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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Município de Bragança quer colocar o concelho na rota do turismo sefardita

A câmara está empenhada em fazer de Bragança um novo pólo de preservação da memória e herança da cultura sefardita relacionada com o Nordeste Transmontano.
O atual executivo quer ainda aproveitar esta aposta para captar turistas, estudiosos e interessados por estas matérias, 230 dos quais participaram no congresso internacional realizado no âmbito de Terra (s) de Sefarad-Encontros de Culturas Judaico-Sefarditas, que
decorreu, no Teatro Municipal, entre 15 a 18 de junho. O município investiu 1,7 milhões de euros na dotação da cidade de equipamentos culturais, como o Centro de Interpretação da Cultura Sefardita e o Memorial e Centro de Documentação, o último inaugurado na passada sexta-feira, mas também na realização dos Encontros.
O edifício do Memorial implicou um investimento de cerca de 386 mil euros, cofinanciado pelo Programa EEA-Grans da Embaixada na Noruega e que, segundo o presidente da câmara, Hernâni Dias, “dá um contributo maior da memória da presença sefardita em Bragança, que retrata a comunidade local, através de uma componente imaterial destinada, sobretudo à investigação”. O equipamento está dotado de uma pequena sinagoga, preparada para receber actos religiosos.
O autarca adiantou que o concelho pode reganhar um “papel importantíssimo” na rota da cultura judaica a nível internacional e “assumir-se como um grande centro da memória sefardita, pois, provavelmente não há nenhum município que tenha o investimento como tem Bragança relacionado com a temática”, sublinhou.
Além da atração de turistas à região, na semana passada a cidade foi visitada por 50 israelitas, a câmara tem na mira a captação de investimento de judeus espalhados por todo o mundo, e que têm raízes no concelho.
Paulo Mendes Pinto, coordenador da comissão executiva do congresso, considera que “é um evento de coragem” a organização da iniciativa. Pois “apesar de ser óbvio quando se olha para a historiografia a importância desse passado, a importância real não corresponde
ao lugar que lhe damos”, afirmou. Nas aulas de história fala-se pouco deste assunto.
“Durante séculos foi obliterado da nossa memória. Por isso mesmo nos tempos que correm e num estado laico, ir ao encontro desta temática é um acto de coragem”, acrescentou o investigador.
Em Portugal existe apenas uma universidade que se dedica aos estudos sefarditas, a Faculdade de Letras. “Os eventos resumem-se a algumas conferências, alguns debates importantes, mas um congresso como este, integrado numa jornadas culturais, que ocupa quase uma semana, é a primeira vez que se faz em Portugal, sobretudo com esta dimensão”, destacou Paulo Mendes Pinto.

“Trás-os-Montes não era periferia era centro”

A Rede de Judiarias de Portugal, criada há cerca de seis anos, congrega 40 municípios,
dos quais 12 inauguraram espaços dedicados à memória sefardita. “Por causa do turismo, que está a crescer, pelo lado cívico, a noção de que há a memória, e por perceberem que há 300 anos toda a zona de Trás-os-Montes não era nem em termos de desertificação, nem em termos de economia, o que nós temos como estereótipos. Existiam aqui inúmeros empreendedores, havia inovação e existiam centros culturais”, destacou.
O objetivo do congresso prendeu-se com a necessidade de perceber melhor o contexto desta temática e dar conta que os investigadores serão “grandes difusores e promotores desta mensagem e do turismo em Bragança” pois são de países muito diferentes.
Estima-se que existam mais de 14 milhões de judeus em todo o mundo, a maioria vivem em Israel e nos Estados Unidos da América. “Vieram muito bons investigadores, de várias partes do mundo, que trazem muitos esclarecimentos aos que se interessam por esta temática. A nossa ideia é fazer um evento de referência onde a investigação e a tradição estivessem aliados”, referiu o autarca, que se confessou agradado “por ver na plateia pessoas que não são investigadores mas quiseram vir assistir e beber o conhecimento dos especialistas”, acrescentou.

Comunidade Sefardita de Jerusalém homenageou Bragança

A cidade de Bragança recebeu uma medalha de reconhecimento atribuída pelo Conselho da Comunidade Sefardita de Jerusalém, a mais antiga desta cidade, pelo trabalho realizado a favor da preservação e da história da cultura deste povo.
O autarca disse que a distinção “é uma honra”, sendo ainda mais importante “por reconhecer o que se faz na preservação da história da cultura sefardita”.
Tudo isto, dá alento ao município para continuar a trabalhar a temática, a nível de recursos humanos e financeiros.
A medalha, que simboliza quatro sinagogas sefarditas que estão abertas na cidade velha de Jerusalém, construídas entre o século XVI e XVIII, foi entregue por Abraham Haim, um dos oradores no congresso, por causa do passado histórico da cidade de Bragança e por esta ter decidido “recuperar vários caminhos e formas o legado judicio, antes da expulsão dos judeus e posteriormente, com os cristãos-novos”.

Uma cultura com passado

A recuperação da memória da cultura judaico-sefardita não aparece em Bragança por acaso.
O concelho após o século XV foi um importante centro económico e cultural da comunidade judaica, uma vez que aquando da expulsão dos Judeus de Castela e Aragão em 1492, Bragança desempenhou um papel importante no seu acolhimento, por se localizar aqui uma das cinco fronteiras definidas por D. João II para a recepção dos refugiados.
As comunidades judaicas aqui radicadas dinamizaram o crescimento económico, sendo notório todo o trabalho na indústria da seda, trabalho de curtumes e diversos atividades artesanais.
A cidade foi durante séculos um dos esteios nacionais da realidade de cripto-judaismo.

No século XX, foi recriada a comunidade, tendo por base cripto-judeus.

Glória Lopes
in:mdb.pt

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