imp. Lucas, 1896. 8.° gr. de 87 págs. e mais duas (inumeradas) de índice e erratas.
A literatura grega e latina – «Lição exposta no Curso Superior de Letras no ano lectivo de 1886-87». 2.ª edição. Lisboa, Imp. Lucas, 1889. 8.° gr. de 44 págs.
Princípios gerais de filosofia por J. M. da Cunha Seixas – Obra póstuma precedida de um esboço histórico de filosofia em Portugal no século XIX e de uma notícia biográfica do autor. Lisboa, Imp. Lucas, 1898. 8.° gr. de XLVII-186 págs.
A sugestão hipnótica na educação. Foi escrita de colaboração com J. Bettencourt Ferreira. Lisboa, Imp. Lucas, 1898. 8.° gr. de 109 págs.
La philosophie thomiste en Portugal. Extrait de la «Revue Néo-Scolastique ». Lovaina, 1898. 8.° gr. de 49 págs. Este trabalho, que foi muito elogiado pelas revistas filosóficas de França, Itália, Alemanha, Bélgica, etc., mereceu a seu autor o grau de doutor honoris causa pela Universidade de Lovaina.
Elogio histórico do Dr. José Augusto Nogueira Sampaio, reitor e professor do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, proferido na sessão solene de 16 de Junho de 1902.Angra do Heroísmo, Imp.Municipal, 1902. 8.° gr. de 29 págs.
Pensamentos. Angra do Heroísmo, 1903. 16.° de 32 págs. É uma colecção de pensamentos e conceitos sentenciosos extraídos das obras do doutor Deusdado.
Carta aberta ao Senhor D. Miguel de Bragança, pelo visconde de Alvaredos. Angra do Heroísmo, 1904, Tip. Sousa & Andrade. 8.° de 23 págs. Ignoramos a razão do pseudónimo «Visconde de Alvaredos».
Portugal e Miguel Ângelo Buonarroti – Interpretação de um grupo do Juízo Final na capela Sistina. Lisboa, Tip. Lallemant, 1906. 8.° de 112 págs. com uma fotogravura. Parece-nos que esta obra é de Deusdado, embora venha firmada com o nome de A. de Sousa Silva Costa Lobo. O sobrinho do doutor Deusdado supõe que não é dele.
Quadros açóricos – Lendas cronográficas. Angra do Heroísmo, 1907, Imp. Municipal. 8.° de XIX-300 págs. Os alunos do liceu de Angra reuniram depois em volume as apreciações que a imprensa periódica do país fez a esta obra. Esse volume tem por título: «Os quadros açóricos e a crítica – Homenagem dos alunos do Liceu de Angra do Heroísmo ao seu ilustre Professor Sr. Dr. Manuel Ferreira Deusdado». Angra do Heroísmo, 1908, Minerva Cunha. 8.° de 58 págs. Edição numerada, em papel especial, com o retrato do homenageado.
O Diário dos Açores de 19 de Abril de 1909 e o Correio dos Açores de 28 do mesmo mês e ano anunciaram a tradução para espanhol dos Quadros açóricos sob o título Leyendas de las Islas de los Azores.
Discurso da abertura solene recitado pelo reitor interino... na sessão pública de 15 de Outubro de 1907 [do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo] e relatório referente ao ano escolar de 1906-1907. Publicação oficial. Angra do Heroísmo, 1907, Imp.Municipal. 8.° de 58 págs.
Bosquejo histórico de puericultura – «Educadores portugueses». Angra, 1909,Minerva Cunha. 8.° de XXIV-539 págs. e 5 (inumeradas) de índice.
Liceu Nacional de Angra do Heroísmo – Discurso inaugural proferido na sessão pública de 17 de Outubro de 1910 pelo Reitor Dr. Ferreira Deusdado. Angra do Heroísmo, 1910, Tip. Sousa e Andrade. 8.° gr. de 87 págs.
Perfil do Conselheiro Teixeira de Sousa, por C. de M. Separata do periódico O Regenerador. Angra, 1910, Tip. Sousa e Andrade. 8.° de 23 págs. com o retrato do perfilado. As iniciais C. de M. dizem «Cavaleiro de Miranda», pseudónimo usado pelo doutor Manuel Ferreira Deusdado.
Escorços trasmontanos. Angra do Heroísmo, 1912, Tip. Sousa e Andrade. 8.° de 354 págs.
O Senhor D. Manuel V, Bispo de Angra. Separata do Almanaque Açores para o ano de 1916. 8.° de 8 págs. com o retrato do bispo.
Notas dum viajante no império russo. 2.ª edição, 1916. Separata do diário A Verdade. 8.° de 71 págs. A 1.ª edição é de 1890. A crise do Ideal na Arte. Lisboa, 1917, Livraria Editora Andrade, Angra do Heroísmo. 8.° de 190 págs. e duas de índice.


Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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