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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 27 de junho de 2017

O MANSO E O GUERREIRO II – O FOGUETEIRO IMPACIENTE

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

– Boa tarde, ti Júlio


– Olha o ti’ Tomé Guerreiro. Pois se é tarde viesse mais cedo. Que um bom guerreiro apronta-se de manhãzinha.

– O meu amigo está com alma de filósofo. Quem pensaria tomar conselhos de guerra de  um Manso?

– Manso, só de nome. Só de nome...

– E eu não sei? Fale-me das novidades da terra que, pelo que vejo, já leu de cabo a rabo o Jornal Nordeste.

– Ó ti’Tomé, nestes tempos eleitorais a gente já não sabe o que são notícias, o que são promessas, o que são projetos, o que são factos. Misturam tudo.

– E fazem mal. O povo precisa de esclarecimentos, não é de ilusões.

– O tempo é de promessas, homem! Por mais que discutam, por mais que condenem, por mais que prometam não fazer promessas vãs, essa é a mais vã de todas as promessas.

– Não há dúvida. Hoje deu-lhe para a filosofia... pois se querem o voto não hão-de prometer nada em troca? Como queria o meu amigo que enchessem a camapanha eleitoral?

– Oficialmente a campanha só começa em Setembro...

– Oficialmente, diz bem. Mas eles estão aí, andam por todo o lado, não podem estar calados se não ninguém sabe ao que vêm, nem tão pouco se lhes pode pedir contas depois.

– Pois melhor fora que dessem conta das promessas que já fizeram!

– Pois sim, pois sim. Mas a isso já nos vamos habituando...

– mas também já começamos a habituar-nos a outro tipo de atitudes. Veja bem o que se vai passando por esse mundo fora.

– Não me fale da América que não é bom exemplo.

– Não lhe falo da América, mas falo-lhe de França.

– Ora, ora. Mas isso é a outro nível. Ainda vai demorar a chegar ao plano das eleições deste ano. E eu até entendo que neste período comecem a despejar possíveis compromissos se calhar até com intenção séria de os levar até ao fim. E os votantes sabem bem que nem sempre as coisas correm como são projetadas e não é por falta de vontade e até mesmo de empenho.

– Então qual é o problema?  

– O problema é quando avançam cedo demais com o anúncio de empreendimentos vultuosos e que são bem necessários para a nossa terra.

– Agora é que eu não entendi nada!

– Muitas vezes começam a falar e a dar como certas, obras, realizações e investimentos na altura indevida. Criam expetativas que depois não se realizam quando deviam.

– Mas se vocemessecê  já disse que era natural...

– Natural não é, nunca. Mas quando são grandiosas e não há garantias sequer de começo e quando dependem de investimentos externos à nossa terra, se andamos a falar e a afiançar que vai, quando nem começou, o que estamos é a afastar quem podia ajudar e que assim pensa que já está e nem sequer se interessa. E não é só isso.

–  Ai não? Então que mais é?

– Acontece como no caso do Lobo. Quando for mesmo para valer, já ninguém acredita de tanto ter sido noticiado antes, em vão.

– Já houve foguetório demais.

– É isso mesmo. Demais e em tempo impróprio. Que mal compare é como se um fogueteiro, na ânsia de mostar a sua habilidade e a qualidade do fogo-de-artifício que tem, começasse a fazer demonstrações antes da festa. Quando chegasse o arraial já pouco havia e desse pouco, nada era novidade pois já tudo tinha sido visto!

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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